RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 18
ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE XVIII
Wagner se levanta e começa a andar pela sala, nervoso, para na frente da porta da biblioteca e sente vontade de entrar.
- Não faça isso... - ela pede.
- Ele não pode fazer isso comigo, Linda. Eu não pedi pra estar aqui.
- Tenha um pouco mais de paciência. Você vai ver que depois de uma noite de sono, você vai estar muito mais disposto a ouvi-lo. Ele vai ter muito que conversar com você amanhã.
- E ele vai ficar aí?
- Vai, disse que ainda vai demorar umas duas horas com Mr. Bartley.
- Você não acha que o vovô STAR está muito velhinho pra ficar acordado até tão tarde?
- Vovô o quê? - ela pergunta, rindo.
- Foram as iniciais que eu tirei do nome dele que é muito grande e muito difícil. É Stanley... Ty...
- Tybald, ela ajuda.
- Isso, Stanley Tybald Aubrey... não é? E Russel no final. S-T-A-R. Uma estrela meio apagada, mas...
- Você é muito criativo.
- O nome dele é grande como o do meu irmão: Cláudio Leonardo Russel Valle. Aliás, estou com saudades dele... de todo mundo, ele diz, com tristeza na voz, pensando no irmão e na família. - Nunca pensei que pudesse sentir isso tão forte...
- Vamos dormir?
- Você não tem mesmo ideia de quanto tempo eu vou ficar aqui?
- Não, isso realmente depende dele.
- Então me ensina o caminho pro meu quarto porque eu já me esqueci.
- Só hoje, você vai ter que aprender.
- Vou fazer um mapinha, aí fica mais fácil, diz ele, subindo as escadas.
Linda sobe atrás dele, rindo.
*****************************************
No dia seguinte, Mr. Russel acorda bem cedo. O relógio da sala bate sete badaladas e ele já está tomando o breakfast na sala de refeições com Julian, o mordomo, ao seu lado pronto para servi-lo.
Antes mesmo que ele termine, Julian já lhe coloca o jornal do dia sobre a mesa e ele o pega e vai sentar-se em sua cadeira para lê-lo. Para isso usa um pequeno par de óculos apoiado no nariz. Linda entra trazendo a correspondência que deposita numa mesinha próxima.
- Good morning, sir! - ela cumprimenta com um leve sorriso.
- Good morning, Linda, ele responde também com um sorriso afetivo. – Meu bisneto já acordou?
- Não, senhor. Ele ficou até tarde ontem esperando pelo senhor.
- Eu fui dormir muito mais tarde que ele e já estou de pé.
- O senhor é diferente. Tem uma resistência que poucos jovens têm.
Ele olha para ela por sobre os óculos e num meio sorriso diz:
- It’s very kind of you.
- Portuguese, Sir…
- Ah, Wagner is not here.
- Está sim, ela diz, apontando com um gesto o rapaz que estava parado no topo da escada, ouvindo a conversa. Mr. Russel sorri.
- Ah, que bom! Desça, filho. Estava justamente perguntando de você. Venha sentar-se perto de mim.
Wagner desce as escadas lentamente e se aproxima do velho, suas feições estão sérias.
- Bom dia, dormiu bem? - Mr. Russel pergunta amável.
- Mais ou menos... E o senhor?
- Maravilhoso. Mas... por que essa fisionomia tão fechada? Alguma coisa o aborrece?
Wagner abre a boca para responder, mas o velho o interrompe:
- Deve ser fome! Linda, mande servir o break... ou melhor, o desjejum do meu neto. Vamos para a sala de jantar.
Mr. Russel se levanta e segura no braço do rapaz, indo com ele até a sala de refeições. Linda sai e Wagner se senta à mesa. Mr. Russel se senta também.
- Desculpe não ter-lhe feito companhia ontem. Eu tinha coisas para fazer urgentíssimas com meu advogado Mr. Bartley.
- O senhor está querendo brincar comigo? Eu preciso saber quanto tempo eu vou ter que ficar aqui ainda. Eu tenho uma vida no Brasil e quero voltar pra ela.
- Alguém tratou você mal? Eu o tratei mal?
- Não... Eu só quero saber por que estou aqui e por que fui trazido do Brasil de uma forma tão... maluca. Se o senhor é mesmo meu... bisavô, por que simplesmente não mandou uma carta ou telefonou. Eu teria vindo com prazer...
- Não teria não... As coisas não são tão simples assim. Seu pai nunca permitiria.
- Por quê?
- Você sabia que eu existia?
Wagner balança a cabeça negando.
- Tire as suas próprias conclusões.
- Mas meu irmão sabia...
- É, eu percebi que ele cultiva por mim o mesmo sentimento do seu pai.
- Como... percebeu?
- Eu ouvi o telefonema de vocês.
- Mas eu estava... O senhor ouviu... pela extensão... Isso é invasão de privacidade!
- Essa casa é minha e eu faço o que eu quiser aqui dentro.
- Está legal, não vou discutir isso. Mas como meu irmão conhece o senhor e eu não? Como e por quê?
- Seu irmão conheceu minha neta...
- Claro, ele é filho dela e tinha sete anos quando ela morreu...
- Ele não é filho dela.
Wagner olha para o velho chocado.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE 18
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!