RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 22
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XXII
No restaurante, enquanto esperam o prato pedido, Wagner pergunta:
- O que está acontecendo de verdade, Mônica? O que você tem?
- Nada... Está tudo bem, ela diz com um sorriso que não o convence. – Foi só uma queda de pressão mesmo. Você ouviu seu irmão dizer. Eu só estou com fome... e estou muito feliz por você. Se você se tornar um Engenheiro Agrônomo, vai poder ajudar muito seu pai na fazenda. É muito nobre isso.
Ela coloca a mão sobre a dele. Wagner não consegue sair do assunto.
- Não desconversa. Eu nunca mais consegui falar com você sobre... você sabe o quê. O Cláudio disse que nem ele te encontra mais. Que você só fala com seu pai, com o Dr. Miguel, com todo mundo no hospital menos com ele. Eu preciso saber eu vou ser direto, já que isso me interessa: você está mesmo grávida?
Ela retira sua mão da dele e responde, depois de um segundo, em voz bem baixa:
- Estou... mas eu já falei: não é problema seu.
Wagner afasta-se dela e encosta-se à cadeira passando as mãos no rosto.
- Como não é? E é de quem?
- É meu! Só meu, coloque isso na sua cabeça, por favor.
- É do tal cara que você diz que gosta? Me diz que é.
- Se isso te deixa mais feliz e aliviado... é, é dele, sim, ela diz, com um sorriso.
- Mas isso ainda não me convence. Você... já estava grávida na festa, é isso?
Gerson, o cozinheiro da lanchonete, aproxima-se trazendo os dois pratos numa bandeja, acompanhados por saladas.
- Bom apetite crianças. Como está seu pai, Wagner? Faz tempo que não o vejo.
- Está ótimo. Na lida, como ele mesmo diz.
- Mande lembranças pra ele e dona Magda.
- Mando sim, Gerson. Obrigado.
O rapaz se afasta e Wagner volta a olhar para Mônica que já começou a temperar a salada para os dois.
- Isso aqui deve estar muito bom! Estou morrendo de fome, ela diz, animada.
- Mônica...!
- Vamos comer primeiro, por favor! - ela fala, unindo as mãos em prece.
- Pode comer. Eu não estou com fome.
- Olha pra esse bife, Wagner! Você não vai desrespeitar o coitadinho do boi que deu a vida para que ele existisse, vai? Seu pai cria gado também.
- Meu pai cria gado leiteiro e não de corte. São vacas, não bois e...
- Não sou fazendeira nem entendo disso, só sei que esse bife deve estar delicioso!
Wagner passa a mão pelo rosto e acaba rindo.
- Você é mais lisa que nem estrada de terra em dia de chuva na fazenda.
- Eu só não quero mais falar sobre isso. Quero almoçar. Você quer que eu desmaie aqui no meio da lanchonete?
Ela coloca na boca um pedaço do bife e fecha os olhos, mastigando com gosto. Ele começa a comer também e o assunto para por ali.
Quando termina seu período de trabalho no hospital, Cláudio organiza as fichas no arquivo para ir embora quando Tânia entra pela porta.
- Oi, amor.
- Oi... ele responde, surpreso. Não a esperava ali. – O que você está fazendo aqui?
Eles trocam um beijo.
- Vim te ver, não posso? E avisar que eu vou viajar com a mamãe pro Rio hoje. Já que você não dorme em casa há três noites, vou com ela. Estou cansada de ficar sozinha.
- Eu avisei que teria plantão... - ele se justifica.
- Eu sei. Não estou discutindo.
Ele termina o que fazia, fecha a gaveta do arquivo e se volta para ela.
- Voltam quando?
- Talvez só amanhã à noite.
- Ok. Você está bem?
- Estou, se eu não tivesse minha mãe, seria uma mulher grávida, sozinha, ela diz com uma pitada de sarcasmo.
- Tânia, eu estou trabalhando...
- Não... Não precisa continuar. Não vim aqui pra discutir, já disse. E você, está bem?
- Estou... Meu irmão esteve aqui hoje. Ele passou no vestibular da Unicamp.
- Hum... - ela faz, dando muito pouca atenção para isso.
Cláudio balança a cabeça.
- Eu daria um terço da minha vida pra ver você ficar feliz com alguma coisa que ele fizesse de bom.
Ela não responde e olha para o marido, como a dizer: não consigo.
- Já almoçou? - ele pergunta.
- Já. Eu almocei na mamãe e vou voltar pra lá agora. Só vim te avisar.
- Vamos juntos até lá. Quero me despedir da Bárbara.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 22
BOM DIA E OBRIGADA!
DEUS ABENÇOE A TODOS!