Verdade do Universo e a prestação que vai vencer I
Todo dia era a mesma coisa como dizia nosso querido e amado metafísico. A verdade do Universo e a prestação que vai vencer, que é o caso dos dois problemas comuns dos homens.
Pelo meu lado acrescentaria que para bem situar a caminhada, é preciso situar o acompanhante. Todavia estou eu aqui, na favela e no universo. Todos os tiros vem atrás de mim, eu sei, é só questão de tempo. Mas se o tempo previne o futuro, então não vou sair por enquanto. Não quero morrer, mesmo que digam que a matemática faz milagre com as possibilidades e tal, não creio no cálculo. Possibilidades são tendências de um grupo humano. Não caiu nessas palavras vãs.
Porém, dentro do casulo ou da minúscula casa com varanda para os festim, eis que não digo nada. Só trabalho. Não sei ao certo em que, dizem que meu trabalho não serve pra nada, e tal, mas isso não me incomoda, pois, apesar de saber que não serve pra nada, me seria dificil achar algum que serve para alguma coisa, senão para as necessidades da vida, o resto é coisa do grupo. Mas não quero falar do grupo, quero falar do tiro. Como dói.
Essa semana pensei que a minha bela mulher, moça trabalhadeira e muito doce, num repente pediria minha cabeça. Só por ela ser e sair doce, sempre acho que numa dessas saídas, alguém quererá nos tomar os doces, coisa de criança é que acho, doces e desejos. Mas e daí, me tirar da cena, da vez, da terra, da vida, coisas do pós morte? Claro, estou inventando, mas não totalmente, realmente me veio isso de uma moça doce, como um insight já que não pode ser impulso ou indução simplesmente. São pesadelos da mente que vive atordoada pelo que pensa e produz. Um ato descontrolado da mente.
De todo modo, na guerra que vem daqui da favela, até a moça doce ganha contornos terroristas. Quem não tem o que procurar acha medo , por isso rastejamos, nos curvamos e seguimos, todos com as certezas e verdades.
Num repente, um corpo jogado no chão, Opa! Tomo um susto. Mas não é nada digo para mim, é só um corpo de um velhote abandonado que ainda não está morto. Isso não me atinge, sigo.
Caminhando mas a frente encontro alguém de juízo. Enquanto refresco a memória para lembrar de quem se trata, o velhote jogado ao chão me vem a mente, e ele, pela situação do velhote me conta boas: - Precisamos lutar diz ele! pelos direitos. Olho com certa preguiça de entender, pois, não sei por que, não gosto de ligar para os direitos, não gosto de ligar para as coisas, me deixa ligado em vão. Não sei o que são essas coisas, mais compreendo que não tenho nada a dizer. Ele falava sobre o velhote, e insinuava que devemos lutar. Aí está uma coisa da política: O inconsciente degradado e heróis sempre pensando no mundo. Coisa de crentes que acho muito interessante, mas, preciso seguir no meu dia, então comprimento-o e sigo.
Para não ser insensato, chego a padaria. Lá estão sempre conhecidos da vez e desconhecidos dos cantos. E apesar de nunca ter cantado com aquelas pessoas, sei que são estimados cantores, falam muitas línguas e normalmente, sempre nos animam com variados temas do seu conhecimento. Coisa dos falantes que não consigo processar: - É para que? sempre me pergunto, mas e daí, vão dizer que é coisa de humano, então que seja. Pego o pão dou uma assobiada e sigo.
Chego em casa, tudo igual, os malandros na rua, todos disfarçados de santo, aliás, não existe malandro ruim. Todos são santos, pode olhar, eles nunca estão matando. Estão na padaria, nos supermercados, nas ruas, e por outro lado, os malandros que podem matar também são santos, pois, não querem, mas o fazem pois são unos, e decidem. De todo modo, não desejo falar sobre o porque estes decidem coisas sanguinárias, passo. Não tenho nada a dizer, não sou eles, nem sou eu, e apesar de saber que não sou eu, nem sei o que sou. Sigo.
Devo pensar, o que devo fazer, chego em casa com o pão. Então me defronto com o instante, devo comer, ser e o que mais? Abro a janela, tenho que escrever um texto que não diz nada assim como esse, então penso, por que fazer esse texto?
(II....)