RP-UM SONHO POSSÍVEL-PARTE 2

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE II

Cláudio respira fundo e sente como vai ser difícil contar aquilo para a madrasta, mas percebe que, naquele momento, ela é a única pessoa que pode ouvi-lo sem julgá-lo, como ela mesma disse.

- A gente... começou a se envolver há dois anos. Meu casamento com a Tânia já não anda bem das pernas há muito tempo. Quando o doutor Jairo mudou pra cidade com a filha, eu... vi alguma coisa muito diferente nela. Mônica era e é... uma garota especial... muito responsável e segura. Ela sempre foi madura demais pra idade dela. E começou a trabalhar com o pai no Santa Mônica... e comigo, lá e na Santa Casa. A gente se via todos os dias. Ela adora crianças também e me ajudava com as mães durante as consultas. Eu convivia mais com ela do que com a própria Tânia. Daí pra eu me apaixonar, foi um pulo. Ela sentia a mesma coisa, mas nunca externou isso e... um dia, depois de uma das muitas brigas que eu tive com a Tânia... ela ficou preocupada comigo e tentou me ajudar. Eu não devia... mas confessei pra ela o que eu sentia e ela fez o mesmo. Naquele dia... a gente não conseguiu mais reprimir o que estava latente dentro da gente e... aconteceu... mas, no mesmo dia... ela se sentiu insegura com o que a gente tinha feito e... colocou os prós e contras na balança e se arrependeu... e me fez... prometer que seria a primeira e única vez.

Ele volta para perto dela e se senta a seu lado.

- Ela ficou com medo da situação toda, ficou com medo de me prejudicar. Muita coisa estaria em jogo se a gente continuasse com aquilo...

- Você já falou com ela?

- Tentei várias vezes, mas ela me fez prometer não tocar mais no assunto...

- Você a ama?

- Mais que a minha vida.

- Você não acha que pode ser só uma ilusão? Porque seu casamento está em crise? Eu sempre achei que você fosse feliz com Tânia. E se for só uma fase?

- Eu nunca fui feliz com a Tânia, Magda. Eu achei que a amava, quando a gente se casou. Eu a amava como colega de escola. Ela era divertida, carinhosa comigo e a gente tinha segredos um pro outro que eu só dividia com ela. Eu gostava de conversar com ela. Estudar, passear pela cidade... Nossos encontros eram sem compromisso, porque nós imaginávamos que só nós dois sabíamos deles. A gente era adolescente. Era tudo tão... espontâneo que nunca pensamos em casamento. Eu a amava como amiga. As coisas foram mudando quando eu descobri que ela não sentia a mesma coisa que eu. Ela me amava como homem... e contou isso pra mãe, quando nós trocamos o primeiro beijo. Bárbara sempre gostou muito de mim, você sabe. Ficou felicíssima e contou ao Jorge. O Jorge contou pro papai e daí pro casamento... Ninguém nunca perguntou nada pra mim e... de repente, eu me vi casado aos dezoito anos, porque meu pai e Jorge queriam isso, mas não porque eu quisesse. Se eu a amava como amiga, não consegui amá-la como mulher. Morreu tudo dentro de mim e continua morrendo hoje. Eu só consegui me sentir feliz com meu casamento, quando ela disse que estava grávida... ainda mais depois de eu ter me envolvido com uma garota que tinha medo de assumir o que sentia por mim. Agora eu sei que... Tânia já desconfiava de alguma coisa quando engravidou. Ela quis me prender, quando percebeu que estava me perdendo e parou de tomar a pílula. Eu só espero que Deus me perdoe por tudo isso, porque eu não consigo me perdoar, Magda. Eu praticamente matei meu filho.

Magda coloca a mão em seu ombro em apoio e eles se abraçam.

- Eu imagino o que você tem sofrido...

Quando eles se afastam, Cláudio continua:

- Não era tão difícil, antes de eu conhecer Mônica. Eu sempre fiz o possível para tornar a minha vida com Tânia pelo menos tolerável. Mas, quando eu percebi o que estava acontecendo comigo... depois que conheci a Mônica e vi que o que eu sentia por ela era mais forte que eu, comecei a me revoltar com isso. Se eu não tivesse me casado, tudo seria diferente. Talvez eu e Tânia fôssemos amigos ainda e eu poderia ser feliz com a Mônica. É ela que eu amo de verdade.

- Eu acredito que, se você contasse tudo isso ao seu pai e a Jorge, eles entenderiam. Se não tem mais jeito, separe-se de Tânia. Desmanche esse casamento de mentira.

- Seria bom se fosse simples assim, Magda. No seu coração de mãe é tudo admissível, fácil... perdoável. Mas meu pai não veria da mesma forma. A separação talvez... mas nem ele nem Jorge aceitariam meu caso com a Mônica. Eu sou casado agora. Amando ou não Tânia, eu sou casado com ela. Nenhum dos dois vai aceitar isso. E eu não quero magoar nenhum dos dois. E ainda tem o doutor Jairo que nem por sonho aceitaria uma coisa dessas. Ele ama demais a filha.

- Ele sabe que ela está grávida?

- Sabe, só não sabe ainda que é meu. Como eu disse, a Mônica não ia contar pra ninguém.

- Meu Senhor Jesus! - Magda diz, colocando as mãos no rosto.

- Ela planejou viajar agora no final do ano pra Europa, pra estudar Enfermagem, ter o bebê por lá e voltar só no final do ano que vem.

- Ter o bebê, sozinha?

- Ela não quer nenhum apoio meu. Tem medo de assumir o nosso amor, comigo.

- E você vai deixar? Ela é uma menina, Cláudio.

- E você acha que eu não sei disso? Pra agravar mais as coisas, Tânia também não está bem. Ela está perturbada. Quando se sentiu mal em casa, estava sozinha, e, quando dona Clara, nossa vizinha quis levá-la pro hospital, ela se recusou a ir. Por Deus, o Júlio, filho dela, é ginecologista também e cuidou da Tânia. Senão ela teria morrido sozinha. A Tânia não aceita se separar de mim. Você mesma a ouviu dizer que eu tinha batido nela. Tânia pode ter muitos defeitos, mas nunca mentiu. Pelo contrário, ela é até franca demais. Ela faz qualquer coisa pra ficar comigo. Quando a gente brigava e eu falava em separação, ela ameaçava se matar ou me matar.

- Por que você nunca dividiu isso comigo? Isso tudo é muito grave, filho!

- Eu só vim sentir medo dessas ameaças agora. Hoje eu percebo que ela é capaz de fazer isso mesmo, se eu me separar dela. E você acha que eu posso arriscar minha vida ou a vida dela, por alguém que não está disposto a se arriscar por mim? A Mônica não me quer mais.

- Eu acho que você já colocou sua vida em risco, quando se envolveu com ela.

- Eu sei disso, você sabe, mas enquanto meu pai e os outros não souberem, vai ter que ficar tudo como estava.

- É isso que você quer?

- O que eu quero não importa mais, Magda. Há muito tempo eu não faço mais o que eu quero. E vai continuar sendo assim, a menos que Mônica mude de ideia.

- E seu filho?

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 2

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/02/2018
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T6264471
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