RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 18
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XVIII
Na fazenda Quatro Estrelas, depois do anoitecer, todos os convidados já foram embora e Leonardo nota a falta de Wagner. Procura por ele por toda a casa e não o encontrando, sobe até seu quarto, onde Cláudio vai começar a examinar Elis, a filha caçula, que teve um começo de resfriado. Magda e Diana estão com ele.
- Você sabe do seu irmão, Cláudio?
- Saiu, ele diz, tirando o estetoscópio da valise.
- Isso eu sei, mas ele foi pra onde?
- O Lopes o viu sair com os amigos. Acho que foram pra cidade.
- Mas até hoje? Às vezes eu acho que Wagner não me estima como pai, ele fala, sentando-se ao lado de Magda na cama.
Cláudio ri, enquanto coloca o aparelho nos ouvidos, depois o encosta nas costas da irmã.
- Você ri agora porque seu filho ainda nem nasceu, mas vai sentir na pele mais tarde.
- Psiu! – Cláudio faz, coloca o dedo em riste na boca, pedindo silêncio.
Leonardo se cala e acaricia os cachinhos muito pretos da menina. Ela sorri e segura a mão do pai. Cláudio termina o exame e conclui:
- Está bem melhor. Só mais uns três dias e vai estar novinha em folha. Só não sair no vento e no sol forte, certo, garota? - ele pergunta, segurando o queixo da irmã e beijando sua bochecha.
- Certo! - ela confirma, pulando em seu pescoço e colocando o estetoscópio nos próprios ouvidos.
Cláudio se ergue com a irmã no colo.
- Vou providenciar um café pra você, quer? - Magda pergunta, levantando-se.
- Não, obrigado, Magda. Café me tira o sono e eu preciso dormir esta noite. Meu plantão no hospital é amanhã.
- Então desça pra comer mais um pedaço de bolo do seu pai. Vou preparar um pedaço pra você e a Tânia levarem pra casa.
- Por favor! Isso eu quero, ele diz sorrindo. – Estava uma delícia, obrigado. Mas o que é mesmo que você estava dizendo, pai?
- Estava falando a ingratidão do seu irmão que sai com os amigos até num dia como hoje.
- Ele deve estar voltando já. Você sabe que ele nunca gostou de festa.
- Festa familiar, você quer dizer, porque de festinhas com essa molecada ele não deixa de participar.
- Não e eu concordo com ele, Cláudio diz, com um meio sorriso.
- O quê?! - Leonardo se admira.
- Ele é jovem, pai. Jovem, solteiro e rico. Tem mais que aproveitar.
- Como você não aproveitou. Está jogando na minha cara?
- Não, claro que não, fique tranquilo. Não senti falta de nada disso, mas no caso dele, é isso mesmo que ele tem que fazer.
- Tenho certeza de que você não faria o que ele faz, mesmo que fosse solteiro.
- Tem mesmo? - Cláudio pergunta, olhando para a irmã, evitando olhar para o pai.
- Tenho, Leonardo confirma categórico.
- Tem pai que é cego... - o rapaz diz, afastando-se com ar divertido.
Leonardo fica sério a princípio, mas depois sorri também, tomando aquilo como brincadeira. Cláudio retira o estetoscópio das mãos de Elis que reclama.
- Deixa eu ouvir seu coração, Cla...
- Isso não é brincadeira, cheirosa. Vamos lá embaixo comer mais bolo do papai?
- Vamos! – Elis responde animada.
Ele coloca o aparelho na valise, desce e vai para a cozinha, onde Magda está com Bárbara e Tânia, separando algumas roupas que serão levadas ao orfanato para serem doadas às crianças.
- Eu pensei que cozinha fosse lugar de comida e não de roupa usada, ele diz ao entrar.
- O motivo dessa bagunça é muito justo, por isso cabe em qualquer lugar, diz Bárbara. - Estávamos justamente falando de você, querido.
- E em que eu lembro roupa usada? - ele brinca, colocando Elis sobre uma cadeira.
- Nada a ver, só estávamos comentando a sua futura promoção a diretor do Orfanato do Desterro.
- Ah, me sinto bem melhor agora. Vim te entregar sua boneca, mãe.
- Obrigada, filho, Magda responde, pegando a menina no colo. – Já entreguei o bolo pra Tânia.
- Quero outro pedaço, diz Elis.
- Vem aqui que eu te dou, diz Matilde, segurando a menina no colo e tirando-a dali.
- Eu acho tão esquisito ouvir você chamar a Magda de mãe, diz Bárbara. – Chega até a ser uma ofensa. Ela tem, no máximo, idade pra ser sua irmã mais velha.
- E mesmo assim só oito anos, concorda Tânia.
- Eu adoro isso, diz Magda. - Mas não é sempre que ele me chama assim. Só quando eu estou perto das meninas.
- Ela é a única mãe que eu conheci de verdade e que me deu duas irmãs, diz Cláudio aproximando-se de Magda, passando o braço em volta do ombro dela. – Quando eu falo com ela pensando nisso e estou perto das meninas, chamo de mãe. Quando eu olho pra ela e penso na mulher bonita com quem meu pai se casou, chamo de Magda. São a mesma e eu amo as duas.
Magda lhe beija o rosto, emocionada.
- Se você chorar, eu vou te chamar de vovó, ele brinca.
- Até eu fiquei emocionada, diz Bárbara.
- E como eu não gosto de choradeira de mulher, vou me retirando, diz ele, pegando a mulher pela mão. – Tchau, gente. Boa noite.
Cláudio beija as pontas dos dedos da mão e vai colocar na bochecha de Elis, beija Magda no rosto e abraça o pai.
- Parabéns de novo. Te amo. Cadê a Diana?
- Na biblioteca organizando os presentes do pai dela. Tirando das caixas, guardando alguns... fazendo o que ela estava doida pra fazer a tarde inteira.
- Dá um beijo nela por mim. Tchau.
- Tchau, filho, diz Leonardo. - Obrigado por tudo.
O casal sai da cozinha.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 18
BOM DIA E OBRIGADA!
DEUS ABENÇOE A TODOS!