RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 29
ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE XXIX
Tânia se afasta de Cláudio de costas e vai se sentar no último degrau da escada, abraçando-se ao corrimão e começando a chorar. Cláudio se aproxima dela novamente e se abaixa, pegando sua mão.
- Vem comigo, ele diz carinhosamente. – Me deixa cuidar de você... Não é isso que você quer?
Tânia não responde. Apenas olha confusa para ele com o rosto molhado pelas lágrimas.
- Vem... A gente só vai ver o que está errado com você. Eu prometo que não te deixo nem por um minuto.
Ela percorre o rosto dele e como uma criança diz:
- Depois a gente volta pra comer o bolo que minha mãe fez pra gente?
- Claro... É isso mesmo.
- Você promete?
- Prometo.
- Você não vai mais me trocar por ela?
- Não... Não vou.
- Não mesmo? - ela pergunta sorrindo.
- Não...
Ela aproxima o rosto do dele e o beija com paixão. Depois o abraça e Cláudio a ajuda a levantar-se. Ele a leva até o carro e vê dona Clara, sua vizinha aproximar-se, aflita.
- Boa tarde, doutor.
- Boa tarde, dona Clara. Eu precisava mesmo falar com a senhora. O que aconteceu com ela depois que eu saí, hoje cedo?
- Quando eu entrei na casa, ela estava passando mal. Eu quis avisar o senhor, mas ela não quis. Me ameaçou com um revólver e não quis de jeito nenhum que o senhor soubesse.
- Revólver? Nós não temos armas em casa...
- Se não era, parecia muito. Eu fiquei com medo... Eu achei que a única saída foi levá-la para a casa do Júlio, meu filho, no meu carro e ele cuidou dela. Ela estava perdendo o bebê. Graças a Deus, ele não tinha saído ainda de casa e nós cuidamos dela. Ele achou melhor cuidar dela primeiro e depois levá-la pro hospital, mas ela não quis de jeito nenhum e nós não quisemos forçar. Ela parecia bem. O Júlio ligou mesmo assim pro senhor nos dois hospitais, mas não o encontrou...
- Eu estava no orfanato...
- Nem pensamos nisso, desculpa, doutor. Eu prometi ao Júlio que cuidava dela e a trouxe de volta pra casa e ela disse que ia preparar um jantar pelo aniversário de casamento pro senhor. Ainda pedi pra ajudar, mas ela não quis e até pediu pra eu ir embora, que estava tudo bem. Ela estava muito estranha, doutor.
- De qualquer forma, eu agradeço e depois eu falo com o Júlio.
- O senhor vai levá-la pro hospital?
- Vou.
- Sinto muito pelo filhinho de vocês...
- Obrigado, dona Clara. Deus lhe pague.
- Vou ficar rezando pra que fique tudo bem.
- Obrigado, até mais...
Quando o carro para no estacionamento da Santa Casa, Cláudio ajuda Tânia a sair dele e pede aos atendentes uma cadeira de rodas para que ela seja levada para a emergência. Leda e Bete também aparecem para ajudar e Cláudio pede:
- Chama o Júlio, Leda.
- Ele está na sala de parto, doutor...
- Qualquer um... Chama o Miguel, então!
Miguel é chamado e vem atender Tânia.
- O que foi que houve? - pergunta ao amigo, já na sala de emergência.
- Cuida dela, por favor...
- Ok, mas sai daqui.
Cláudio não se move e Miguel vê que ele está em choque.
- Leda, leva o doutor Cláudio daqui e dá alguma coisa pra ele se acalmar. Rápido! Ela vai ficar bem, cara. Sai daqui.
Cláudio sai da sala e vai se sentar numa cadeira na sala de espera da emergência. Olha para as próprias mãos e as vê tremerem. Apoia os braços nas pernas e coloca a cabeça entre as mãos, tentando respirar.
Leda aparece minutos depois com um comprimido e um copo de água.
- Toma isso, doutor. Vai ficar tudo bem.
Cláudio olha para o comprimido da mão dela, como se estivesse a quilômetros de distância.
- Não precisa, Leda. Eu estou bem.
- Vai me desculpar, doutor, mas o senhor não está bem. Por favor, tome. O doutor Miguel me mata se eu não fizer alguma coisa pro senhor se acalmar.
Cláudio olha para ela e resolve obedecer. Toma o comprimido e volta a apoiar a cabeça nos braços. Minutos depois, mais calmo, ele se levanta e vai até a emergência de novo, mas Tânia não está mais lá. Já está no quarto e ele vai até lá.
Tânia já está dormindo sob efeito de um sedativo administrado por Miguel que está com ela. Quando o vê entrar, olha para ele.
- O que foi que aconteceu?
- Como é que ela está? - ele pergunta, ignorando a pergunta do amigo.
- Agora, estável. Está dormindo. Eu não tive nem que fazer nada. Já tinham cuidado dela. Foi você?
Cláudio balança a cabeça negando, sem tirar os olhos da mulher.
- Lamento dizer... que ela perdeu o bebê. Sinto muito.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE 29
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!