RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 34

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XXXIV

O delegado Arnaldo Monteiro recolhe todo tipo de pistas que consegue encontrar nas imediações da fazenda e no armazém, incluindo o punhal de onde manda recolher digitais. Interroga um por um, todos os empregados, e se inteira de todas as últimas ações de Wagner. Pergunta sobre qualquer ruído diferente que possam ter ouvido durante a noite e todos são categóricos em dizer que não notaram nada de estranho. O que dificultou ainda mais o caso.

- Eu devo acreditar que o desaparecimento do seu filho é muito estranho, Leonardo. Mas ainda não posso dizer que se trata de um sequestro. Temos que esperar mais algumas horas. Esperar que alguém entre em contato com você ou com alguém da família. Enquanto isso, eu vou colocar alguns homens fazendo uma busca pela fazenda e imediações. É um lugar grande e há muita vegetação em volta. Temos que sondar todas as possibilidades. Ele tinha algum inimigo?

- Não... - Leonardo responde, olhando para Cláudio. – Não que eu saiba. Todos na fazenda gostam dele. É dono de um humor meio diferente, faz piada de tudo, mas... todo mundo já estava acostumado com isso. Wagner sempre foi assim. Nunca fez mal a ninguém, pelo menos... nada preocupante, fora dos limites. Eu não permitiria.

- E você?

- Eu?

- Não me leve a mal, Leonardo. Eu pergunto por que você é um homem rico e as pessoas às vezes não querem saber se você é bom ou não. O dinheiro atrai todo tipo de olhar. Inveja, vingança... Só quero saber se há alguém do seu conhecimento que pudesse querer se vingar de você, te atingindo através de algum dos seus filhos.

Leonardo se cala por um instante e diz:

- Eu não consigo lembrar de ninguém, mas... se a intenção foi essa, conseguiram. Eu só quero meu filho de volta, Arnaldo.

- Não se preocupe com isso ainda. Eu já disse que vou mandar meus homens fazerem uma batida pelas imediações e em volta da cidade. Casa Branca não é muito grande e meus policiais conhecem tudo por aqui. Não se preocupe. Vamos fazer tudo pra encontrar o rapaz.

Arnaldo sai. Cláudio o acompanha até o alpendre. Depois que os policiais se dispersam, ele encosta-se a um dos pilares e olha em volta. Diana aproxima-se dele e se senta no primeiro degrau da escada perto dos pés dele, apoiando o rosto nas mãos. Depois de um instante de silêncio, ela pergunta:

- Ele vai voltar, não vai?

- Claro que vai...

- Então por que é que está todo mundo com essa cara de enterro?

Cláudio começa a sentir uma sensação de inutilidade. Desce as escadas e vai até o carro.

- Aonde você vai? - Diana pergunta, levantando-se.

- Não sei, ele responde, entrando no carro.

- Posso ir com você?

- Já falei que não sei aonde eu vou, Diana. Vai ficar com a mamãe.

- Se você vai procurar meu irmão, me deixa te ajudar a procurar também, por favor, Cla. Lá dentro só tem gente chorando, a Matilde, a mamãe... Até a Elis que não entende nada, chora, porque a mamãe chora. Não me deixa aqui sozinha.

Ele olha para ela por um momento e acaba por concordar.

- Vem, mas não me atrapalha.

No caminho desse passeio a lugar nenhum, Diana pergunta:

- Ele foi embora por minha causa?

- De onde é que você tirou isso, menina?

- Ele não gosta de mim...

- Não seja boba. Quem te disse isso?

- Ele!

Cláudio olha para a irmã que continua olhando pela janela do passageiro.

- O Wagner disse que não gosta de você? Eu não acredito. Não inventa, Didi.

- Não estou inventando. Toda vez que a gente briga, ele fala: “Você é a garota mais enjoada que eu já conheci!”. “Queria morar a quilômetros de distância de você!”

- Diana, ele só fala isso quando está nervoso. Todo irmão briga. Ainda mais com a diferença de idade que vocês têm um do outro.

- A gente não briga, eu e você.

- Porque eu tenho quase idade pra ser seu pai. Não tinha nem graça.

- Tem nada. Você tinha a minha idade quando eu nasci.

- Um pouquinho mais, mas é justamente por isso que o Wagner implica com você. Você nasceu quando ele era molequinho. Você veio tirar o trono dele. Ele foi caçula por sete anos. Ele só tem ciúme de você.

Ela fica silenciosa e pensativa, depois ataca.

- Você também perdeu o trono por causa dele, mas vocês não brigam.

Cláudio sorri.

- Já parou pra pensar que ele perdeu o trono pra uma princesa. Ele nunca superou. Você era uma boneca, quando nasceu e ainda é. Nenhum cara supera isso, ele consegue brincar.

Ela fica em silêncio novamente e parece mais conformada.

Depois de algum tempo rodando por uma estrada de terra, paralela à boçoroca, eles avistam um casinha branca no meio da vegetação rasteira. Cláudio para o carro.

- De quem é aquela casa? Parece que não tem ninguém, Diana diz.

- De um antigo jardineiro da fazenda. O Salomão. Ele foi jardineiro por muitos anos, antes do Chico. Muito antes de você nascer. Agora é aposentado...

- E ele fica sozinho nessa casinha? No meio do mato?

- Aqui é mais tranquilo e sossegado que o centro da cidade.

- A gente vai falar com ele?

- Ele não é de muita conversa, mas... é por uma boa causa, ele diz com um suspiro.

Cláudio sai do carro e ela faz o mesmo e se gruda no irmão.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 34

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/02/2018
Código do texto: T6248259
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