RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 19

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XIX

Tânia e Cláudio saem da cozinha. Quando chegam à sala, ela diz:

- Você é outra pessoa quando está aqui...

Ele para e olha para ela, estranhando a observação.

- Como assim... outra pessoa?

- Carinhoso, afetivo...

- Não sei do que você está falando, Tânia. É minha família.

- E eu não sou?

- O que você acha? Não começa a discutir. Estava tudo bem até agora. Tivemos um dia tranquilo, sem problemas... O que está faltando?

Ela o beija e encosta o rosto em seu peito.

- Desculpa, eu estou um pouco cansada. Deve ser emoção de grávida.

Ele sorri e a beija de novo.

- Você ainda me ama? - ela pergunta.

- Ainda? – ele pergunta, entranhando a palavra. - Amo... claro que amo. Eu tenho que amar a mãe do meu filho e vou continuar amando... até o momento em que você me fizer esquecer disso com perguntas bobas feito essa.

Ela sorri e o beija novamente, apaixonada. Wagner entra nesse momento e, ao ver os dois, fica observando o casal com um leve ar de ironia, depois começa a bater palmas bem lentamente. Os dois se afastam e olham para ele.

- Cenário igual, eu só vi no cinema. Lindo! Muito bonito mesmo!

- Onde você estava? - Cláudio pergunta.

- Por aí... mas “vortei, num vortei, cumpadi”?

- Papai perguntou por você. Está todo mundo lá na cozinha. Vá avisar que já voltou e trate de ficar o resto da noite com ele. Afinal, que tipo de filho você é?

- Você não quer mesmo que eu responda, quer? - pergunta o rapaz, cinicamente.

Cláudio contém o riso e pergunta:

- Bebeu de novo?

- Não, Wagner responde secamente. – Só água e refrigerante. Isso pode, não pode... papai?

Cláudio percebe que ele está realmente muito nervoso e resolve ir com calma.

- Vá logo falar com todo mundo. A gente já está indo.

Wagner se aproxima do casal e provoca novamente:

- Vocês formam um lindo casal, já disse isso?

- Já, Cláudio responde, para encerrar o assunto.

- Já? Poxa... não costumo dizer a mesma mentira duas vezes. Preciso renovar o meu baú.

- Sai daqui, Wagner, fala Cláudio, sustentando seu olhar.

O rapaz passa pelos dois rindo alto e vai para a cozinha.

- Sem graça... - Tânia fala, baixinho.

- Se é uma coisa que ele não está querendo fazer agora é graça. Ele está bem nervoso. Eu prefiro vê-lo fazendo piada, do que desse jeito. E se não fosse ele e minhas irmãs, essa casa seria um túmulo.

- Seria divertido, se ele não fosse tão inconsequente e bobo.

Cláudio resolve não insistir mais.

- Boba é você, ele diz, dando outro beijo nela.

Depois sai da casa puxando-a pela mão.

Em uma semana, Cláudio toma posse do cargo de diretor do Orfanato do Desterro, que também assiste mães pobres que precisam de auxílio na hora de ter seus filhos.

Cláudio passa a ter uma vida um pouco mais corrida. Trabalha durante a manhã como médico pediatra na Santa Casa de Casa Branca, às tardes de terça e quinta no orfanato e dá plantões durante a madrugada no ambulatório do Hospital Santa Mônica, de Jairo, e também na Santa Casa.

Numa sexta-feira, início de dezembro, ele está em seu consultório atendendo uma mãe que veio consultar o filho de sete anos, quando o interfone que se comunica com sua sala, toca:

- Doutor Cláudio! - diz a voz da atendente.

- Oi, Regina.

- Seu irmão está aqui e insiste em falar com o senhor.

Aborrecido, Cláudio balança a cabeça.

- Eu sei que você já disse que eu estou trabalhando, mas...

- Já, doutor, mas ele está pedindo só um... “tempinho”, palavras dele.

Cláudio respira fundo e retorna:

- Dois minutos, já termino. Segura ele aí, por favor, Regina.

Ele desliga o aparelho e retoma sua consulta, que realmente estava já no fim. Dispensa a mãe e vai levá-la até a porta, despede-se e já vê Wagner perto dele. O faz entrar no consultório e fecha a porta atrás de si, aborrecido.

- Wagner, eu estou trabalhando! Não tenho tempo...

- Eu passei, cara! - ele diz em voz alta, segurando o irmão pelos ombros.

Sem entender nada, o médico repreende:

- Fala mais baixo! Isso é um hospital. Passou no quê?

- Passei no vestibular pra Engenharia! - ele continua sem se importar com a preocupação do irmão.

- Não me diga! - Cláudio diz, feliz pelo irmão.

- Não me diga “não me diga”! Não vai me dar os parabéns?!

Wagner abre os braços e Cláudio o abraça.

- Bem, espero que seja o início de uma vida nova pra você. Menos diversão, mais responsabilidade... menos saídas com a... turminha...

- Todo mundo passou também! O Leo, o Beto, a Sandra, o Guto, a Dina... Todos! Só não a Janete porque não prestou. A gente vai junto pra Campinas! Não é o máximo!?

- Retiro o que eu disse, lamenta Cláudio, indo se sentar atrás de sua mesa, desanimado. – Eu chego a pensar que nem valeu a pena você ter conseguido.

- Não diz besteira, cara. Você está me subestimando. A gente vai entrar firme nessa. Eu vou ser Engenheiro Agrônomo nem que vaca dê guaraná em vez de leite!

- Que os anjos digam amém! Papai já sabe?

- Não. A gente está vindo da faculdade agora. Passei aqui porque eu queria que você fosse o primeiro a saber.

- Por que eu? Quem te banca e sustenta é ele.

Wagner se senta diante dele.

- É que eu me lembro que... quando você passou no vestibular de Medicina, contou primeiro pra mim e... eu nem sabia o que era isso. Eu tinha só onze anos.

- Wagner... e ... a Mônica? – Cláudio perguntou sério.

A expressão de Wagner se modifica totalmente.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 19

BOM DIA E OBRIGADA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 03/02/2018
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