RP - UM SONHO POSSÍVEL - PARTE 12

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE XII

Quando entra no prédio, Cláudio vê Francisco, o pai de Alberto, esperando por ele. O homem se aproxima.

- Eu vim buscar meu filho, doutor. Onde ele está? A moça me disse que só podia levar ele se o senhor desse autorização.

- O senhor trouxe a autorização do delegado? É ele quem deve fazer isso.

- Autorização do delegado?

- É, eu não posso deixar o menino sair daqui, sem a ordem que o Arnaldo disse que daria pro senhor.

O homem coça a cabeça e, como se lembrando de alguma coisa, sorri e diz:

- Ah, sei, a autorização...

Remexe os bolsos do paletó puído e retira de um deles uma folha de papel dobrada em quatro.

- É esse papel aqui?

Cláudio pega o papel e lê. Sinceramente gostaria que Arnaldo não tivesse autorizado a saída de Alberto dali com o pai, mas aquele papel lhe dava aquela permissão.

- É esse mesmo... mas eu gostaria que ele ficasse mais uns dias com a gente aqui.

- Ué! Mas ele já não está bom?

- Fisicamente sim, mas ainda está um pouco assustado. Demorou um pouco pra conseguirmos que ele falasse alguma coisa.

- Ah, mas isso é porque ele não conhece ninguém. Comigo ele vai falar. O senhor vai ver. Onde ele está?

Cláudio olha para Beth no balcão, respira fundo e diz, a contra gosto:

- Me acompanhe, por favor.

Quando eles entram no quarto, Alberto está almoçando, ajudado por Leda e Mônica. Ao ver o pai, o menino para de mastigar e seus olhos se enchem de água.

- Oi, filho!

Alberto segura a mão de Mônica, apertando-a. Quando o pai se aproxima, ele se abraça a ela e esconde o rosto no corpo dela. Francisco fica atarantado.

- Uai! Que foi que deu nele? Nunca foi assim... Que foi que vocês botaram na cabeça do meu filho?

Aproxima-se mais e fala:

- O pai veio buscar você, Betinho.

Segura o braço do filho e Alberto grita ao contato da mão dele. Começa a chorar desesperado. Cláudio leva Diana para fora do quarto.

- Fique aqui.

- Por quê? Eu quero ajudar o Alberto. Eu não tenho medo daquele homem...

- Fique... aqui! – ele manda.

Cláudio entra novamente no quarto.

- Seo Francisco, o senhor não vai conseguir nada com ele hoje. É melhor deixar pra amanhã ou quando ele estiver mais calmo. Saia do quarto, por favor.

- Mas eu tenho a ordem do doutor delegado. Olha aqui o papel. O senhor viu. Eu quero levar meu filho pra casa, hoje!

- O senhor já viu que ele não quer ir. Não insista.

- Vocês fizeram alguma coisa pra ele ficar assim. Deram alguma droga pra ele...

- Saia do quarto, por favor, ou eu vou chamar o segurança e o senhor vai conversar com o doutor Arnaldo de novo.

O homem olha para Mônica, ainda abraçada a Alberto, e Leda e diz:

- Vocês são testemunhas. Eu ainda volto aqui hoje com um advogado. Boto tudo isso aqui abaixo. Vocês vão ver.

Ele sai do quarto, bufando. Alberto continua soluçando, abraçado a Mônica que tenta acalmá-lo.

- O que vai acontecer agora, doutor? - Leda pergunta assustada.

- Eu não sei, mas com advogado ou sem advogado, acho que ele não pode ficar aqui, ele diz em voz baixa. - Ele é pai do menino. O Alberto vai ter que ir com o pai, querendo ou não.

Alberto vai se acalmando e para de chorar, mas continua abraçado a Mônica. Cláudio segura a mão do menino.

- Alberto, olha pra mim.

O menino obedece, soluçando.

- Você viu que seu pai não está mais bêbado, não viu?

Ele concorda.

- Ele quer que você volte pra casa com ele.

Alberto esconde o rosto novamente.

- Não, não faça assim. Ele não está aqui. Não precisa ter medo. Olha pra mim.

Mônica o afasta com carinho e enxuga seu rosto.

- Seu pai bate em você, quando não está bêbado?

Alberto olha para Mônica e depois para Cláudio novamente e finalmente para as mãos e nega, balançando a cabeça.

- Você não acha melhor responder com palavras? O gato comeu sua língua de novo?

Ele abre a boca e mostra a língua, sorrindo em seguida, timidamente.

- Nossa, estou tão aliviado, brinca Cláudio. – Eu pensei que fosse ter que operar você. É uma operação difícil demais.

Ele balança a cabeça e nega veementemente.

- Então me diz meu nome.

- Tio Cláudio.

- E o delas?

- Tia Mônica e Tia Leda.

- Muito bem. Agora a gente já pode conversar como gente grande. Você já terminou o almoço que a Leda trouxe?

- Já.

- Quer mais?

- Não.

- Leda, por favor, pode levar a bandeja então.

A enfermeira sai e Cláudio se volta para o menino.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 12

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/03/2018
Código do texto: T6268359
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.