RP - UM SONHO POSSÍVEL - PARTE 10

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE X

Cláudio sorri e a envolve a irmã num abraço. Começam a subir as escadas. Ela pergunta:

- Pra onde a gente vai?

- Eu vou até o quarto da Tânia.

- Ah...

Ao chegarem na frente do quarto, ela para.

- Que foi? - ele pergunta.

- Eu não quero entrar.

- Por que não?

- Ela não ligaria, se eu não entrasse e eu não gosto de ver gente doente.

- Você acabou de sair do quarto do Alberto.

- É diferente. Ele é criança.

- Está certo. Fica aqui, senta ali e me espera. Mas é pra esperar, se você sair daqui sem minha ordem, eu nunca mais te deixo ficar nem vir pra cá de novo. Entendeu?

- Você está falando assim comigo, porque está nervoso por causa do seu bebê, não é? - ela pergunta, enquanto vai sentar-se na cadeira que ele indicou.

- Eu não estou nervoso, Diana.

- Mas está triste...

Ele se senta ao lado dela.

- Olha pra mim.

Diana obedece.

- Eu estou triste sim, mas isso não tem nada a ver com o jeito que eu falo com você. Você não tem nada a ver com o que aconteceu. Não tem culpa de nada.

- Você vai ter outro filho com ela, não vai?

Cláudio segura a mão dela e responde:

- Não sei. Isso só Deus sabe. Agora me espera que eu já volto pra te levar lá embaixo. Não quer entrar mesmo?

Ela balança a cabeça negando. Cláudio entra no quarto e encontra Tânia de pé junto à janela.

- Bom dia.

Ela se volta e ajeita os cabelos quando o vê.

- Bom dia.

- Já almoçou?

- Não. Eu queria voltar pra casa. Estou cansada de ficar aqui.

- E eu queria que você ficasse um pouco mais. Aqui eu tenho como cuidar de você.

- Você nem vem me ver. Se minha mãe não está aqui, eu estou sozinha. Papai veio aqui hoje de manhã, mas eu estava dormindo. Nem pude conversar com ele, ela diz, indo sentar-se na cama.

- O Jorge esteve aqui? Ele não falou comigo ainda.

- Ele está muito magoado... com tudo isso. Ele... culpou você no início, ficou zangado, mas a mamãe colocou panos quentes e agora ele está só triste.

- Eu sinto muito por ele, de verdade.

Ela olha para a mão esquerda dele apoiada na cama e percebe a falta da aliança. Toca em seu dedo.

- Você já tirou...

Ele não diz nada.

- O que você vai dizer se alguém perguntar onde ela está?

- Não sei... que tirei pra operar algum paciente e esqueci de colocar de novo...

- Você nunca fez isso.

- Na altura em que estão os fatos, você não pode me obrigar a usar uma coisa que não tem mais significado pra mim... e nem pra você. Eu não sou hipócrita a esse ponto.

- Eu sei... Só quero perguntar pra você... como vai ficar nossa vida daqui em diante?

- Pode ficar sossegada. Nada vai mudar. Só quero que você fique aqui no hospital até ficar mais forte, porque eu não posso cuidar de você em casa...

- Mamãe pode ficar comigo... Quando ela chegar, me deixa ir pra casa dela.

- A Bárbara também trabalha. Ela tem o orfanato e muito mais que fazer do que eu. Aqui você tem tudo que precisar. Quando quiser sair do quarto, pode descer e conversar com as enfermeiras...

Ela vai até a janela e fala:

- Eu queria sair de Casa Branca...

- O quê?

- Queria ir embora daqui.

- Pra onde?

- Qualquer lugar... Campinas, São Paulo, Rio... Queria ir pra longe daqui. Morar em outro lugar... com você.

- Minha vida está aqui. Não posso deixar o hospital e o orfanato agora, Tânia.

- Você sempre falou que queria fazer pós-graduação na América. A gente podia ir pros Estados Unidos. Quanto ao hospital, você não é o único médico do mundo e, no orfanato, mamãe pode bem colocar outra pessoa no seu lugar, gente de confiança é que não falta. Basta você querer.

- Eu tenho que pensar. Não é tão simples assim.

- Se você não quiser sair do Brasil agora... o papai tem uma casa em Santos. A gente podia ficar lá até arranjar uma pra nós. Faz tempo que você não tira férias.

- Não tem cabimento sair daqui pra morar na casa do seu pai. Mesmo que fosse do meu.

- E o que tem isso? Meu pai gosta de você como de um filho. Tenho certeza de que ele não se importaria e não seria por muito tempo.

- Eu não quero sair de Casa Branca agora, Tânia.

- Então eu vou sozinha.

- Sozinha? A troco de quê?

- Você sabe a troco de quê. Eu pensei muito e... também não quero escândalos como você deve pensar. Eu saio de cena e você tem sua liberdade. Pode... refazer sua vida com ela.

- Ela... vai pra Europa estudar... no fim do mês. Ela não quer mais nada comigo.

Tânia expressa um leve sorriso.

- Eu sabia que isso ia acontecer e que, se fosse assim, você estaria garantido, livre... limpo. Mas eu não estou feliz com isso. Eu quero sair dessa cidade... com ou sem você. Só que, antes, a cidade inteira vai ficar sabendo de tudo e, de qualquer modo, você vai ter que sair daqui de todo jeito. O que é melhor? Sair comigo ou sem mim?

Cláudio fica olhando para ela imaginando que não tem mesmo saída. Não tem como ir contra a vontade dela.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 10

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/03/2018
Reeditado em 25/11/2018
Código do texto: T6267820
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