RP-UM SONHO POSSÍVEL-PARTE 3

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE III

- E seu filho? – Magda pergunta a Cláudio.

- Eu não posso pensar nele, se a mãe dele não pensa em mim. Eu não posso obrigar Mônica a nada. A vida é dela e ele está dentro dela ainda. Se ela quer desse modo, vai ser desse modo.

Magda olha para ele um instante, pensativa.

- Você falou de todo mundo. O que você faria?

- Eu não gosto de sonhar com o que não pode acontecer.

- Tente, ela diz com um sorriso, tocando a mão dele. – Eu juro que não conto pra ninguém.

Ele sorri e toca a mão dela.

- Eu queria... primeiro, que todos me perdoassem por magoar tanta gente, o que já é bem complicado. Depois, que a Mônica assumisse que o que aconteceu entre nós foi de verdade e ficasse comigo... pra sempre.

Duas lágrimas rolam pelo rosto dele.

- Eu não me importaria de... ir embora daqui, desde que eu ficasse com ela e meu filho... mesmo que fosse em outra cidade, outro país... Eu a amo demais...

- Isso não é sonho, filho. Pode vir a se tornar realidade. Nem tudo está perdido. Eu gostaria de vê-lo feliz de verdade. No fundo, eu acho que também colaborei com a sua infelicidade. Ajudei em todo esse desarranjo na sua vida. Eu também pensei que você amasse Tânia. Eu gostaria de ajudá-lo a sair disso.

- Você já ajuda, Magda, diz ele, colocando a mão em seu rosto. – Me ouvindo e ficando do meu lado, mesmo com toda essa... idiotice que eu fiz. Se preocupando comigo. Pra mim, você já é uma parte do meu pai que está sabendo de tudo e me perdoando. É um alívio pro meu coração desabafar isso tudo com alguém que me ama e que pode ficar do meu lado quando eu precisar. Se, no meio dessa tempestade toda, eu conseguir fugir daqui com a Mônica pra algum lugar bem longe, eu quero saber que tem alguém pra me receber se e quando eu quiser voltar e que também tem alguém que pode fazer meu pai sofrer menos por isso.

- Esse “se eu conseguir fugir” não pode ser “quando eu fugir”?

- Não depende de mim, Magda. Depende só dela.

- Eu vou rezar pra Senhora do Rosário colocar juízo na cabeça dessa menina. Criar um filho não é assim fácil como ela imagina.

- Tenho certeza que ela não imagina isso. Ela só não quer me prejudicar.

- Mas o que está feito, está feito. Deus vai iluminar o coração dela. Eu vou rezar por vocês dois... três...

Cláudio beija suas mãos.

- Faça isso, eu já não consigo mais pedir nada a Ele.

- Está melhor?

- Estou. Minha mãe não teria sido mais mãe do que você foi agora.

- Não fale assim. Eu acredito que ela faria o mesmo.

- Não, não faria... ele diz com um pouco de mágoa na voz.

- Por que você diz isso?

- Porque pelo que eu me lembro dela... ela nunca foi um exemplo de mãe... Eu nunca me lembro dela como algo bom. Eu não gosto de falar dela. Cristina Russel Valle foi mais madrasta pra mim do que você.

- Seu pai nunca me fala sobre ela, mas eu pensei que ele a tivesse amado muito e você também.

- Não posso falar por ele e... não quero que você se escandalize com o que eu vou dizer, mas... eu não sinto nada por ela. É como se não tivesse existido.

- Cláudio... como sete anos de convivência com sua mãe podem ter feito você odiá-la desse jeito?

- Eu não odeio... não detesto... mas também não amo. Não gosto. Não sinto nada. Ela só me criou. E eu não quero falar mais nisso. É algo que já está morto há vinte anos. Minha mãe é você, se você me permite dizer. E eu me sinto satisfeito com isso.

Eles se abraçam num abraço carinhoso e demorado. Quando se afastam, olham para porta da capela e vêem Diana ali parada, olhando para eles.

Cláudio estende mão, pedindo que ela se aproxime. A menina corre até ele e o abraça.

- Faz tempo que você chegou, princesa?

- Agorinha. Está tudo bem? A Matilde pediu pra eu não vir atrapalhar vocês...

- Não está atrapalhando nada.

- Você está chorando? - ela pergunta, percebendo seus olhos vermelhos e passando a mão por seu rosto.

- Não... ele diz segurando e beijando a palma de sua mão. – Eu sempre fico... emocionado quando estou aqui na capela. Já almoçou?

- Hum, hum... ela faz negando.

- Quer me dar a honra de almoçar com você?

- Claro! - a menina diz animada.

- Então vamos.

Ela se engancha nos braços deles e os três voltam para a casa grande.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 3

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 27/02/2018
Código do texto: T6265463
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