RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 38
ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE XXXVIII
- Quer dizer que se ele tiver um terceiro enfarte ele... morre? - pergunta Wagner apreensivo.
- Provavelmente.
- Então a gente tem que dar um jeito de convencê-lo a ficar na cama, logo. Onde ele está?
- Não tem jeito, Wagner. Ele é teimoso. Quantas vezes eu já tentei isso...
- Mas ele não sabe que está correndo perigo?
- Sabe, mas ele não se importa mais com nada. Ele não tem medo de morrer. Acho até que... ele quer morrer...
- Como assim? Com a energia que ele demonstra, não parece que ele esteja querendo morrer, Linda. Não faz sentido.
- Ele está cansado de viver sozinho nesse casarão. Perdeu a família inteira de um modo até trágico, por isso ele trouxe você pra cá desse modo tão... inusitado. Pra sentir que ainda tinha alguém do sangue dele pra amar. Você é a única pessoa viva da família que ele tem por perto. Ele não tem mais ninguém no mundo a não ser você.
- Mas ele não tem só a mim. Tem você, os rapazes que o protegem...
- Nós não temos o mesmo sangue dele...
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Amigo é amigo em qualquer situação. Às vezes é mais parente do que o parente de sangue.
- Nas palavras fica muito bonito, mas pra ele, com a idade que ele tem, não é o mesmo. Pensa bem. Como você se sentiria, morando sozinho numa casa onde não há ninguém que faça parte da sua família? Sem a esposa, o filho que adorava, sem a neta... Só empregados, guarda-costas, advogados...
Wagner se levanta e dá alguns passos até a janela e fala quase que para si mesmo:
- Se ao menos ele gostasse do meu pai...
- O que aconteceria?
- Eu poderia levá-lo pro Brasil. O clima de lá é uma beleza pra uma pessoa da idade dele e ele iria gostar de ficar na fazenda... Ele iria conhecer o meu irmão... Ele é médico e a mulher dele está grávida...
Wagner volta a se sentar na cama.
- O bebê deles... vai ser tetraneto dele... Poderia animá-lo e fazer com que ele fique com mais vontade de se cuidar, de viver...
Linda coloca a mão sobre seu ombro, enternecida.
- Que bom que você pensa assim...
- Como você queria que eu pensasse? Eu gosto dele. Ele é meu bisavô. Não quero que ele morra.
Eles se abraçam.
- Eu também não... ela diz, começando a chorar de novo.
Ficam algum tempo assim, ambos com o pensamento em Mr. Russel e sua saúde.
O telefone toca e ela atende:
- Hello!... É ela, Mr. Russel... Irei num minuto...
Ela coloca o telefone de volta no gancho.
- É ele... Está me chamado.
- Eu vou no seu lugar. Vou tentar convencê-lo a descansar um pouco. Está na hora do super Wagner fazer alguma coisa de útil por aqui. Afinal de contas, eu sou bisneto dele, não hóspede.
Ele beija Linda na testa e vai até o quarto do bisavô. Quando entra no quarto, cautelosamente, vê Mr. Russel sentado em sua cadeira, perto da janela, lendo alguns papéis.
- Chamou, vovô?
O velho olha para ele por cima dos óculos e franze a testa.
- Chamei Linda. Você não se chama Linda.
- Ela... estava com dor de cabeça e eu me ofereci pra vir no lugar dela.
- Dor de cabeça? Nunca vi Linda com dor de cabeça.
- Não se preocupe. Ela já tomou um analgésico. Está dormindo agora. Posso ajudar?
- E se você não souber fazer o que eu vou pedir?
- É muito complicado? Se eu não conseguir, peço ajuda pro Julian ou pra alguém. Os rapazes ainda estão acordados... Mas eu posso tentar pelo menos.
- Não é pra hoje. É para ser feito amanhã cedo. E pode ser um trabalho muito leve para um rapaz também.
- Desde que não seja cozinhar ou tirar o pó dos móveis... Não sou muito bom em trabalhos domésticos.
Mr. Russel sorri quase que imperceptivelmente.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE 38
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!