TEACHER VII - PROPOSTA TENTADORA - CAP. 13
PROPOSTA TENTADORA – Capítulo 13
Quando Gerson tomou Laura nos braços e começou a dançar com ela, tratou de começar a se desculpar.
- Juro que a culpa não foi minha. Eu estava ali quietinho no meu canto e ela foi pedir minha ajuda pra tirar você dele. Acho que ela chegou mais cedo só pra isso.
- Você anda conivente com muita coisa pouco ortodoxa ultimamente, professor Gerson. Onde está o decoro dessa Universidade? – ela brincou.
Ele riu.
- No coração dessa molecada. Você é prova disso e não vai negar. Tudo bem com o bebê? Pergunto dele porque com você, vê-se de longe que está. Você está muito bem, Laura.
- Obrigada pelo elogio. O bebê está ótimo.
- A ideia da Tereza até que foi boa. Eu preciso mesmo falar com você.
- Ah, não foi desculpa pra ela roubar meu marido de mim.
- Não totalmente. Eu quero te fazer uma pergunta e dependendo da resposta, um convite.
- Pergunta? E qual é?
- A Carla vai se casar em fevereiro, sabia?
- A Carla? Até que enfim! Um noivado de quase cinco anos. Já estava na hora.
- Por causa do seu marido.
Laura olhou para ele, assustada.
- O quê?
- O noivo acha que ela anda dançando demais com o Rupert nos bailes e resolveu apressar a coisa porque sabe... da fama do rapaz.
Ela riu.
- Eu não acredito!
- Pergunte a ela. Essa vai ser a última vez que a Carla dança ou é madrinha de um aluno.
- Sorte do Rupert, mas o que isso tem a ver com o convite que você vai me fazer?
- Você está de férias, não é? A sua licença maternidade já acabou em dezembro, não foi?
- Eu praticamente não tive licença maternidade. Foi uma licença saúde meio longa, mas... fazendo as contas, meu bebê está com quatro meses, então... estou de férias, sim.
- E vai voltar a trabalhar em fevereiro?
- Não sei, Gerson. Meu filho ainda está tão pequenininho... Está tão bom ficar em casa curtindo ele...
- Mas toda professora passa por isso quando tem filho: quatro meses de licença gestante, um mês de férias e volta à labuta. Você não sente saudade das suas... “crianças”?
- Claro, muita, mas...
- A Carla vai parar de lecionar em São Paulo, depois de casada. Ela já pediu remoção para Ribeirão Preto. O futuro marido é de lá.
- E...?
- E os Segundos, Terceiros e Quarto anos do T.I. vão fica sem professora e não estamos querendo trazer ninguém de fora pro lugar dela... se tiver alguém de dentro, tão bom quanto ela pra preencher a vaga.
- Você está se referindo a mim?
- É. Já conversei com o Dário e ele está de acordo. Pediu só pra conversar com você.
- Não posso, Gerson. O Leonardo é muito pequenininho ainda. Precisa muito de mim...
- Até o começo do ano letivo ele já vai estar com quase seis meses, Laura.
- Ainda muito pequeno.
- Te dou até o final desse mês pra pensar. No início de fevereiro você me dá a resposta.
- Tenho que falar com o Rupert.
- Não acredito que ele vá ficar contra. Ele não é tão sacana a ponto de impedir você de continuar no curso da sua carreira que era tão brilhante e ele interrompeu, ainda que por um bom motivo.
- Não fale assim! Ele não me obrigou a nada.
- Eu sei, mas não é isso que está em discussão. Então, aceita? Se você aceitar, eu falo com ele pessoalmente, de homem pra homem. Já que ele não é mais nosso aluno.
- Não sei... Posso pensar?
- Claro, já te dei até o final do mês. Pense com carinho.
- Vou pensar. Gerson, você sabe do Matheus?
- Está de férias em Minas com a mãe. Está com saudade dele?
- Claro que não! Que ideia! Mas eu fico preocupada. Até pouco tempo ele era meu amigo e colega de trabalho.
- E namorado... Gerson disse, sorrindo sutilmente.
Laura olhou feio para ele.
- Falei alguma mentira?
Ela não respondeu.
- Não se preocupe com ele. O Matheus vai sobreviver. Noventa e um está começando e tudo vai se encaixar de novo. Tenho certeza disso.
A música acabou e iniciou outra mais dançante. Rupert se aproximou dela novamente.
- Você está fazendo muito bem a nossa professora, Rupert. Obrigado por isso. Espero que você a deixe voltar a trabalhar esse ano e fazer o que ela mais gosta de fazer.
Gerson bateu no ombro dele e afastou-se. Ele olhou para Laura, sem entender, e ela pegou sua mão e os dois voltaram para a mesa.
- E a Tereza? – ela perguntou.
- Foi tirar fotos com a turma da sala.
- Ela está ficando bem saidinha. Teve coragem até de usar o Gerson pra tirar você pra dançar.
- Ela não fez por mal. Estamos no nosso baile. Praticamente não vamos nos ver mais depois de hoje.
- A gente mora na mesma rua, esqueceu?
- Mas eu vou ficar fora o dia inteiro e... Ah, Laura, não me diga que você está com ciúme da Tereza.
- Eu tenho todos os motivos pra ter ciúme dela, não tenho? Tomara que essa coragem dela não persista justamente por sermos vizinhos. Não é ela que vai dormir na varanda...
Ela olhou muito séria para ele, depois se aproximou da mesa e de Luíza, pegando Leonardo que dormia nos braços dela.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 13