RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 9
ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA
PARTE IX
No consultório, Jairo apanha seu jaleco branco pendurado num cabide e o coloca calmamente. Depois se senta à mesa e espera para ouvir o que Cláudio tem a dizer.
- Doutor, eu... queria lhe pedir desculpas por ontem.
- Sobre o quê? - Jairo pergunta tranquilamente.
- Sobre... a sua filha ter chegado de manhã em casa... Sobre meu irmão...
- Não se preocupe, Cláudio. Eu achei melhor deixar isso de lado. Não posso investigar a vida de cada rapaz da cidade que sai com minha filha e, mais do que tudo, não posso culpar o Wagner por um deslize dela. Não, sendo ele filho e irmão de quem é. Mônica está bem.
- Mas...
- Esqueça, Cláudio, eu já esqueci, ele diz, apanhando o estetoscópio em sua valise sobre a mesa e colocando-o em volta do pescoço.
- Então, o senhor não vai conversar com meu pai?
- Não, a não ser que ele venha falar comigo primeiro.
Cláudio estranha, mas respira discretamente aliviado. Reação que Jairo não nota.
- Vamos trabalhar? - Jairo pergunta.
- Estou fazendo isso desde as cinco.
- Então vá tomar seu café, você merece.
- Eu estava fazendo isso, quando o senhor chegou.
- Então...
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Uma hora. Jairo, Mônica e Cláudio vão almoçar juntos no restaurante próximo à Santa Casa.
- Bárbara me disse que você vai ser o diretor do orfanato dela. É verdade? - Jairo pergunta.
- É. Ela me convidou na semana passada. Eu não pude deixar de aceitar. Ela disse fez uma pseudo-eleição com as crianças e eu acabei sendo eleito, por ser o médico de que elas mais gostam. Já que sou o único que trabalha com elas. Ganhei da irmã Ruth e da irmã Helena.
Os três riem.
- E eu também gosto muito deles todos.
- Mas isso não vai prejudicar seu trabalho aqui no Santa Mônica e na Santa Casa, vai?
- Não, só vou acumular a incumbência de assinar alguns papéis. Eu vou continuar indo lá apenas duas vezes por semana para examinar as crianças, como sempre foi.
- Você devia ter seus próprios filhos. Já passou da hora.
- Terei, doutor. Pode deixar, diz ele.
Tânia aparece de repente e se aproxima de Cláudio por trás dele, abraçando-o e beijando seu rosto.
- Aposto que estão falando de mim, diz ela, apoiando as mãos nos ombros do marido.
- Adivinhou. Estávamos mesmo, diz Jairo, sorrindo.
Ela senta-se na cadeira vaga ao lado de Cláudio.
- Já almoçou? - ele pergunta.
- Já, em São José. Eu ia passando de volta para casa e vi vocês aqui. Resolvi parar. Não atrapalho, não é? - ela pergunta, olhando para Mônica.
- De maneira alguma, responde Jairo.
- Está tudo bem com você, prima? - Tânia pergunta, com uma doçura forçada. – Eu soube que você não passou muito bem ontem.
- Estou bem, sim, obrigada, Mônica responde, tomando um gole de suco.
- Estávamos falando justamente dos seus filhos. Seus e do Cláudio, diz Jairo.
- Então vocês não se importam se eu tirar meu marido daqui justamente por causa deles, não é? - ela diz, com um largo sorriso.
Cláudio olha para ela intrigado. Tânia pega a mão dele e o puxa pelo braço parecendo muito feliz. Jairo entende o sorriso e diz:
- Estejam à vontade!
Os dois se afastam. Mônica acompanha os dois com os olhos e pergunta:
- O que será que ela quis dizer com isso?
- Você não faz ideia, filha? Do jeito que os olhos dela brilhavam... Logo teremos novidades, diz ele, tomando um gole do suco de laranja a sua frente. – Acho que meu irmão vai ser vovô finalmente.
Mônica não parece ficar tão satisfeita quanto o pai. Passa um guardanapo pela boca e apanha sua bolsa, erguendo-se.
- Vamos voltar pro hospital, papai?
- Vamos, ele concorda um tanto surpreso com a pressa dela.
Tânia anda silenciosa por alguns minutos pela praça da matriz que fica na frente da Santa Casa, segurando a mão do marido entre as suas, até que ele quebra o silêncio.
- Eu pensei que você tivesse alguma coisa pra me dizer...
- E tenho... É que... eu não consigo começar... - ela diz, parando e ficando de frente para ele. – Eu estou vindo do meu médico agora...
- Qual deles? O Giovanni?
- É...
Cláudio respira fundo sutilmente, pois tem uma vaga ideia do que ela vai lhe dizer, mas apenas pergunta:
- E...?
- Você não quer nem chutar? Não é muito difícil de adivinhar, ela diz com um ar muito especial que ele nunca viu no rosto dela, tocando a barriga.
- Você... está grávida?
Tânia confirma sorrindo e enlaça os dedos da mão direita na mão dele com ternura, esperando sua reação, como uma criança que espera um presente de aniversário.
RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA
PARTE 9
OBRIGADA E BOM DIA!