RP - UM SONHO POSSÍVEL - PARTE 17

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE XVII

Alberto fecha o rosto e muda totalmente de humor.

- Espera eu dizer o resto. Não vai chorar. Promete?

- Prometo.

- Isso. Ele veio, não está bêbado, conversou comigo e você vai vir pra creche do outro hospital onde eu e a tia Mônica trabalhamos e vai fazer isso todos os dias.

Um sorriso aparece novamente no rosto dele.

- Todos os dias?

- Isso mesmo. Você só vai pra casa, quando seu pai vier buscar e vai dormir em casa. Mas volta com ele no dia seguinte. Aliás, você não está indo pra escola ainda?

- Não...

- Isso é outra coisa que a gente tem que resolver. Você já tem sete anos e eu vou falar pro seu pai conversar com a secretaria do Rubião Junior pra te matricular lá pro ano que vem. Não é bom?

- É sim.

- Mas hoje você vai com ele. Ele faltou no serviço por sua causa. Do que ele trabalha?

- Ele corta cana no canavial na São Jerônimo.

- A fazenda São Jerônimo?

- É.

- Certo. Mas amanhã você vai pra creche cedinho. Está satisfeito?

- Estou.

- Então a gente vai descer junto agora, pode ser?

O menino concorda.

Alberto desce ao térreo pelas mãos de Cláudio e Mônica. Quase não solta das mãos deles, quando o pai quer segurar a sua, mas a um olhar de Cláudio, ele não faz cena e segura mão do pai. Ele o segue para fora do hospital sempre olhando para trás.

- Vocês foram muito generosos, diz Arnaldo.

- É só um caso, Arnaldo. Um, em milhões, diz Cláudio.

- Mas vale a pena mesmo assim. Espero que o homem crie juízo, de hoje em diante, percebendo que existe gente boa que pode ajudar. Que nem tudo está perdido.

- Nós também.

- Bom, eu vou voltar pra minha delegacia. Até logo. Dê lembranças a seu pai, Cláudio. Ah, aliás, espero que seu irmão esteja bem na Europa. Tem sabido dele?

- Tenho e ele está bem sim, obrigado. Obrigado, por tudo.

Arnaldo sai. Cláudio fecha os olhos e respira fundo aliviado. Olha para Mônica que está parada a seu lado com os dedos das mãos cruzados encostados no rosto e sorrindo levemente. Ao se perceber observada, ela se volta para ele e abre um sorriso.

- A gente conseguiu de novo? - ele pergunta.

- Acho que sim, ela responde, sorrindo ainda mais. – Por enquanto. Estou tão feliz!

- Por falar em conseguir... cadê minha irmã?

Mônica se lembra que havia esquecido de dar o recado de Lopes.

- Desculpa, eu esqueci de te avisar: o Lopes veio buscá-la. A Magda pediu. Não era nem pra ela ter ficado.

- Eu imaginava isso. Ao contrário do Alberto, a Diana tem uma mãe cuidadosa até demais. Ela não consegue enrolar a Magda, como consegue me enrolar. Quer ir pro Desterro comigo? A Bárbara disse que ia entregar para adoção uma bebê que foi deixada lá anteontem. Eu quero saber se ela conseguiu.

Mônica volta a ficar séria olha para ele, desconfiada.

- Que foi? - ele pergunta.

- Nós dois? Sozinhos?

- Por que não? Se a gente parar de andar junto, aí vão mesmo desconfiar que seu bebê é meu. Você não quer evitar isso?

- Não sei se confio mais em você.

Cláudio ri e encosta-se ao corrimão da escada que dá para a rua.

- Essa é a coisa mais maravilhosa que eu já ouvi ultimamente. Alguém finalmente não confia em mim. Você! Eu juro que não vou atentar contra a sua honra. Me dá um voto de confiança... por favor...

Mônica ri também, se desarmando, e concorda. Os dois descem as escadas juntos e entram no carro dele, parado ali perto, no estacionamento.

Leda observa os dois de longe com olhar malicioso. Miguel se aproxima do balcão e estala os dedos diante dos olhos dela. Ela se assusta e acorda de seus pensamentos.

- Ai, que susto, doutor Miguel! Eu estava distraída.

- Você estava olhando pros dois como se nunca tivesse visto um médico e uma enfermeira juntos. Não sei se te contaram, mas é o que mais tem aqui dentro.

- Eu só acho que eles se dão muito bem. Admiro isso, nada mais.

- Conta outra, ele fala se encostando ao balcão e pegando uma caneta sobre ele.

Leda aproveita a proximidade dele e pergunta:

- O senhor sabe quem é o pai do bebê dela, não sabe, doutor?

Miguel olha para ela, com ar gozador e responde:

- Sou eu.

Entrega a caneta para ela, beija a ponta do dedo e toca o nariz dela, saindo de perto rapidamente. Leda fica boquiaberta, mas depois percebe que é brincadeira dele.

- Bobo!

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 17

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 04/03/2018
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