RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 15
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XV
Mônica aproxima-se de Cláudio e Lopes. Ao ver a moça se aproximar, o administrador pede licença e vai com o cavalo para o estábulo. Ela pergunta:
- E o Wagner?
- Saiu, Cláudio responde. – Com a turma dele.
- Eles saíram? - ela pergunta, parecendo aborrecida. – Poxa, eu queria ter ido com eles...
Cláudio olha para ela, estranhando estar ouvindo aquilo de sua boca.
- Você nunca foi ligada a eles.
- A nossa festa de aniversário foi muito maneira. Eles são muito divertidos. Você devia estar lá, ela diz sorrindo.
- O tipo de diversão da turma do Wagner não faz muito meu gênero. E eu pensei que também não fosse o seu.
- Falta de costume... Seu e meu. Você se casou cedo demais. Desperdiçou sua vida. Não vale a pena. A vida tem que ser vivida ao máximo, em todos os sentidos. É o que eu quero começar a fazer.
- Como naquela noite?
- Que noite? - ela pergunta, séria.
Cláudio demora a responder.
- Do seu aniversário...
Ela também faz uma pequena pausa e finalmente responde:
- É... por exemplo.
- Eu posso concordar em tudo com você, mas existe sempre um porém.
- Qual?
Ele a olha de frente e responde:
- Nem todo mundo sabe aproveitar a vida como se deve. Muitas vezes acaba estragando tudo... e o estrago é irreversível.
- Isso parece uma direta pra mim, doutor? - ela pergunta, também olhando Cláudio nos olhos.
- Pode ser, ele diz, muito sério.
Ela sorri.
- O Wagner te contou?
- Muito por alto.
- Eu não quero que meu pai saiba, pelo menos não por enquanto. Eu inda não tenho certeza de nada. Colabora com a gente, tá?
- Eu não trairia meu irmão. Principalmente sabendo que ele não teve culpa. Foi um idiota, ingênuo, mas não teve culpa. Eu sei que não teve.
Ela dá uma risada discreta e se senta no primeiro degrau da escada da varanda.
- Qual é a graça? - ele pergunta.
- Eu estou me sentindo a verdadeira sedutora do rapazinho de vinte anos. Isso é muito bom.
- Por quê?
- Porque geralmente é a mulher que fica por baixo nesses casos. Ela é sempre a coitadinha, a vítima e eu não me encaixo mesmo nesse perfil. Não estou nem um pouco arrependida do que fiz. Eu nunca me arrependo do que faço.
- Mesmo sabendo que vai fazer sofrer pessoas que te amam.
- As pessoas que me amam vão saber me entender e cuidar de mim... se realmente me amam.
- Mesmo assim. A última coisa que seu pai quer é que você seja mãe solteira.
- Eu não disse que estou grávida. Ainda não disse... nem pro Wagner. Se ele deduziu isso não fui eu quem confirmou nada. A festinha não tem nem uma semana... E meu pai vai entender se acontecer. Ele é médico e me ama.
- Você vai acabar com a vida do meu irmão.
- Já disse a ele que não vou envolvê-lo nisso. Mesmo que eu esteja grávida, meu pai não vai saber quem é o pai.
- É surpreendente. Nunca imaginei que uma coisa dessas passasse pela sua cabeça. Você sempre me pareceu muito... equilibrada, para uma garota de dezesseis anos.
- Dezessete... - ela corrige.
- Claro, dezessete... Eu sempre apostei em você e sempre achei que seria uma excelente enfermeira. Sempre foi boa filha e tudo o mais. Agora... está parecendo uma menininha sem juízo, jogando a vida pela janela. Como essas que o Wagner namora uma semana e descarta na seguinte.
- E você por certo escolhe a primeira.
- É evidente.
- Pois bem, doutor. Eu vou tentar me comportar como uma garota equilibrada de hoje em diante.
- Não estou te cobrando nada. Você age como acha que deve agir.
- Tem razão, afinal de contas, talvez agora eu já não possa pensar só em mim, ela diz, colocando a mão na barriga. - Aliás... eu ainda não o parabenizei pelo bebê. Você e minha prima devem estar muito felizes. É bom saber que a família vai aumentar.
Ele se cala. Mônica sorri e afasta-se dele, entrando na casa. Cláudio encosta-se no pilar que sustenta a varanda e fecha os olhos, respirando fundo.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 15
OBRIGADA E BOM DIA!