RP-UM SONHO POSSÍVEL-PARTE 9

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE IX

Cláudio ajuda Mônica a descer da maca, pois é muito alta. Ao segurá-la pela cintura, sente a pequena barriga que já começa a se fazer notar e olha para ela rapidamente. Mônica chega a tremer com aquele contato, mas disfarça e, já no chão, volta-se para Diana.

- Diana, esse é o Alberto. Ele chegou ontem aqui no hospital.

- Prazer, ela diz, apertando a mão saudável do menino.

Diana logo se afeiçoa ao garoto e em segundos já conversa com ele como se o conhecesse a anos. Mônica se aproveita dessa situação e diz baixinho a Cláudio:

- Eu posso falar um instantinho com você, aí fora?

Ele estranha, mas aceita.

- Diana, eu estou aí fora. Você me espera aqui, tá?

- Tá.

Os dois saem no corredor e ela diz:

- A Leda me contou mais ou menos a história desse garoto. Vocês vão mandá-lo de volta pra casa com o pai, depois de tudo que ele fez?

- A gente não sabe ainda da decisão do Arnaldo. Ela deve ter te falado que ele foi preso ontem. Estava totalmente sem condições de cuidar nem dele mesmo. Eu não sei ainda o destino dele.

- Será uma injustiça mandar essa criança de volta pra casa com um pai como o dele.

- Eu também penso assim, mas não é a gente que decide. Está nas mãos da justiça, do Arnaldo, no momento.

- Mas a gente não pode fazer nada?

- Se eu soubesse o que fazer, já teria feito ontem, Mônica. Mas não é assim tão simples. Não podemos tirar o filho do pai assim, sem mais nem menos. Não cabe a nós.

- Eu não me conformo. Acho que ninguém de bom senso faz isso.

- Tenho certeza que ninguém que estava lá ontem e viu tudo se conforma, mas é a lei. Se o Arnaldo decidir que ele pode levá-lo e o pai dele vier buscá-lo, vamos ter que deixá-lo ir. Esse garoto tem mais quatro irmãs que estão com a mãe, vivendo não sei como. E o que a gente pode fazer? Ir atrás dela e tirá-la de lá a força? Quando uma criança passa fome sozinha, leva-se a um orfanato, uma instituição ou coisa parecida. Mas quando ela passa fome com o pai e a mãe... Existe o Conselho Tutelar, mas não sabemos ainda se esse pai trabalha e tem condições de criar o Alberto, mesmo que ele seja um bêbado. Infelizmente a única solução para casos assim seria não nascerem mais crianças.

Mônica cruza os braços e fica olhando para a porta pensando em como poder ajudar o pequeno Alberto.

- Eu gostaria de poder fazer alguma coisa...

- Você já fez. Já estávamos pensando que ele não ia falar com a gente nunca. E ele está lá dentro brincando com a minha irmã. Obrigado de novo. A função da gente é essa: minimizar as dores que não podemos resolver totalmente... enfermeira. Você trabalhou bem... como sempre.

Ela olha para ele por um instante, mas seu olhar logo se desvia.

- Eu tenho saudade de conversar assim com você...

- Assim como?

- Sem brigar... em paz...

- A tua paz está dentro de você... e uma parte dela fui eu que coloquei aí. Você só está sendo egoísta demais por não querer dividi-la comigo.

Mônica olha rapidamente para ele e pede:

- Não faz isso...

- Posso te pedir a mesma coisa?

Ela sente que vai começar a chorar e sai de perto dele. Cláudio fica olhando para ela se afastar e fecha os olhos. Em seguida, entra no quarto novamente. Ao vê-lo entrar, Diana corre até ele e pede com as mãos postas.

- Pede pro papai me deixar aqui a tarde toda, Cla! Por favor, por favor, por favorzinho!

- Claro que não, Diana. Eu não posso cuidar de você a tarde toda. Tenho que trabalhar.

- Eu não dou trabalho. Juro. Eu fico com a Leda e o Alberto.

- Nossa! Você já reparou na sua altura, Diana? - ele desconversa. - Você já bate no meu ombro. Até outro dia batia na minha cintura!

- Ah, chato. Não muda de assunto. Pede vai?

Cláudio sai de perto dela e se aproxima de Alberto.

- Isso aqui não é hotel nem creche. O Alberto tem que descansar também. O braço dele ainda não está bom e o pai dele vai vir buscá-lo logo.

- Não quero ir com ele, diz Alberto.

- Infelizmente isso não depende de nós, Alberto, mas eu vou conversar com ele antes de ele te levar. Agora a Diana tem que ir. Leda, eu vou descer com ela. O Alberto só sai daqui depois de eu falar com o Arnaldo e o pai dele.

- Sim, senhor.

- A Mônica já foi? - Alberto pergunta.

- Já, ele responde. – Mas acho que ela volta mais tarde. Descansa. Tchau.

- Tchau. Tchau, Diana.

Ela acena com a mão, fazendo-se de triste e sai do quarto com o irmão. No corredor, ele pergunta:

- Você tem conversado com a mamãe?

- Hum... mais ou menos. Eu disse a ela que gosto muito dela hoje de manhã antes de vir pra escola.

- Já é um começo, mas isso ela já sabe.

- Ah, é a única coisa que eu tenho pra dizer.

Cláudio sorri e a envolve num abraço.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 9

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/03/2018
Reeditado em 25/11/2018
Código do texto: T6267404
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