TEACHER IV - PAQUERA - CAP. 12
PAQUERA – Capítulo 12
O primeiro número do jornal do ano ficou pronto uma semana antes do primeiro dia de aula, com a ajuda extra dos calouros. Os quatro saíram para comemorar na lanchonete da faculdade.
- Legal comemorar o final de uma tarefa, não é? – disse Sara.
- É, mas eu tenho que ir pra minha casa que a minha senhora me espera, falou Décio, consultando o relógio de pulso. – Bye bye, children! Quer carona, Teca?
Ela olhou para Rupert e Sara e falou:
- Acho que quero sim, tchau.
Tereza beijou rapidamente o rosto de Rupert e os dois se foram.
- Ela não gosta mesmo de deixar você sozinho comigo, falou Sara.
Rupert olhou para a amiga que se afastava e suspirou sabendo exatamente o que se passava na cabeça de Tereza. Sara tomou um gole de cerveja e olhou para o copo dele cheio de Coca Cola.
- Você não bebe?
Ele olhou para o copo e o levantou:
- Bebo!
- Cerveja, eu quis dizer.
- Não...
- Por quê? Não gosta?
- Não… ele respondeu sem olhar para ela.
- É tão difícil um homem não gostar de cerveja... Você nunca tomou?
Rupert resolveu abrir o jogo de uma vez e esclareceu:
- Meu pai é alcoólatra e eu aprendi a não tomar e não gostar de nenhuma bebida que tenha álcool.
- Ah... Desculpe… Sara disse, constrangida, olhando para seu copo.
Ele percebeu isso e a tranquilizou.
- Mas pode beber perto de mim. Não tenho nenhum preconceito quanto a isso.
Ela só tomou o resto que havia no copo e o afastou de si, respirando fundo e ajeitando os cabelos num coque rápido atrás da cabeça.
- Calor, não?
- Um pouquinho.
- Vocês dois são namorados?
- Nós dois quem?
- Você e a Tereza?
- Não, por quê? Parece?
- Sinto que ela gosta de mim... mas me odeia quando eu fico perto ou mesmo olho pra você.
Rupert riu.
- Impressão sua.
- Você é uma gracinha, sabia?
Rupert achou engraçado o jeito dela falar, natural e direta.
- Obrigado.
- Sua mãe também te ensinou que não de deve responder um elogio com outro?
Ele riu de novo.
- Não, eu não tenho mãe, mas nunca soube disso.
- Não tem? Desculpe de novo... Eu só dou fora com você.
- Isso não foi um fora. O normal é todo mundo ter mãe viva, mas eu não tenho.
- Nunca teve?
- Claro, eu não nasci de chocadeira. Ela morreu quando eu tinha onze anos.
- Que pena... Sinto muito. Engraçado... ela disse, apoiando a cabeça na mão e olhando pra ele com atenção.
- O que é engraçado? – ele perguntou, tomando outro gole do refrigerante.
- Você tem cara de filhinho de mamãe...
- Pobre de mim! – ele falou, sorrindo.
- Sabia que eu te conheço há muito tempo, de nome?
- É mesmo?
- Todo mundo falava muito de um tal de Rupert Lauter que trabalhava na redação do jornal da faculdade, era o ás no Inglês e escrevia muito bem. Acho que eu só te vi uma vez no baile do ano passado, dançando com a Carla. Fiquei doida por não estar trabalhando no jornal mais, depois do... episódio da minha... paixonite descompensada.
- Essa estória de se apaixonar pelo professor foi verdade? Ou você estava gozando da nossa cara?
- Foi. Eu estava no Segundo Ano. Ele saiu daqui depois disso. Eu só não perdi a matrícula, porque meu pai é cunhado do reitor.
- Poxa! Mas eu não me lembro mesmo disso.
- Como eu disse, o jornal não saiu. Mas quem trabalhava na redação na época ficou sabendo e espalhou pros mais chegados. O nome dele é César, César Lima. Professor de Educação Física. Ficava mais no campus de Biomédicas. Fui chamada na reitoria, o titio lá em cima me deu um pito, me suspendeu por um ano do jornal e... todos viveram felizes para sempre. E aqui estou eu de volta.
- Esqueceu dele?
- Esqueci. Tive que esquecer. Ele se casou com outra.
Rupert ficou olhando para ela pensativo.
- Você não tem nenhuma estorinha sua interessante pra contar?
Ele sorriu só de pensar na sua estória.
- Não, não tenho não. Minha vida é até muito... pacata perto da sua.
- Pode deixar que eu me encarrego de complicá-la, ela falou, inclinando-se sobre a mesa e beijando-o de surpresa.
Rupert mal pode reagir. Ela sorriu.
- Por que você fez isso? - ele perguntou.
- Você tem olhos lindos, sabia? Já disse, eu te acho uma gracinha.
- Sara, eu…
- Tudo bem, eu ainda não vou te pedir em casamento hoje. Take it easy, boy! Só me deu vontade de te beijar.
- Eu é que digo “take it easy, girl”! Você é sempre assim tão... direta?
- Só com os rapazes morenos de olhos pretos, inteligentes que se chamam Rupert.
Ele apoiou o rosto na mão e sorriu balançando a cabeça.
- Você é maluca...
Sara riu gostoso.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 12