RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 12
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE XII
Mônica olha para Wagner que demora a falar e o incentiva, sorrindo:
- Vá em frente.
Wagner continua hesitante e ela ri, virando-se de lado e se apoiando na sacada para olhar de frente para ele.
- Você parece que vai me pedir em casamento, Wagner. O que foi? Nós somos amigos. Fale. É sobre a festinha do nosso aniversário?
O rapaz volta-se também para ela e confirma.
- É... Eu preciso saber do que realmente aconteceu... com a gente... naquela noite. Eu consegui apagar tudo da minha memória. Não consigo lembrar de nada... bebi pra caramba e... só sei que nós estávamos juntos... mas deu pra perceber que antes de eu apagar, você estava bebendo menos que eu... Deve saber de alguma coisa a mais... Eu fiz alguma... bobagem?
- Nada demais... - ela responde, com um sorriso misterioso no rosto. – Nada que um rapaz não faça quando está bêbado... e acompanhado de uma garota.
Wagner sente o coração acelerar.
- O quê?!
Mônica continua sorrindo e toca em sua mão.
- Isso não é um problema. Está tudo bem.
- Eu estou perdido! - ele declara.
- Só se eu quiser... e eu não quero. Eu gosto um bocado de você. O que acontecer vai ser um problema exclusivamente meu.
- Que é que você quer dizer com... o que acontecer? O problema é seu? Que problema?
- Exatamente o que você ouviu. Esqueça o que aconteceu, ela diz calmamente.
- Mas...
- Esqueça, ela diz taxativa.
- Mas qual é exatamente o problema, Mônica? O que aconteceu realmente? Eu preciso ouvir com todas as letras. Não sou muito bom com enigmas.
- Esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um.
- Que tipo de coisa? Você quer dizer que... a coisa complicou?
- Se você quer dizer que uma noite de amor entre dois jovens saudáveis é complicação, tem muita gente complicada por aí.
- Noite de amor? Eu e você? Mas... eu sou só seu amigo de infância. Eu não te amo. A gente... nem namora!
- E daí? A gente se ama de um jeito até mais forte que muito casal de namorado. Amizade também é amor. O Cláudio e a Tânia não eram amigos antes de se casarem?
Wagner passa a mão pela boca seca pelo nervoso e dá alguns passos pela sacada.
- Isso não está acontecendo comigo... E se...
Ele volta para perto dela.
- A gente... a gente chegou às vias de fato?
- E foi muito bom...
- Jesus! – ele sussurra, suando. - E... está tudo bem com você? Digo...
- Calma. É muito cedo pra acontecer alguma coisa, mas mesmo que aconteça, já falei: o problema é meu, só meu.
Wagner sente o chão faltar debaixo de seus pés e precisa encostar-se ao parapeito para não cair.
- Deus do céu! A gente... nem usou proteção. Eu não sabia que ia... Minha Nossa Senhora das Dores! Não, do Desterro! Eu vou acabar sendo expulso de casa por isso! Da cidade talvez...
Mônica sente pena dele e procura acalmá-lo.
- Olha, eu não quero que você dê uma de herói e vá querer, como eles dizem, reparar seu erro. Ainda não aconteceu nada. Eu não quero e não vou me casar com você nem amarrada, se acontecer.
- Por que, não?
- Não, não é por você. Muito pelo contrário. Você é uma gracinha e eu te adoro como amigo, como irmão, mas não gosto de você pra ser meu marido. Você tem uma cabeça diferente da minha. Não daria certo... entende?
- Não muito, mas... a coisa não é tão simples assim. Seu pai vai me matar se o meu não fizer isso antes...
- Já disse que eu seguro a barra. Coloca isso na sua cabeça.
- Eu nunca vi uma garota pensar assim. Eu pensei que a primeira coisa que elas quisessem fosse casar com o cara que... complicou a vida delas.
- Você estava bêbado. Não sabia o que estava fazendo.
- Você sabia... E se sabia por que deixou que acontecesse?
Mônica se cala.
- Você simplesmente deixou, ele diz, sem acreditar. – Por quê?
- Motivos meus... e você é um gatinho. Não resisti. Mas pode ficar certo de que seu nome não vai aparecer e nem eu quero que apareça, senão eu já teria dito alguma coisa pro meu pai, pro seu... Só fique ciente de que eu me diverti muito naquela noite. Você foi muito legal comigo, apesar de estar bêbado. Só te peço pra ficar na sua e não se apavorar.
Wagner desliza até o chão e se senta, colocando o rosto entre as mãos.
- Como não me apavorar, Mônica? Se você engravidar... Isso não é um jogo de xadrez!
- É complicado e divertido como jogar xadrez.
- Divertido?! - ele se levanta novamente. – Você está doida!? Eu não estou sacando o teu jogo. A impressão que eu tenho é de que você... me usou.
- E se for? - ela pergunta, calmamente.
- Brincadeirinha meio sem graça, não acha, não? Que vai ser quando todo mundo descobrir? O Cláudio sabe que eu... posso ter feito mil e umas naquela noite e sua priminha também. Ela já está me acusando de antemão mesmo sem ter certeza. Ele vai sacar tudo. Ele é médico! Sem falar nos meus velhos, no teu pai... Poxa, ele é amigão do meu, do Cláudio. Você vai colocar minha família inteira contra mim por causa de uma brincadeira idiota! Minha vida vai virar um caos! Você não pensou nisso, não?
Ele para e se apoia de novo no parapeito.
- Sem contar que... se de repente eu tiver que me casar com você, vou ter... de cara, mulher e filho pra sustentar... Eu, nem emprego, tenho!
- Isso não vai acontecer, ela afirma, ainda tranquila.
- E posso saber que milagre você vai realizar pra isso ser evitado?
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 12
OBRIGADA E BOM DIA!