RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 11

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XI

Ela olha para a mão dele e, usando de sinceridade, diz:

- Eu não gosto de você, Wagner. Mesmo que eu apertasse sua mão, ia dar no mesmo.

- Eu não estou pedindo pra você gostar de mim, só não quero mais brigar, pelo bebê. Finja que eu não existo, eu faço o mesmo com você e a gente vai viver bem. Só não quero mais discutir por bobagem, como a gente geralmente faz. Pode não te fazer bem...

- E daqui a três minutos estamos nos comendo novamente. Você acha que essa trégua é possível?

- Você não quer nem tentar, não é?

Ela faz uma pausa, abaixa os óculos de novo e responde:

- Não.

O sangue ferve nas veias dele e ele desce do murinho.

- Afinal de contas, que diabos você tem contra mim, criatura? O que foi que eu te fiz? Se é por causa das brincadeiras bobas que eu fazia, quando moleque, de vez em...

- Sempre! Você sempre sentiu uma vontade irritante de me aborrecer, me chamando de perua, mimadinha, filhinha de papai e tudo o mais. Você sentia um ciúme doentio do Cláudio e não queria que ele se casasse comigo... acho que com ninguém! Pra você, ele era como seu pai e você queria descontar a perda dele em mim.

- Bem, mas do que interessa isso agora? Vocês são casados e felizes, não são?

- Você sabe que metade disso não é verdade, justamente por sua causa mesmo!

- Como assim? Vocês... não são felizes?

- Você continua disputando ele comigo! Na verdade, às vezes, eu tenho vontade de sair de Casa Branca pra levar ele pra longe de você!

- Você ficou maluca. Em que eu atrapalho por amar meu irmão? Eu não durmo no meio de vocês.

- A sua culpa não é tão visível assim. Acontece que, de uma forma ou de outra, você exerce uma influência muito grande sobre o meu marido e ele ouve religiosamente tudo que você diz e acredita e vive protegendo você. Você consegue envenenar o Cláudio contra mim!

Wagner dá uma gostosa gargalhada e volta a sentar-se no muro.

- Que piada! Eu enveneno o Cláudio? - ele pergunta, apontando para o próprio peito. - Essa é ótima! Meu irmão tem a cabeça feita, dona. Ele faz o que quer e pensa nas pessoas e nas coisas com as ideias dele. Eu não exerço nenhum tipo de influência sobre ele. Encontre outra desculpa. Essa não colou.

- Eu não quero que você concorde comigo. Eu penso assim e não adianta querer fazer as pazes comigo. Eu não posso ser amiga de quem quer me ver pelas costas. E de alguém que talvez tenha estragado a vida da minha prima também, pra variar...

- Ei! Que estória é essa? Que prima?

- A única que eu tenho: Mônica. Você sabe muito bem.

- E... como eu posso ter estragado a vida dela? Você está falando exatamente do quê? - ele abaixa o tom de voz.

- Todo mundo lá dentro pode ter esquecido, mas eu não. O final de semana passado em que você, ela e a sua turminha passaram a noite fora e voltaram pra casa no dia seguinte, de porre. Você acha que enganou a todo mundo, mas não a mim. Se daqui alguns meses, ela não aparecer com uma novidade como a minha, eu dou minha cara a tapa.

Wagner fica boquiaberto.

- Cala essa boca, sua megera! Você não sabe o que está dizendo...

- Basta esperar, ela diz, calmamente, colocando a mão na barriga e sorrindo.

Levanta-se e se afasta, entrando na casa. Wagner encosta-se ao pilar e abraça-se a ele, olhando ao longe, tentando ruminar o que ouviu da cunhada. Sente o coração bater a mil por minuto. Precisa se lembrar do que realmente aconteceu naquela noite.

Já havia parado de pensar no assunto, porque tudo sobre ela era só um chegar à casa de Beto e sair da casa de Cláudio no dia seguinte. Não se recordava da festa em si, nem de nada sobre ela.

Resolve falar com a própria Mônica que é a maior envolvida no problema. Só ela mesma pode responder suas dúvidas. Ele ficou tranquilo até aquele dia, porque ela não falou mais no assunto com ninguém e deu a entender que estava tudo bem. Que tudo tinha sido só uma inconsequência inocente de jovens querendo se divertir, mas pelas palavras de Tânia, a coisa podia ter ido mais além. Podia apenas ser intriga da cunhada para deixá-lo com a pulga atrás da orelha, mas não custava averiguar.

Aproveitando que Mônica estava ali na fazenda, ele a procura pela casa toda e não a encontra lá dentro com os outros. Sai e, do jardim, olha para a casa de novo e a vê apoiada na sacada do quarto de hóspedes onde dormiu aquela noite. Ela também o vê de longe e sorri. Wagner acena para ela, sinalizando que vai subir para lhe falar. Ela apenas balança a cabeça, confirmando que vai esperá-lo.

Ele sobe correndo e encontra a porta do quarto semi-aberta. Mônica está no mesmo lugar.

- Posso entrar? - ele pergunta.

Ela apenas olha para trás e responde:

- Você está na sua casa...

Ele se aproxima dela e quer saber:

- Por que você está isolada aqui?

- Eu não estou isolada. Estou sozinha, é diferente. A porta estava aberta, você viu.

- Mas você devia estar lá embaixo, com todo mundo. Meu pai gosta um bocado de você. E com um dia lindo assim, é um pecado ficar aqui dentro do quarto.

- Está mesmo, ela diz, com um leve sorriso. – Mas eu já cumprimentei seu pai pelo aniversário e hoje as pessoas mais importantes aqui são ele mesmo e o Cláudio e a mulher, que vão dar o primeiro neto a ele. Ele deve estar muito feliz. De mais a mais, está muito quente e daqui também dá pra sentir o dia... sem ser importunada por ninguém e sem contar com essa aragem gostosa. Eu amo a vista do jardim do Salomão.

- Estou te importunando? Quer que eu...?

- Não, claro que não. Você tem alguma coisa pra me dizer, senão não viria aqui. Faz tempo que a gente não se fala aqui na sua casa.

Ele apoia as mãos na sacada e olha para a vista ao longe.

- É... tenho sim.

Mônica olha para ele que demora a falar e o incentiva, sorrindo:

- Vá em frente.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 11

OBRIGADA! BOA TARDE!

Velucy
Enviado por Velucy em 31/01/2018
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