TEACHER VII - FECHANDO A CONTA - CAP. 9
FECHANDO A CONTA – Capítulo 9
Na manhã seguinte, Rupert estava na cozinha, tomando seu café para sair para a faculdade e Laura entrou e ficou olhando para ele que desde o dia anterior não tinha falado com ela ainda, depois da discussão que tinham tido quando ele ficou sabendo da ida de Matheus até sua casa.
- Está zangado comigo?
- Não, claro que não... ele respondeu.
- Não quis ir atrás de você ontem pra não te irritar mais. Me deitei e acabei dormindo, nem vi quando você se deitou. Não gosto de dormir brigada com você, Rupert.
- A gente não brigou, Laura.
- Mas você não estava comigo na cama quando eu dormi e estava zangado. Dá no mesmo pra mim. O que você decidiu sobre o Matheus?
Ele se levantou da mesa, foi até a pia, lavou e colocou a xícara no escorredor de louça, depois aproximou-se dela, beijando sua testa.
- Preciso ir. Até a noite, amor.
- Rupert!
- Vai ficar tudo bem, depois que eu falar com ele. Não se preocupe com isso.
- Rupert…
- Não se preocupe, Laura, ele repetiu. - Ele fez as coisas do jeito dele, não foi? Agora eu preciso fazer as coisas do meu jeito. E pode deixar que eu não esqueci tudo que eu devo a ele. Vou levar tudo isso em conta. Fique sossegada. Eu te amo.
Ele a beijou e saiu.
Na faculdade, o movimento de alunos estava bem menor com as férias de dezembro chegando. O Quarto T.I. teve as duas primeiras aulas do mesmo professor que apenas deu as médias finais dos alunos em sua matéria e os dispensou. Rupert aproveitou e foi até o campus de exatas e procurou por Matheus.
Foi encontrá-lo na sala dos professores, conversando com um colega. Matheus o viu na porta e pediu licença ao professor com quem conversava e se aproximou.
- Posso ajudar? – perguntou, como se não o conhecesse.
- Pode sim, professor. Preciso falar com você, mas não pode ser aqui.
Matheus olhou para o colega, avisou que voltava logo, e saiu com ele. Foram até o jardim entre os campi de exatas e humanas e Matheus parou, virou-se para ele e esperou.
- Está com tanto medo de mim assim? - Rupert perguntou. - Por que aqui? Eu não vou bater em você. Não faria isso aqui na faculdade.
- O que você quer?
Rupert respirou fundo e começou:
- Vim fazer uma coisa que eu nunca fiz formalmente e já devia ter feito há muito tempo...
- O quê?
- Te agradecer por tudo que você fez por mim durante o começo da minha vida como estudante pra evitar que ela não parasse. Se eu estou aqui hoje é grande parte sua causa.
Matheus baixou os olhos.
- Mas quero te pedir... pra nunca mais ir até minha casa, se eu não estiver lá. Eu não sou o mesmo moleque que você acha que eu ainda sou. Procura me respeitar, como eu acho que ainda te respeito. O que você fez no dia do baile quase me fez perder esse respeito que eu tinha por você. Ainda sobrou um pouquinho. Você é um ótimo professor de Matemática e... um dia... e não vai demorar muito, se Deus quiser, eu vou ser um profissional como você e quero merecer esse respeito. Você pisou na bola naquele dia, mas até entendo por que e espero que seus alunos também tenham entendido. Mas não se aproxime da Laura... da minha mulher e do meu filho, se eu não estiver por perto. Não me provoque.
Matheus ficou olhando para ele, com expressão dura no rosto.
- Você está muito confiante, não é? Acha que sua vida vai ser um mar de rosas porque conseguiu conquistar uma mulher mais velha e acha que está a altura dela... mas não está, não está! Você vai perceber isso logo e não vai demorar muito. Você vai envelhecer e ela também, e os anos vão te mostrar isso de uma forma que eu não posso fazer. A Laura é uma mulher linda, em seus trinta e quatro anos, mas em dez anos, se esse seu casamento de conto de fadas durar tudo isso, você vai perceber a diferença quando ela não corresponder ao que você precisa.
Rupert passou a mão pelos cabelos e balançou a cabeça, de certa forma respeitando aquele pensamento dele.
- Obrigado pela preocupação, mas eu espero ver tudo isso todo dia, se você me permite, com ela do meu lado. Não se preocupe comigo. Isso é só da minha conta e da conta dela. Não se preocupe com a gente. E... obrigado por me ouvir. Desculpe ter tomado seu tempo, professor. Boas férias.
Rupert afastou-se. Matheus passou a mão pelo rosto e voltou para dentro do campus.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 9