TEACHER V - CARTAS NA MESA - CAP. 5
CARTAS NA MESA – Capítulo 5
Laura mal havia chegado em casa e recebeu a visita de Matheus que já entrou no apartamento muito enciumado perguntando onde ela havia estado. Laura não quis mais mentir e contou a verdade.
- Eu dormi... na casa do Rupert.
Os olhos dele ficaram grandes pelo susto.
- O quê?
- Foi o que você ouviu. Eu dormi na casa do Rupert, Matheus.
- Você só pode estar brincando, Laura.
- Não, não estou, e se você quiser ouvir a estória com calma, eu te conto tudo. Sente-se.
Matheus apenas deixou-se cair no sofá e continuou olhando para ela, abismado. Laura foi apanhar uma bebida para ele que a segurou quase que automaticamente.
Ela sentou-se numa poltrona ao lado e começou seu relato. Contou toda sua estória nos últimos meses. Matheus ouviu a tudo em silêncio, meio zonzo.
- O mal estar que eu senti essa semana não é nada mais nada menos do que pela gravidez, pelo bebê que eu vou ter... do Rupert, ela finalizou, calma.
Matheus continuou olhando para ela indignado. Colocou o copo sobre a mesinha e levantou-se.
- Como você foi capaz... de fazer isso comigo, Laura?
Ela baixou os olhos para a mão sobre o braço da poltrona, sentindo pena dele.
- Eu sempre te amei... Nunca menti pra você...
Laura ficou ainda em silêncio.
- Você... teve a coragem de me enganar por quase um ano! Me fez bancar o palhaço, acreditando que eu ia me casar com você um dia... e agora você me diz que está grávida daquele... moleque!
- Ele não é um moleque!
- Moleque, sim! – ele gritou. – Um moleque que não teve coragem nem de te assumir diante de todo mundo com medo de perder a droga do curso que vai garantir ainda pra ele um emprego pra te sustentar! Um colegial imaturo, é isso que ele é!
Laura fechou os olhos e não respondeu.
- Ele mentiu pro Gerson, que era reitor interino na época do acordo.
- Você foi o responsável por esse acordo absurdo que apressou tudo...
- Não interessa! Isso não vai ficar assim!
- Só se você contar, como fez da outra vez.
- Pode contar com isso, moça, ele disse, indo para a porta.
- Matheus!
- Por você, em qualquer outra situação, eu não abriria a minha boca, Laura, mas eu vou fazer questão de ver esse idiotinha longe daquela faculdade o mais breve possível. Eu juro!
- Ele precisa terminar o curso, Matheus. Só tem mais esse ano... O que você vai ganhar com isso? – ela perguntou, chorando.
- Ele ganhou você de mim. Já deve se dar por muito contente. Não precisa de mais nada. Quem sabe ele consiga te dar uma casa com o salário de fome que ganha naquela oficina fedorenta onde ele trabalha.
Ele parou com a mão na maçaneta da porta.
- Só que... eu acho que vai ser meio difícil. Ele agora tem um filho pra criar também, aquele coitado. Boa sorte pros dois.
Ele deu as costas e foi embora, batendo a porta. Laura colocou a mão sobre a boca e começou a chorar baixinho.
No dia seguinte, Rupert esperou por ela no estacionamento e quando ela chegou, perguntou:
- Você perdeu a primeira aula, Rupert!
- O Matheus passou por aqui agora há pouco e disse que eu cavei a minha cova. O que aconteceu?
Ela ia começar a chorar novamente, mas conteve-se.
- Eu contei a ele e... ele disse que vai contar ao reitor.
- Ah, meu Deus! – ele falou, encostando-se no carro.
- Eu sinto tanto, querido...
- Tudo bem... A gente se vê. Te amo.
Ele apenas apertou sua mão e saiu correndo para o prédio para entrar na segunda aula.
Mas, por mais incrível que fosse, Matheus não contou nada a Dário. Não falava mais com Laura, mas não contou nada.
Laura também não quis perguntar o motivo para não provocar ainda mais a raiva do professor de Matemática, mas no fundo sentia-se agradecida a ele e penalizada por tudo que sabia que ele também estava sofrendo.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 5