RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 27
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XXVII
Linda continua hesitante em seguir o rapaz até o armazém. Wagner ri.
- Pode ficar tranquila. Eu não costumo levar garotas lá. É muito desconfortável pra certas... coisas... Vem.
Se estivesse mais claro, ele perceberia que ela ficou levemente vermelha, mas o segue sem mais objeções. Wagner abre a porta do armazém, dez metros longe da casa. Entra primeiro, pega o lampião pendurado perto da porta do lado de dentro na parede de madeira, acende-o e quando vai chamar a moça, sente alguma coisa gelada em sua nuca e a voz de um homem que diz:
- Quietinho, garoto, ou leva chumbo. Coloca o lampião no chão bem devagar.
Wagner obedece, tentando evitar o nervosismo, amaldiçoando ter sido tão educado com a garota.
- Que é isso? Filme de faroeste? - pergunta, procurando se acalmar.
- Chega de conversa, diz o homem, empurrando-o para dentro, para perto dos tratores que ficam no fundo do armazém e encostando-o num deles. Só ali, Wagner pode ver que além daquele, há mais dois homens armados, um com outro revólver e outro com um punhal, além da moça, que parece estar com eles, pois apenas observa tudo, impassível. Wagner olha para ela e diz:
- Bonita encenação. Já tentou o cinema?
Ela não responde. O rapaz que o havia empurrado retira de uma mochila uma corda comprida e joga para os outros dois que começam a amarrar suas mãos nas costas.
- Qual é a próxima cena? - Wagner pergunta, sentindo as pernas tremerem, mas evitando demonstrar o medo.
- Você vem com a gente, ela diz.
- Não pensei que você tivesse gostado tanto de mim, ele diz sorrindo, parte pelo nervosismo.
- É melhor você calar a boquinha, cara, diz o que segura a arma. – Chega de gracinha.
- Seu desejo é uma ordem. Você é o namorado na gatinha?
Wagner recebe um soco que o derruba no chão. A garota se aproxima dele e tenta ajudá-lo a se levantar. Ele sente o rosto pegar fogo e só não chora pela raiva que sente de tudo que está acontecendo.
- Para com isso, Teo! Ele não disse nada demais. A gente precisa dele inteiro.
Ela o ajuda a se recompor.
- Você consegue andar?
- A pergunta é se eu quero. Posso responder que não? Isso é sequestro, rapto ou o que diabo é?
- Sem perguntas, tá? Vem, sem reação, senão vai ser pior pra você, ela diz. – Colabora, tá?
Os outros dois rapazes seguram Wagner pelos braços e saem como ele do armazém, levando-o para longe da fazenda por uma picada no meio do mato. Wagner tenta a todo o momento olhar para a casa, ansioso que alguém acorde, mas nada acontece. Só a luz de seu quarto continua acesa.
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Logo que acorda, Mônica coloca o roupão e desce para tomar café com o pai.
- Bom dia, querido, ela diz, envolvendo o pescoço do pai e beijando sua testa.
- Bom dia, anjo! Dormiu bem?
- Como um anjo, ela diz, sorrindo e sentando-se. Apanha uma torrada e se serve de uma xícara de café com leite. - Hoje, eu não vou para o colégio, viu?
- Nossa! Que milagre é esse? Eu pensei que você fosse começar a morar na escola e no hospital. Você não para mais em casa. É do colégio pro hospital e vice versa.
- Eu preciso... ter uma conversa séria com você...
- Conversa séria?
- E eu tenho uma coisa importante pra te dizer.
- Coisa importante? Hum, que será? – Jairo perguntou, bem humorado.
- É sério mesmo, pai, ela fala, ficando séria, unindo as mãos sobre a mesa.
Jairo força um ar também sério e pede, erguendo a xícara de café:
- Vamos lá. O que é, filhinha?
- Papai, é sério mesmo.
Ele fica sério de verdade e apreensivo.
- Algum problema, filha?
Ela afirma com a cabeça, sem tirar os olhos dos dele.
- Eu estou grávida.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 27
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A TODOS!