RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 6

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA...

PARTE VI

Cláudio toma café com os pais, passa algum tempo com eles na fazenda e volta a Casa Branca. Vai buscar Tânia na casa dos sogros que moram duas casas acima da dele na mesma Rua Luís Gama.

Bárbara Telles, mãe de Tânia, é dona do único orfanato da cidade que fica no bairro do Desterro, na periferia da cidade. Este orfanato cuida de duzentas e cinquenta crianças com idade variável de zero a doze anos e se mantém com a boa vontade de empresários e cidadãos influentes da cidade e da região, e da própria família Telles.

Bárbara é casada há vinte e oito anos com Jorge Antônio Telles, dono do Jornal de Casa Branca. Jorge é irmão de Jairo Antônio Telles, médico cardiologista e pai de Mônica, a moça que foi também comemorar seu aniversário com Wagner, o que o fez dormir fora de casa pela primeira vez e que causou toda a reviravolta em sua vida.

Ao chegar à casa dos sogros, Cláudio encontra a sogra com uma enorme dor de cabeça, mas isso não a impede de recebê-lo com um sorriso. Ela lhe beija o rosto.

- Meu querido, você precisa aconselhar seu irmão. Ele vai acabar colocando sua família numa situação muito difícil.

Cláudio olha para Tânia, sentada no sofá, diante da televisão ligada, depois, voltando-se para Bárbara, pergunta como não sabendo o que aconteceu:

- Por quê? O que ele fez?

- Ora, Tânia falou que ele passou a noite na rua, não foi?

Ele respira fundo e, pegando as mãos de Bárbara, a acompanha até uma poltrona.

- Não foi nada demais. Nada que um rapaz da idade dele não faça, hoje em dia, Bárbara. Ele foi só comemorar o aniversário com os amigos. Você não vai comentar nada disso com meu pai, não é?

- Mas, filho, ele já não sabe?

- Não... não tudo...

Tânia olha para ele com um sorrisinho e balança a cabeça.

- Alguma coisa tem que ser feita, Cláudio, continua Bárbara. – Sabe quem estava com ele e aquela turminha maluca dele?

- Não... Quem? - ele pergunta, lamentando a mentira, mas já sabendo a resposta.

- A minha prima Mônica! - Tânia responde antes dela, tendo prazer em dizer. – E se ele voltou bêbado de uma festinha de arromba com ela, adivinha o que deve ter acontecido...

Cláudio não consegue mais evitar e sente o sangue ferver nas veias. Só não fala o que está pensando por respeito à sogra. Bárbara continua, massageando as têmporas:

- Ela chegou hoje de manhã em casa em companhia de três rapazes num carro. Se não me engano, um deles era o filho do Lage, Beto. Wagner não estava com eles, mas a Mônica disse que ele estava na tal festinha o tempo todo. Disse que foram comemorar o aniversário dele e dela na casa do Lage. O Jairo está furioso com todos, mas principalmente com Wagner, por ser praticamente da família, e quer muito falar com seu pai.

- Eu não acredito que ele tenha feito nada de errado, Bárbara. O Wagner pode ser tudo, mas não é esse tipo de rapaz. Ele não faria nada que prejudicasse a Mônica. Eles se conhecem desde criança e...

- Bêbado, ele prejudicaria sim, interrompe Tânia. – Um homem embriagado não tem controle sobre nada e pode perfeitamente se exceder, ainda mais na idade dele.

- É isso, Cláudio. Numa situação assim tudo pode acontecer, não é?

- Principalmente com o pouco juízo que ele tem, Tânia insiste, sempre irônica.

Cláudio se senta ao lado de Bárbara e pede:

- Bárbara, tente persuadir o doutor Jairo a não falar com meu pai sobre isso. Eu não queria, mas já armei uma mentira enorme pro meu pai não se aborrecer com o Wagner, porque eu confio que não aconteceu nada de mais grave. Faz isso por mim, por favor. Seria um desgosto enorme pro meu pai, ainda mais se ele receber uma reclamação do amigo. Você sabe como ele gosta e respeita demais o doutor Jairo. O Wagner prometeu pra mim que não repete dose.

- E você tem certeza de que ele cumpre a palavra? Ele é tão imprevisível...

- Tenho, absoluta! Ele chegou muito assustado na fazenda, com medo que meu pai não acreditasse.

- Falta de vergonha... Tem medo, mas não tem vergonha, diz Tânia.

- Filha, pare de colocar mais lenha na fogueira, diz Bárbara. - A situação já está bem complicada e, de mais a mais, é a primeira vez que ele faz isso, não é, Cláudio?

- A Tânia tem um calo que dói sempre que o assunto é o meu irmão. Eu não aguento mais isso, ele diz, olhando para a mulher.

- Eu nunca gostei dele, desde antes de me casar com você. Você sabe disso. Nunca foi novidade.

- Imaginei que os dois cresceriam e isso acabasse.

- Ele nunca deixou de ser criança, uma criança bem inconveniente, diga-se de passagem.

Cláudio ia continuar, mas Bárbara coloca a mão em seu braço e o impede.

- Eu vou tentar falar com o Jairo. Jorge foi até a casa dele. Ele também ficou muito preocupado com a sobrinha. Desde ontem tentam saber o paradeiro dela. Graças a Deus e a Nossa Senhora das Dores, tudo está bem. Vou pagar a promessa que fiz a ela hoje na matriz. Agora está tudo bem.

- Eu te agradeço, Bárbara, diz ele, beijando as mãos dela.

Levanta-se e pede:

- Vamos indo, Tânia?

Ela se levanta, apanha a bolsa e aproxima-se da mãe.

- Tchau, mamãe. Vejo você amanhã.

- Tchau, meu bem. Procure ser um pouco mais complacente com seu cunhado, amor.

- Vou tentar, se ele um dia criar juízo também... - ela fala, olhando para o marido.

Ele pega sua mão e os dois saem.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 6

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/01/2018
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