RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 17
ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE XVII
LONDRES
Linda e Wagner tomaram o chá das cinco sozinhos e passam o resto da tarde conversando assuntos diversos. Na maior parte do tempo Linda fala mais, pois Wagner quer saber de tudo sobre a vida dela e do bisavô em Londres. Quando anoitece ele começa a ficar preocupado com a demora do velho que não saiu do escritório o dia inteiro.
- Você não acha que ele está demorando demais lá dentro?
- É costume dele fazer isso. Você quer que eu vá chamá-lo?
- Não, se ele está ocupado... Mas é que eu nunca vi alguém ficar tanto tempo num lugar assim. Não sei como ele aguenta.
- Ele não fica só trabalhando. Dentro do escritório dele tem todos os recursos para ele dormir, descansar e se alimentar se precisar, enquanto trabalha.
- Meio parecido com a história do Lorde Sandwich.
- Você conhece essa história?
- Conheço. Meu professor de inglês no colégio contou pra gente. O cara que gostava tanto de jogar pôquer que não tinha coragem de sair da mesa de jogo nem pra comer. Aí ele inventou o sanduíche pra poder jogar e comer ao mesmo tempo sem ter que sair da mesa.
- Mas não é bem assim que Mr. Russel faz. Ele tem uma cama, uma mesa para refeições e outra para o trabalho, separadas.
- Eu imagino que sim, estou brincando, ele diz rindo. – Mas ele não sai de lá de dentro!
Um rapaz muito alto e forte entra na sala vestido num grosso casaco de frio. Wagner o reconhece. Ele é o mesmo rapaz que lhe deu o soco no momento de seu sequestro. O rapaz olha para ele com rosto sério por alguns segundos, mas volta-se para Linda.
- Boa noite, Linda. Os rapazes estão perguntando se podem se recolher. Ninguém está mais aguentando o frio. Mr. Russel ainda vai usar o carro?
- Ele não saiu do escritório ainda, mas podem ir descansar. Se ele precisar de alguma coisa, eu me responsabilizo. Obrigada, Teo.
- Se ele precisar de alguma coisa, ligue pra mim. Eu não vou dormir ainda. Vou estar no alojamento.
- Está certo.
- Boa noite, baby.
- Boa noite, Teo.
Teo olha novamente para Wagner e diz, tentando ser educado:
- Boa noite.
- Boa noite, Wagner responde, mais por educação também.
O rapaz demora o olhar meio sisudo demais sobre ele, dá as costas e se afasta. Depois que ele sai da sala, Wagner pergunta:
- Ele é sempre assim... simpático?
- Não, só quando está diante de alguém que é mais novo e poderoso que ele.
- Posso ser mais novo, mas em que eu sou poderoso?
- Ainda não é, mas será.
- Mais mistério, não, por favor.
Linda apenas sorri.
- Mas você também é mais nova e com certeza aqui dentro me parece mais poderosa e ele te trata bem. As mulheres são exceções?
- Ele é meu namorado.
Wagner sente como se tivesse levado um balde de água fria no rosto.
- Namorado?
- Por que o espanto?
- Eu não pensei que... Ah... agora tudo faz sentido. Aquele soco faz sentido.
- Eu sabia que você entenderia tudo. Portanto, não continue com insinuações a meu respeito. Pelo menos não perto dele. Você já sabe das consequências.
- Por que você não me avisou antes?
- Porque eu não sabia que você ia ser tão... saliente comigo.
- Mas eu não fui! Eu não usei nem metade da minha saliência com você.
- E eu também não me importo com isso. Eu sei me defender muito bem. Não sou uma donzela indefesa.
- Você fala igualzinho a Mô... Você me lembra tanto a Mônica falando assim.
- Não sou eu, é a sua consciência.
- Ah, vamos mudar de assunto. Eu não quero falar disso. Tem uma coisa que eu ia te perguntar. Por que ninguém fala inglês aqui? Todo mundo é brasileiro?
- Não, claro que não. E você não falou com todo mundo ainda. Teo é do Brasil. Os outros empregados que você ainda não viu, são ingleses, mas entendem bem o português. Mr. Russel deu ordens para que todos pelo menos estudassem e entendessem o português, pra quando você chegasse.
- Very good. Ele me adora e me chama de burro, indiretamente.
- Ele não está te chamando de burro. Ele só não quer que você se acostume com a língua.
- Por quê? Que desculpa esfarrapada.
- Se quiser saber dos detalhes, pergunte a ele depois.
De dentro do escritório, eles ouvem a voz de Mr. Russel.
- Linda, venha até aqui, please!
Ela olha para Wagner e com um gesto pede para que ele espere. Ela entra no aposento e fica lá dentro por quase dez minutos. Quando sai, tem uma leve ruga de preocupação na testa que ele percebe.
- Que foi? Algum problema?
- Não, ele disse que quer que você vá dormir. Ele só vai falar com você amanhã.
- Mas essa é ótima! - reclama Wagner. – Ele me deixa de molho um dia inteiro pra me dizer que vai falar comigo amanhã? E ainda me manda ir dormir como seu fosse um garotinho de seis anos?
Ele se levanta e começa a andar pela sala, nervoso, para na frente da porta da biblioteca e sente vontade de entrar.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?
PARTE 17
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!