RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 13
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XIII
Wagner para e se apoia de novo no parapeito da sacada.
- Sem contar que... se de repente eu tiver que me casar com você, vou ter... de cara, mulher e filho pra sustentar... Eu, nem emprego, tenho, caramba!
- Isso não vai acontecer, ela afirma, ainda tranquila.
- E posso saber que milagre você vai realizar pra isso ser evitado?
- Já falei: seu nome nunca vai sair da minha boca. Eu não quero envolver você nisso. Na minha versão da estória, você nunca teve nada comigo. Como você mesmo disse: nós não somos nem namorados.
- E você acha que, se a coisa se complicar, eu vou aceitar ficar calado só porque você não quer que eu me envolva?
- Vai... porque eu quero. Eu amo outra pessoa e só me casaria com ele.
- Ama outra pessoa? E se mete numa roubada dessa comigo? Menininha complicada você, não? Não esperava isso de você, Mônica.
Ela apenas sorri e volta a encostar-se ao parapeito, olhando para o jardim.
- O dia está lindo mesmo, não?
Wagner balança a cabeça e sai de perto dela, saindo também do quarto. É a primeira vez que presencia um caso como aquele e o pior é que está acontecendo com ele. Entra em seu quarto e senta-se na cama. Treme só de pensar na possibilidade de seu pai e a madrasta virem a saber do fato.
Desce e vai até a cozinha. Não há ninguém ali, pois todos estão na sala. Pega um copo e abre a geladeira. Serve-se de uma dose de uísque e se surpreende quando vai colocar o copo na boca e alguém retira o copo de sua mão. Volta-se e vê Cláudio tomar o conteúdo do copo, fazer uma careta, já que não costuma beber e colocá-lo sobre a pia.
- Você prometeu que não ia fazer mais isso.
- Você me assustou... e eu estou em casa, lembra?
- Que é que você tem? - Cláudio pergunta, ignorando a pergunta do irmão. – Está branco como cera.
Wagner não responde. Vai sentar-se à mesa e apanha uma maçã de dentro da fruteira sobre ela, dando-lhe uma mordida. Cláudio estranha seu silêncio e senta-se também diante dele.
- Quem morreu?
Wagner nunca conseguiu esconder nada do irmão. Olha em seus olhos e diz:
- Eu vou ser pai.
Cláudio inicialmente se choca, depois sorri e finalmente fica sério.
- Quê?
- É isso que você ouviu. Eu... vou... ser pai.
Cláudio olha em volta rapidamente e levanta-se, puxando o irmão pelo braço, saindo da cozinha e indo para o quarto de Wagner. Entra com ele, fecha a porta à chave e o faz sentar-se na cama.
- Repete. Eu não entendi. Que estória é essa de “vai ser pai”?
- Lembra da festinha da semana passada? Acho que eu fiz besteira.
- Como assim? Que besteira?
- Alguma coisa aconteceu entre Mônica e eu e... ela... pode estar grávida.
Cláudio demora um tempo para digerir aquela informação.
- Ela confirmou isso?
- Não com essas letras, mas... pra acontecer... e só questão de tempo, a gente nem se protegeu...
O médico fica olhando para ele e mil coisas se passam por sua cabeça.
- Você... transou com ela?
- Eu não lembro de nada, mas ela diz... que sim.
Cláudio encosta-se à parede e respira fundo.
- Ela... confirmou que você... foi... o único?
- Como assim, único? Ela é filha do doutor Jairo. Nunca namorou ninguém. Quantas caras podem se candidatar a essa roubada?
- Havia outros rapazes com vocês, não é?
- Mas ela confirmou que foi comigo. Eu não me lembro de nada, mas ela confirmou. E que tipo de pergunta é essa? Você a conhece melhor do que eu. É uma das garotas mais certinhas da cidade, não é?
Cláudio não responde e fica pensativo.
- Cláudio... pode dizer. Eu estou no mato sem cachorro, não é?
- Nem tanto... - ele responde, quase sem pensar.
- Nem tanto? Não entendi de novo. O que poder ser bom nisso tudo?
- Ela é, como você falou, uma garota muito correta, certinha. Pode vir a ser uma excelente esposa.
- E quem foi que te falou que eu quero ter uma esposa excelente? Eu não quero ter esposa nenhuma. E ainda acho que tenho é uma sorte azarada.
- Sorte azarada? - Cláudio consegue achar graça na expressão. – Por quê?
- Ela não quer se casar comigo. Na verdade, não quer nada comigo.
- Não quer?
- Não, ele responde, mordendo outro pedaço da maçã. – E não me peça pra explicar. Eu mesmo não entendi o que ela pretende. Disse que não quer nem vai me acusar de nada. Vai assumir tudo sozinha, se acontecer o pior. Ela não quer se casar comigo, mesmo se estiver grávida.
- E você ainda reclama da vida? Isso põe fim ao seu drama.
- Nem parece que você vai ser pai, Cláudio. É possível que haja uma criança vindo por aí e eu sou responsável por isso.
- Muito comovente. E daí? Se ela não quer nada com você...
Wagner olha para o irmão, surpreso. Não parece Cláudio falando.
- Você bebeu aquele gole de uísque e ficou diferente. Quem é você e o que fez com meu irmão?
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 13
OBRIGADA E BOM DIA!