RP - UM SONHO POSSÍVEL - PARTE 16

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE XVI

Francisco arregala os olhos, pasmado.

- Isso é mentira! Ele está querendo jogar o senhor contra mim, doutor delegado. Eu nunca fiz isso. Eu adoro meu filho. Se eu bati nele ontem foi porque... porque ele mereceu. Afinal de contas, um pai tem que dar educação ao seu filho. Se ele faz alguma coisa errada, é justo que eu tenha que brigar com ele e ensinar o bom caminho.

Cláudio ia falar alguma coisa, mas Arnaldo o interrompe.

- Calma, Cláudio. Vamos resolver isso com a máxima calma. Seo Francisco, o senhor é responsável pelo seu filho e nós não podemos tirá-lo do senhor sem provas maiores de maus tratos, já que é a primeira vez que esse caso chega a nossos ouvidos.

- E olhos. Eu vi o que ele fez com o menino. Estava registrado no corpo dele, diz Cláudio.

- Certo. Seo Francisco, o senhor vai levar seu filho para casa e vai assinar um termo comigo de que o senhor se compromete a não tomar nenhuma atitude violenta como a de ontem que seja prejudicial ao garoto.

- Claro que não, doutor. Eu prometo ao senhor. Assino qualquer papel.

- E vai tratar de arranjar um lugar seguro pra ele ficar durante o dia, fala Cláudio.

O homem fica atarantado.

- Por quê, Cláudio? - Arnaldo pergunta.

- Ele sai para trabalhar e deixa o menino trancado do lado de fora da casa. O Alberto fica o dia inteiro na rua. Acho que nem toma banho e nem se alimenta direito como uma criança deve se alimentar.

- Isso é verdade, seo Francisco?

- Doutor, eu não tenho ninguém que possa ficar com ele. Eu preciso trabalhar, o senhor sabe... Os vizinhos não aceitam ficar com ele, porque a maioria já tem muito filho e, menino, por mais bonzinho que seja, sempre dá trabalho...

- O senhor não tem condições de pagar uma creche?

- Ah, isso é luxo pra gente que é pobre. Não tenho, não, senhor.

- Nós temos uma solução pra isso, diz Mônica.

- Nós quem? - Arnaldo pergunta.

- Eu e o doutor Cláudio. Ele pode ficar na creche do Hospital Santa Mônica durante o dia. Quando o senhor voltar do trabalho, passa lá e o apanha.

- Há condições de se fazer isso, Mônica?

- Eu conversei com o doutor Jairo hoje e ele confirmou essa possibilidade, diz Cláudio. - O menino fica sob minha responsabilidade durante o dia, que isso fique bem claro. O que acontecer com o menino à noite, será responsabilidade dele.

- O senhor aceita, seo Francisco?

O homem olha para Cláudio com raiva contida e responde:

- Aceito, sim, senhor, mas se meu filho não for bem tratado e reclamar, eu vou processar esse hospital.

- Pode deixar. Ele não pode ter tratamento pior do que o que recebe do senhor. Ah, e tem mais uma coisa: não vamos deixar que o menino saia da creche, se ele estiver alcoolizado. Eu quero que você me autorize documentalmente a fazer isso, Arnaldo.

- Seo Francisco...

- Sim, senhor, ele responde engolindo Cláudio com os olhos. - Mas sábado e domingo, ele fica comigo.

- Claro, como o senhor quiser.

- Bem, já que estamos de acordo...

- Eu quero levar meu filho hoje. Perdi o dia para vir buscá-lo. Quero passar a tarde com ele. Eu não estou bêbado, estou?

- Tem mais uma coisinha, Cláudio fala.

- Ah, meu Deus do céu! - reclama Francisco, impaciente.

Cláudio abre a primeira gaveta de sua mesa e apanha uma folha de papel já preenchida e caneta.

- Isso é um termo de compromisso para com o hospital Santa Mônica, atestando que seu filho vai receber de nós alimento e vestuário, pra não falar de recreação e... carinho. Arnaldo, por favor, leia para ver se está tudo certo e seo Francisco assine.

O delegado lê o papel e confirma que está tudo correto.

- Está tudo certo. O senhor quer ler?

Ele dá uma olhada rápida e pergunta:

- Onde é que eu assino?

Cláudio lhe entrega a caneta e lhe aponta o lugar, sorrindo satisfeito. Francisco assina.

- Eu vou buscar seu filho, diz Cláudio. - Espere por ele lá na recepção. Vem comigo, Mônica?

Ela o acompanha.

- Eu não posso pegá-lo eu mesmo? - Francisco pergunta.

- São normas do hospital, diz Arnaldo. - Tenha um pouquinho mais de paciência.

Quando Cláudio entra no quarto de Alberto, ele conversa tranquilamente com Leda.

- Oi, garotão.

Alberto corre para ele e se joga em seus braços.

- Você não se cansa de brincar? Pensei que você estivesse dormindo.

- Quem está cansada sou eu, diz Leda, sorrindo.

Cláudio coloca o garoto sentado na cama.

- Seu pai veio te buscar novamente.

O menino fecha o rosto e muda totalmente de humor.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 16

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 03/03/2018
Código do texto: T6269717
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.