RP - TESTAMENTO - PARTE 7

TESTAMENTO

PARTE VII

Miguel tampa o bocal do telefone com a palma da mão e diz:

- Se eu não falar que é urgente, ele não me atende. Ele já me conhece... Alô, Cláudio?

- É urgente mesmo? Se não for eu...

- É claro que é, já te enganei alguma vez?

- Várias. O que aconteceu, Miguel? Eu estou numa reunião com a Bárbara...

- Teu irmão acabou de ligar.

- Sério? Quem atendeu? Você?

- A Leda. Ele não deixou recado nem beijos, mas disse que telefonaria pra sua casa. Como a Leda é um nadinha esquecida, esqueceu de dizer que você estaria aí e não em casa.

- Tem certeza que era ele mesmo?

- Foi ela que disse. Por quê?

- Por nada, mas... o Wagner não ligaria pra minha casa. Ele sabe que quem atenderia ao telefone seria a Tânia, se não fosse eu, e você sabe que ele não gosta de falar com ela. E mesmo que a Leda dissesse que eu estou aqui, ele não ligaria. Ele nunca lembra do telefone do orfanato. Mas obrigado pelo recado. Eu vou ligar pra ele.

- Ótimo! Ideia supimpa!

- Onde você está?

- Vadiando na recepção do hospital.

- Que é que você está fazendo na recepção do hospital? Não trabalha mais? Ou está paquerando a enfermeira Leda...

- Você é tão sem graça. Não sabe fazer piadas, não tenta. Terminei um plantão de seis horas agorinha, meu amigo. Estava dando um tempo com a minha musa favorita. Vou pra casa daqui a pouco e dormir e sonhar com ela.

- Que musa? Não é mesmo a Leda? - Cláudio pergunta, sorrindo.

- Quer parar? Minha musa é a enfermeira mais bonita da SCCB: senhorita Mônica Martinelli Telles.

- A Mônica está aí?

Miguel suspira e responde:

- Pequenininha como ela é, está quase dentro do bolso do meu jaleco. Quer mandar um recado estetoscópico pro nenê? Aproveita que estou com o meu pendurado no pescoço.

Mônica sorri, colocando algumas fichas em ordem num arquivo sobre o balcão.

- Vá pro inferno, Miguel. Só diz pra ela que eu quero a ficha do Alberto na minha mesa amanhã. Quero saber com ele está. Ela ficou de fazer isso pra mim.

- Só isso? Que humilde recado... Não quer falar com ela pessoalmente? Ela está aqui do...

Mônica balança a cabeça indicando que não quer falar com ele.

- Não... Cláudio responde prontamente como se os dois estivessem sintonizados. – Mas... já que você quer fazer o papel de moleque de recados... diz pra ela que eu a amo... muito.

- Direi.

- Tchau, até amanhã.

- Até.

Miguel desliga o telefone e se apoia no balcão, olhando para Mônica.

- Tem um recado pra você.

Ela para de fazer o que estava fazendo e olha para ele, sorrindo.

- O quê?

- Ele pediu pra deixar a ficha do Alberto na mesa dele, hoje, que ele quer ver amanhã e... pediu pra dizer que... eu te amo.

Sem que ela possa prever ou se defender, Miguel a segura pela cintura e a beija. Neste momento, Jairo sai do elevador e vê a cena. Fica pálido pela surpresa. Mônica empurra Miguel e olha para o pai. Miguel estava de costas para ele e segue a direção do olhar dela, vendo o médico também. Passa a mão nos lábios e encosta-se ao balcão, sem saber o que fazer. Mônica coloca a mão na barriga e sente vontade de chorar.

Jairo se aproxima deles, lentamente.

- Eu posso explicar, doutor Jairo, Miguel começa a falar.

- Cale a boca... Jairo diz, em voz baixa, mas com energia. - Foi bom que isso acontecesse.

Ele olha para a filha e ordena, ficando vermelho de raiva.

- Quero os dois na sala do consultório dele... agora!

O médico olha em volta e se assegura de que quem passava em volta não percebeu nada e se afasta. Os olhos de Mônica se enchem de água.

- O que foi que você fez...?

- Desculpa...

- Eu odeio você! - ela diz, empurrando Miguel, afastando-se e indo atrás do pai.

Miguel respira fundo e segue os dois até seu consultório.

Quando entra na sala, Jairo está de costas para a porta, olhando pela janela.

- Feche a porta! - ele manda.

Miguel faz isso e, em seguida, Jairo se vira para ele e lhe desfere um soco no rosto. Miguel cairia no chão se a parede não estivesse atrás dele e não tivesse um arquivo do seu lado onde ele se apoia. Fica surpreso e chocado, além da dor que sente. Coloca a mão no queixo e não consegue dizer nada, tanto pela dor como pelo choque, mas teria feito a mesma coisa, se estivesse no lugar do médico.

- Eu não vou dizer muito, doutor Miguel. A minha decepção é maior do que a vontade que eu tenho de matá-lo agora...

- Pai, você está enganado... Mônica diz, aflita.

- Com você eu converso depois, ele fala apontando o dedo para ela. – E você rapaz, vá se despedindo da sua vidinha de solteiro, porque você vai se casar com a minha filha, o mais breve possível.

- Não, papai! Não é ele o pai do bebê... Miguel, diz pra ele!

Miguel olha para ela e baixa os olhos.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 7

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

DIA INTERNACIONAL DA MULHER!

SOMOS TODAS MARAVILHOSAS!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/03/2018
Reeditado em 08/03/2018
Código do texto: T6273735
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