TEACHER IV - VALSA - CAPÍTULO 5

VALSA – Capítulo 5

Tocava uma música lenta. Tereza encostou o rosto no de Rupert começaram a dançar em silêncio por um instante.

- Você está linda, Tereza.

- E eu te odeio, você sabe disso, não sabe?

- Eu sei, mas eu já te pedi perdão.

- Você não merece.

- Eu não tive outro jeito, Tê. O diretor do curso ficou sabendo pelo Matheus que eu estava me encontrando com a Laura e...

- Não quero ouvir nada. Agora é tarde. Você queria dançar, então dança, mas cala a boca. Não fala comigo.

Ele se calou e a abraçou com mais força. Tereza sentiu o corpo dele tão perto dela e as lágrimas vieram aos seus olhos e rolaram teimosas. A garganta doía muito.

A cena foi vista por Laura de longe, quando ela entrou no salão com Matheus. Ele também viu os dois dançando e notou a reação dela.

- Quer dançar? – ele perguntou.

Ela aceitou quase que automaticamente, apenas balançando a cabeça, sem tirar os olhos do casal. Quando a música terminou, Rupert olhou para Tereza e viu seu rosto molhado. Sentiu-se horrível.

- O que eu posso fazer pra você sofrer menos, Tê?

- Me beija…

Ele olhou em volta.

- Aqui?

- Não, vamos pra sua casa... ela disse irônica. - É claro que é aqui! Ninguém sabe de nada mesmo.

- Eu sei, Tereza.

- Então me deixa, me esquece!

Ela ia se afastar dele, mas Rupert segurou sua mão e a puxou para si, beijando-a com doçura. Quando o beijo terminou, Tereza olhou para ele por um segundo e disse:

- Esse não é você... Você não a beijaria assim, mas obrigada pela esmola.

Ela se afastou rapidamente e voltou para perto das amigas. Laura viu tudo e escondeu o rosto no ombro de Matheus, lutando consigo mesma para não chorar. Rupert saiu do salão e foi para o jardim do clube, sozinho. Gerson o notou ali e foi falar com ele. Estava muito elegante num terno azul marinho.

- Boa noite, rapaz.

- Oi, professor.

- Me chame de Gerson. Hoje é dia de festa.

Rupert sorriu triste.

- Como vai a vida?

- Bem. Se o senhor se refere ao curso e à minha família... tudo bem.

- E o coração?

Rupert não respondeu.

- Você não esqueceu a Laura, não é?

- A gente nem devia falar sobre isso, Gerson, não aqui. Ela é minha professora, lembra?

- Estou falando de homem pra homem.

- Ninguém me tratou como homem naquela reuniãozinha secreta na sala do reitor. Se eu assumisse a Laura, eu não seria um homem, seria só um aluno de vocês, sem direito a nada. Não me interessa conversar com você agora de homem pra homem.

- Eu sinto muito. Eu compreendo você, mas não sou eu quem dito as regras. Também não acho que isso seja justo, mas... pro bem de algumas coisas, outras têm que ser sacrificadas. Lamento que tenha acontecido com você.

- Também lamento. Obrigado pela solidariedade.

Gerson bateu no ombro dele e afastou-se.

À meia noite foi a hora da valsa. Eloísa, diretora do curso de Letras, e Gerson subiram ao palco da banda e ela anunciou.

- Bom, agora, cada aluno que teve a sorte de escolher sua professora preferida, vá pegar seu par; e os professores escolhidos também podem tomar suas alunas e... vamos valsar!

Nelson saiu rapidinho do lado de Rupert e Décio e foi buscar Laura.

- Você não vai pegar a Carla? – Décio perguntou a Rupert.

- O Nelson foi atrás da Laura? Ela já chegou?

- Faz tempo. Você estava dançando com a Tereza.

Ele viu de longe Nelson ir para o meio do salão com Laura pela mão.

- Eu nem vi ela chegar... Como ela está linda, cara! – ele falou, olhando para Laura, conversando com Nelson animadamente, sob os olhos cuidadosos de Matheus.

- Rupert, seu par é a Carla. Ela deve estar te esperando, garoto. Vai lá logo. Chega a ser indelicadeza deixar a dama esperando.

Ele respirou fundo e foi para junto de Carla que surpreendentemente lhe disse:

- Se não quiser dançar, não precisa, Rupert. Eu sei que você queria dançar com a Laura. Não me importo.

Ele segurou a mão dela e sorriu.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Carla. Eu te convidei porque queria dançar com você. Obrigado pela preocupação. Vamos?

Ela sorriu e foi com ele para o meio do salão onde já estavam todos os outros casais. Rupert olhou rapidamente na direção de Laura e Nelson, mas desviou o olhar e sorriu para Carla.

A valsa começou e foi um dos momentos mais bonitos da festa. Ao final, todos aplaudiram e Carla falou:

- Ela não gosta do Matheus... se isso te consola, Rupert. Obrigada pela valsa.

Carla afastou-se dele com um sorriso bonito no rosto. Rupert sentiu-se mais leve e voltou para sua mesa, passando por Laura e Matheus sem demonstrar tê-los visto.

- Nariz empinado, não? – Matheus comentou.

Laura não fez comentário nenhum.

- Vamos sentar?

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 5

Velucy
Enviado por Velucy em 06/11/2017
Código do texto: T6163700
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