TEACHER VII - COMA - CAP. 2
COMA – Capítulo 2
Na sala de parto, uma hora depois, Rupert e Laura não puderam se falar. Apenas se viram e deram-se as mãos por um instante.
Rupert viu o filho nascer, com os olhos cheios de lágrimas. Era realmente um menino que foi levado da sala pela enfermeira, depois de seu choro tradicional e dos poucos segundos em que Rupert e Laura puderam vê-lo.
Em seguida, Hélio pediu alguma coisa à enfermeira-chefe e ela colocou o rapaz para fora da sala de parto.
Já fora da sala, ele perguntou o que havia acontecido.
- Sinto muito, papai, o doutor Hélio pediu pro senhor esperar aqui fora.
- Por quê?
- A mãezinha teve um pico de pressão bem importante e o médico precisa estabilizar isso. Por favor, espere aqui. Vai ficar tudo bem.
Ela voltou para dentro do corredor, atravessando uma cortina de plástico pesada e translúcida e ele não pode segui-la porque o segurança não deixou.
Rupert tirou a vestimenta branca que tinha colocado para assistir ao parto e foi para a sala de espera. Tereza e Décio estavam lá. Ele se abraçou com Tereza e começou a chorar.
- Ele é tão lindo, Tê. Meu filho é muito lindo!
Ela o levou a sentar-se e procurou acalmá-lo.
- O que foi que aconteceu, Rupert? – ela perguntou, depois de um tempo.
- Teu garoto já nasceu, cara? – Décio quis saber.
- Nasceu... ele disse, enxugando o rosto. – É um menino... Um garoto lindo.
- Graças a Deus! Mas o que aconteceu? Você saiu de lá tão assustado.
- O Hélio pediu pra enfermeira me tirar da sala de parto de repente.
- Por quê?
- A enfermeira me disse que a Laura teve... um pico de pressão... importante... A pressão dela deve ter subido muito pelo que eu entendi. O Hélio me falou que isso podia acontecer... A Laura deve ter tido alguma coisa grave depois que o bebê nasceu, sei lá. A gente vai ter que esperar ele vir falar comigo.
Ele apoiou a cabeça nas mãos.
- Fica tranquilo, Rupert. Vai ficar tudo bem, disse Décio, tentando mudar de assunto, para acalmá-lo. - Fala aí... Como é teu garoto?
- É lindo… Ele é muito lindo… Mas eu não estou a fim de falar dele agora não, Décio. Desculpa...
Décio achou melhor não insistir e se calou. Esperaram por mais de meia hora e finalmente Hélio surgiu por trás da cortina de plástico. Rupert levantou-se rápido.
- Hélio...
- Parabéns, Rupert! Você é pai de um garotão lindo e saudável... mas você já sabe disso...
- Ele está bem?
- Está, apesar de prematuro, ele está bem. Está na incubadora e não corre nenhum perigo.
A expressão de Hélio não convencia Rupert.
- E... E a Laura?
- Ela está na UTI, no balão de oxigênio. Estou fazendo tudo que posso.
Rupert sentou-se pesadamente na cadeira ali perto e voltou a apoiar a cabeça nas mãos e Hélio fez um sinal para uma enfermeira que tinha vindo atrás dele que lhe aplicasse uma injeção. Rupert mal sentiu a picada.
- Tereza, por favor, leva ele praquele sofazinho que tem na recepção do hospital. Ele vai ficar melhor lá. Fica lá com ele, por favor. Volto quando tiver notícias.
A moça tinha lágrimas nos olhos e levou Rupert até o sofá. Ele foi com ela feito um autômato. Décio aproximou-se do médico.
- Ela tem alguma chance, doutor?
- Não diz nada pra ele, por favor, Décio. Eu sei que você é amigo do Rupert... Estamos fazendo o possível, mas... clinicamente... A pressão dela aumentou muito e ela entrou em coma, minutos depois que o bebê nasceu. Foi só o tempo de ver o filho. A Laura está viva ainda porque tem alguma coisa maior que nós tentando mantê-la vida. Nós não podemos fazer muita coisa mais a não ser... esperar.
Décio sentiu as lágrimas virem aos olhos.
- Não pode, gente... Isso não pode estar acontecendo...
- Também acho que não, disse Hélio. – Você crê em Deus?
Ele balançou a cabeça confirmando.
- Reze... Reze então. Já vai ser de grande ajuda.
Hélio bateu no braço dele e voltou por onde tinha vindo.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 2