RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 7

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE VII

No caminho de casa, Cláudio resolve soltar tudo que está preso em sua garganta desde aquela manhã.

- Por que você veio contar logo pra sua mãe sobre o meu irmão ter chegado em casa bêbado?

- E não é a verdade? Por que eu esconderia da minha mãe? Queria ter ido dizer pro meu pai e que ele publicasse no Jornal de Casa Branca.

- Você sabe que essa intriga sua com o Wagner me deixa muito mal, não sabe? Nunca achei certo que você fique falando mal dele pra sua família. Seu pai sempre foi amigo do meu e não dá pra entender essa atitude sua. Até parece que você é de outra família, Tânia. Não cabe mais esse tipo de coisa depois de oito anos de casamento. Eu trabalho no hospital do seu tio, caramba! Não dá pra dar uma folga?

- Você adora defendê-lo. Eu não. Ele merece uma lição.

- Será porque ele é meu irmão? Se você tivesse um, faria o mesmo. Ele nunca te fez nada.

- Não fez nada?! Ah, agora você não se lembra mais, não é, meu amor? Esqueceu que ele era um garoto importuno e mal educado que sempre se metia nos nossos encontros quando a gente namorava?

- Nós quase nem namoramos, Tânia. A gente era só colega de escola.

- Pouco antes do casamento, ele já não gostava de mim e fazia de tudo pra perturbar a gente. Ele conseguiu nos perturbar até na cerimônia na igreja. Lembra disso?

- Isso já passou. Ele cresceu e se você não fala com ele, ele nem lembra que você existe. Nem olha pra você. A gente mora aqui na cidade e ele na fazenda, há quilômetros daqui. É você que implica com ele.

- É claro. Você sempre fica do lado dele. Já me acostumei com isso. Eu nunca mereci consideração nenhuma sua nesse caso.

- Mereceria se tivesse razão. Os seus motivos são sempre muito infantis. Você também não tem consideração por mim.

Ela se cala e aperta o passo, indo na frente dele, nervosa. Para perto do carro e cruza os braços, ficando em silêncio.

Cláudio encosta-se no muro diante do sobrado, olhando para a rua. Tânia resolve reconsiderar, para não perder o final de semana e se aproxima dele, apoiando-se em seu peito. Pergunta, já sem nenhum sarcasmo na voz:

- Não fica zangado comigo por isso, amor...

Ele olha para ela, meio surpreso, sentindo a diferença de comportamento e responde:

- Não... Estou só cansado de sempre discutir com você pelo mesmo motivo... Mas por que isso agora? Que diferença faz?

- Tenho sido uma chata ultimamente, não é? - ela pergunta, deslizando a mão em seu peito.

Cláudio consegue sorrir ao vê-la tão humilde e carinhosa.

- Um pouquinho. Às vezes, você parece mais criança que a Elis.

Tânia aproxima o rosto do dele e beija sua boca, apaixonada.

- Eu te amo... Acredita?

Cláudio retribui o beijo também e percebe que perder o domingo por um problema que está longe de ter solução naquele momento, não vale a pena.

- Você podia ser sempre assim, se fizesse um pouco de...

Ela o interrompe com outro beijo, mais quente.

- Eu ainda vou te provar o que eu estou dizendo. Eu te amo e quero tentar unir a gente muito mais. Eu vou conseguir. Não vai demorar.

Ele a olha nos olhos.

- Vamos entrar ou ficar aqui na rua, namorando? Os vizinhos não vão gostar muito... - ele sussurra, beijando-a de novo.

- E se a gente continuasse de onde parou hoje de manhã? Lá em Poços tem lugares muito gostosos... e mais românticos.

Ele olha no relógio, afasta-se dela e vai para perto do carro. Entram no Mercedes e ele põe o carro em movimento, rumo à saída da cidade.

Na casa de Jairo Telles, tio de Tânia e pai de Mônica, o clima é de muita tensão. Jairo é um médico de trinta e seis anos, viúvo, que vive apenas com a filha de dezessete. Desde o falecimento da mulher, de quem era separado, há doze anos, ele não tem feito outra coisa a não ser viver dos cuidados com seu hospital e com sua filha única a quem ama apaixonadamente.

Neste momento ele está em seu escritório com o irmão Jorge e anda impaciente de um lado para outro.

- Não adianta ficar assim, Jairo. A menina já está em casa. Está bem. Não se preocupe mais.

- Como não me preocupar, Jorge? Ela chegou às seis e meia da manhã, na companhia de três moleques que eu mal conheço. Ontem ela saiu daqui com o filho do Leonardo!

- Como mal conhece? São todos da cidade. Você conhece o filho do Humberto Lage e ele não é tão mal assim. É maior e teve uma boa educação. Só é um pouco... largadinho, não estuda... mas não deve ter havido nada de mais grave. E, de mais a mais, a Mônica é uma moça ajuizada. É jovem e quis se divertir comemorando o aniversário. Ela tinha esse direito, meu irmão.

- Eu quis fazer uma festa pra ela, mas ela não quis. Me proibiu até de pensar nisso. Como então resolveu comemorar com um bando de... desocupados? Ela não tem nada a ver com nenhum deles.

- Claro que tem. Eles são jovens como ela, Jairo.

- Você fala assim porque sua filha já é casada e bem casada. Não tem mais problema com filha solteira. Não tem mais com o que se preocupar. Eu morro de medo que a Mônica não chegue aonde a Tânia chegou.

- Ela vai chegar, Jairo. Não tenha medo. Eu ainda acho que só a presença do filho do Leonardo lá com ela, já é garantia de que não houve nada demais. Eles só se excederam um pouco na bebida e perderam a hora, mas ela disse que não bebeu e que havia outras garotas com ela. Então está tudo bem.

Jô, a governanta da casa, entra pedindo licença.

- Doutor Jairo, ela acordou...

Jairo dirige-se para a porta apressado. Jorge o chama:

- Mano!

Ele se volta.

- Calma. Vá com calma.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 7

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/01/2018
Reeditado em 20/09/2020
Código do texto: T6240127
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