RP-UM SONHO POSSÍVEL-PARTE 1
RETORNO AO PARAÍSO
UM SONHO POSSÍVEL
PARTE I
CASA BRANCA
Quando Tânia acorda, pouco antes do meio dia, a enfermeira avisa Cláudio que vai vê-la. Quando ele entra no quarto, uma atendente está trazendo seu almoço e Beth está com ela. Cláudio se aproxima dela e lhe beija a testa.
- Bom dia. Como você está se sentindo?
- Eu quero ir pra casa, diz ela, sem ânimo, mas com voz tranquila.
- A gente vai logo. O Miguel vai te dar alta à tarde. Tenha um pouco mais de paciência. Tenta se alimentar um pouco. Você está sem comer nada desde ontem.
- Não estou com fome...
- Mas tente. Você precisa comer alguma coisa. Sua mãe esteve aqui de manhã. Ela volta à tarde e vai ficar com você. Eu estava esperando você acordar pra ir até a fazenda avisar meus pais. Não quis avisar por telefone. Mas eu volto logo pra te levar pra casa.
Ela segura a mão dele e pergunta:
- Volta mesmo?
- Volto. Não se preocupe. Coma alguma coisa. A Beth te ajuda.
Beth se aproxima dela.
- Eu volto à tarde, Beth. Diga ao Miguel que me espere, antes de dar alta pra ela. Eu vou até Quatro Estrelas.
- Pode deixar, doutor. Ela vai ficar bem.
Ele dá um beijo em Tânia e sai.
Cláudio chega à fazenda na hora do almoço e ainda encontra o pai em casa. Conta tudo o que aconteceu em poucas palavras e Leonardo lamenta, enquanto vão até a sala e ele se senta em sua poltrona.
- Eu já estava sonhando com esse neto...
- Sinto muito, pai.
- Se Deus não quis que ele viesse agora, temos que nos conformar, diz Magda. - Eles podem ter outros filhos mais tarde. São jovens.
- Mas a gente sempre pensa no que está mais próximo... Como ela está, filho?
- Está bem. Está no hospital ainda, mas está fora de perigo.
- Já avisou ao Jorge?
- Não. Avisei a Bárbara. Ela esteve no hospital e disse que o avisaria.
- Bem, afinal de contas, a Magda tem razão: se Deus não quis que fosse desta vez, temos que aceitar.
Ele se levanta. Abraça o filho.
- Vocês são jovens. Terão outras oportunidades. Sinto muito por vocês, filho.
Cláudio abraça o pai e não diz nada.
- Eu vou trabalhar. Aliás, você tem falado com Wagner?
- Não... mas ele está bem.
- Espero que sim.
Leonardo beija Magda e sai. Quando os dois ficam sozinhos, Magda olha séria para Cláudio e pergunta:
- A gente pode conversar agora?
Cláudio se senta no sofá e espera, como um garoto que aguarda a bronca da mãe. Ela se senta à sua frente.
- Cláudio, eu só quero conversar. Não estou aqui pra te julgar nem brigar com você.
- Posso te pedir uma coisa?
- Claro.
- Vamos sair daqui?
Ela concorda. Vai até a cozinha pedir a Matilde que tome conta de Elis e sai com ele. Eles entram no carro e Cláudio a leva para longe da casa. Estaciona o carro diante da capela da fazenda. Os dois entram nela. Cláudio está tranquilo, mas sabe que a conversa não vai ser fácil. Senta-se num dos últimos bancos da capela perto da porta. Magda se benze e vai sentar-se ao lado dele. Ela toca sua mão esquerda e desliza o dedo sobre o lugar onde ele antes tinha a aliança de casamento que não está mais lá.
- Você quer falar sobre isso... O que está acontecendo?
Ele recolhe a mão e a coloca dentro da outra.
- Me diz o que você sabe, pra eu saber por onde começar.
- Eu fiquei sabendo que o bebê da Mônica é seu. É verdade?
Ele fecha os olhos e respira fundo.
- Quem disse?
- Tânia, ontem, por telefone... E me disse também que vocês discutiram e que você quase bateu nela, durante essa discussão, anteontem aqui em casa.
- Isso é mentira... Eu nunca encostei a mão nela e nem encostaria agora que ela estava grávida. Você me conhece. Tem que acreditar em mim.
- Eu acredito. E o resto, também é mentira?
Ele se levanta e dá alguns passos até perto do pequeno altar, tentando encontrar as palavras para começar. Olha para a imagem da santa e se volta.
- Não... mas a Tânia disse sem ter certeza. A Mônica nunca confirmou isso pra ninguém... a não ser pro Miguel e eu só sei por dedução. Ela nunca disse com todas as letras nem pra mim. Ia esconder de todo mundo até o fim, mesmo de mim.
- Por quê?
Cláudio respira fundo e sente como vai ser difícil contar aquilo para a madrasta, mas percebe que, naquele momento, ela é a única pessoa que pode ouvi-lo sem julgá-lo, como ela mesma disse.
RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL
PARTE 1
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!