RP - UM SONHO POSSÍVEL - PARTE 22
UM SONHO POSSÍVEL
PARTE XXII
- Meu bisavô me disse... que você não é filho da minha mãe. Isso é verdade?
Cláudio fica em silêncio por um instante.
- Não dá pra falar sobre isso por telefone...
- Como não? Se você não negou, é porque é verdade.
- Wagner, isso é um assunto muito delicado.
- É por isso que você sempre falou de um modo meio distante sobre ela comigo? Eu cheguei a pensar que... você não gostava dela.
- Eu não vou falar com você sobre isso, não por telefone. Não insiste, cara.
- Tudo bem, eu concordo, desculpa. Olha, mas... de qualquer forma, isso só aumenta o que eu sinto por você. Eu te amo demais.
- Também te amo.
- Olha, quando eu tiver uma ideia de quando ele pretende me mandar de volta, eu volto a ligar pra você e te digo, ok?
- Faça isso.
- Tchau, meu irmão.
- Fica com Deus.
Wagner desliga o telefone e vai para a escada.
- O que você vai fazer? - Linda pergunta.
- Vou ter uma conversa de homem pra homem com meu mui querido bisavô.
- Ele não gosta que entrem no quarto dele sem ele chamar, Wagner. E... se eu fosse você, não iria aborrecê-lo.
- Por quê? Ele é velho, mas não é de vidro.
- Ele está doente.
Wagner se volta.
- Não está tão doente que não possa conversar de boa comigo. Vai ficar tudo bem.
Linda o segura pelo braço.
- Vai com calma com ele...
- Eu sei disso. Só acho que ele está demorando pra descer, não está? - ele pergunta.
- Um pouco, talvez já tenha passado pela sala. Vamos ver. Deve estar esperando você para o café.
Os dois saem da biblioteca, mas Mr. Russel não está embaixo ainda.
- Eu vou ver se ele precisa de alguma coisa.
- Você acha boa ideia?
- Fica tranquila. Ele não pode se aborrecer por eu estar querendo ajudar.
Ele sobe sozinho e ao chegar diante da porta do quarto do bisavô, bate e chama baixinho.
- Vovô...
Nenhuma resposta. Ele mexe na maçaneta e percebe que a porta não está trancada. Abre com cuidado e entra, procurando não fazer barulho. Vê que Stanley está deitado ainda, o que é incomum, porque ele acabou de interceptar sua ligação do Brasil e não costuma se deitar novamente, depois de levantado. Wagner se aproxima e chama baixinho.
- Vovô...
O velho não se move. Ao lado de sua cabeceira, no criado mudo, Wagner vê um gravador e nota que ele está ligado, mas sem produzir som algum. Wagner o desliga, volta a fita e a toca novamente. Começa a ouvir a conversa que teve com Linda no quarto dela, no dia anterior.
“... ele iria até conhecer o Cláudio. A Tânia, mulher dele, vai ter um bebê, e esse bebê vai ser tetraneto dele, imagina só! Isso poderia até deixá-lo menos de pé atrás com meu pai...”.
Wagner para a fita e olha para o avô. Coloca sua mão sobre a dele e a sente fria. Um frio que lhe percorre a espinha. Tenta sentir o pulso de Mr. Russel, mas não o encontra. Seu coração começa a bater acelerado. Senta-se na cama, ao lado do bisavô, e começa a chorar.
Não precisa de muito pra perceber que o velho está morto.
Linda, vendo que ele está demorando, sobe e, ao colocar a cabeça para dentro do quarto e ver Wagner debruçado sobre o corpo do avô, chorando, já pensa o pior. Aproxima-se e coloca a mão sobre a boca, quando percebe tudo. Abaixa-se ao lado de Mr. Russel e coloca uma mão sobre a sua e a outra em seu pescoço para sentir seu pulso. Mr. Russel está realmente morto.
Wagner se levanta e sai do quarto. Desce e vai ainda chorando até o apartamento de Gart. O segurança estava já saindo para iniciar seu dia de trabalho e estranha ao vê-lo chorando e branco como cera.
- Que foi?
- Meu avô... está morto.
As lágrimas continuam rolando por seu rosto. Gart o abraça profundamente sentido e chocado.
RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL
PARTE 22
OBRIGADA E BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!