TEACHER III - RÉGIS, RACHEL E RUPERT - CAPÍTULO 8
RÉGIS, RACHEL E RUPERT – Capítulo 8
Naquela mesma noite, os dois contaram a seo Régis sobre o casamento. O velho ficou olhando para ela boquiaberto, depois olhou para o filho e perguntou:
- Casado?
- É, pai... casado.
- Não confiou em mim?
Ele não respondeu, apenas baixou a cabeça e olhou para a mão de Laura sobre seu joelho. Régis deu um longo suspiro e falou:
- Bonita como sua mãe... Digna do nome...
Rupert sorriu. Laura também, corando levemente.
- Meu filho é cabeça dura de esconder você.
- Eu te contei a estória toda, pai. Ninguém pode saber que nós estamos casados.
- Ninguém na faculdade. Eu podia. Décio, Tereza.
- Não, ninguém podia. Eles estão na mesma sala que eu.
- Tereza gosta de você. Vai machucar ela saber agora.
- Eu sei, mais um motivo pra eu não contar.
- Como vai ficar sem contar, com Laura aqui?
- Não sei. Não sei ainda. Talvez eu não queira mais esconder, como você diz. Ela vai dormir aqui comigo até domingo e quem chegar vai saber.
- Dormir onde? Não tem cama de casal aqui.
- Não se preocupe com isso, seo Régis, Laura disse, sorrindo e olhando para Rupert. – A gente já se acostumou com a caminha de solteiro dele.
Régis olhou para o filho com uma ruga na testa e entendeu tudo.
- Sei...
Rupert não conseguiu encarar o pai e beijou a testa de Laura.
- Sabe cozinhar? – perguntou.
- Sei, ela respondeu, sorrindo.
- Bom... Rupert também... mas você já deve saber disso.
- Sei sim.
Laura e Rupert riram, corando ambos. Trocaram um beijo rápido e ele se levantou, pegando a pequena mala de mão que ela tinha trazido para pernoitar ali.
- Vou guardar suas coisas lá dentro.
Laura passou dois dias felizes com Rupert e o pai. Cozinhou, arrumou a casa com o marido e até pintou uma tela com o rosto de Régis, naquela noite de sexta-feira chuvosa.
Colocaram o quadro na parede no sábado à noite e Régis ficou orgulhoso pela homenagem feita a ele pela nora, depois foi para o quarto dormir, apoiando-se nas moletas que o ajudavam a andar. O casal ficou na sala sozinho, assistindo a um filme da Globo.
- Queria morar sempre aqui, Laura disse, aninhada nos braços do marido.
- Um dia... Não vai demorar.
- Não vai demorar... disse ela, com tristeza na voz.
Rupert ergueu o rosto dela e a beijou doce e longamente, tentando fazê-la esquecer a tristeza que sabia que ela sentia.
- Se você continuar triste, eu te levo de volta pra sua casa, hein? – ele brincou, apontando o indicador no nariz dela.
Laura sorriu.
- Você acha que seu pai gostou de mim?
- Pra ter te comparado com a minha mãe... com certeza gostou.
- Ela era bonita?
Rupert não respondeu. Tirou a carteira do bolso da calça, abriu e retirou dela uma foto 3x4 da mãe que mostrou a Laura.
- Essa é uma das poucas fotos que temos dela. A gente nunca teve muito dinheiro pra esses luxos.
Laura olhou para o rosto da foto. Era a foto de uma mulher bem jovem, cabelos longos e pretos, presos num coque atrás da cabeça. Olhos amendoados e um sorriso que lembrava muito o de Rupert. Os olhos chamavam a atenção pelo tom de azul.
- Ela era muito bonita. Você se parece com ela.
- No branco dos olhos? – ele perguntou, rindo.
- Não! Seu sorriso, seus olhos... mesmo não sedo azuis. Você tem mais dela do que do seu pai. Como se chamava?
- Rachel, com ch.
- A pronúncia é “reichel”. Isso é inglês.
- Meu bisavô, o avo dela, era inglês, lembra?
- Régis, Rachel e Rupert… Três erres.
- Coincidência só.
- Nosso filho pode ter o nome com R também?
Ele olhou para ela e perguntou:
- Quem?
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 8