TEACHER III - INVESTIDAS - CAPÍTULO 7
INVESTIDAS – Capítulo 7
Laura ouviu baterem na porta de seu quarto na fazenda de Dário e foi atender. Era Matheus.
- Oi, ele disse com um sorriso gentil. – Estava sem sono e... resolvi passar aqui pra conversar um pouco. Posso entrar?
- Eu já ia dormir, Matheus.
- Um minutinho só.
Ela abriu a porta a contragosto, para não ser indelicada, e ele entrou. Matheus foi até a janela aberta e apoiou-se no parapeito.
- Bonito aqui, não?
- Lindo, ela disse, indo também até a janela. – Mas eu estou com saudades de São Paulo.
- Tá brincando!
- Sério. Aquela agitação entra nos ossos e vicia.
- Só a agitação?
- E o que mais poderia ser?
- Não sei... Alguém...
- Não me venha com isso novamente, Matheus.
- Você sente falta dele, não é?
Laura não respondeu, mas seus olhos se encheram de água e ela desviou o rosto para que ele não visse. Matheus percebeu mesmo assim.
- Me deixa te fazer esquecer esse garoto, Laura, ele falou, segurando seu braço.
- Não parece que seja isso que você quer.
- Eu quero…
Ele ficou de frente para ela e segurou seu rosto entre as mãos e a beijou. Laura afastou-se dele e pediu, passando a mão sobre os lábios:
- Sai daqui.
- Você vai esperar por ele até quando? Até ele fazer trinta? Sabe quantos anos você vai ter?
- Sai daqui! – ela gritou.
Matheus balançou a cabeça e saiu do quarto, batendo a porta. Laura deitou-se na cama chorando.
No dia seguinte estava com as malas prontas para voltar para São Paulo. Pediu mil desculpas ao reitor e pegou a estrada de volta sozinha.
Quando chegou à cidade, foi ao correio e passou um telegrama a Rupert, avisando de sua chegada. Ele correu até o apartamento dela e Laura o abraçou, chorando, logo que ele entrou.
- Me abraça! – ela pediu.
- Calma! Eu estou aqui... O que foi que aconteceu? Por que você voltou antes?
Os dois sentaram-se e ela explicou:
- Não aguentava mais as investidas do Matheus, Rupert. Ele não me deixa em paz. Não importa o que eu diga.
- Aceita! – ele sugeriu, calmamente.
- O quê?
- Ele vai pensar que você no mínimo deve ser... lésbica... ele brincou, rindo.
- Rupert!
- A Tereza também me botou contra a parede outro dia.
- E o que você fez? Aceitou?
- Quase...
- Você não seria capaz.
- Nós dois estamos numa encruzilhada, meu bem. Pra todos os efeitos, eu já não tenho nada com você, estou sozinho. Agora, o que me impede de namorar a Tereza? Ela me ama escancaradamente há um tempão.
- Nós somos casados, Rupert!
- Mas ela não sabe meu amor, ele disse sorrindo, passado a mão por seus cabelos. – Ninguém sabe! Há realmente um bom motivo pra eu estar evitando a Tereza, mas ninguém sabe qual é, só nós dois! Não há motivo visível aos olhos, entende?
- Entendo, mas aonde você quer chegar? Você vai namorar com ela, é isso?
- Ou conto tudo a ela...
- Eu prefiro. Não vou suportar você namorando uma aluna minha no meu nariz!
- Eu sou seu aluno, esqueceu?
- Não, não esqueci! – Laura gritou, afastando-se dele. – O Matheus não me deixa esquecer! Nem você me deixa esquecer! Eu estou cansada disso!
Laura começou a chorar nervosa. Ele aproximou-se dela pelas costas e a abraçou, beijando seu pescoço.
- Desculpe… Desculpe... Por favor, me desculpe… mas essa é a nossa realidade triste no momento, Laura.
- Eu quero ficar com você sempre... Quero morar com você. Dormir e acordar com você do meu lado!
Ele respirou fundo e propôs.
- Vamos contar tudo pro meu pai e você passa o resto da semana lá em casa. Está bem assim?
- O resto da semana...
- Até o Matheus voltar... ou ele veio com você.
- Não, ficou lá.
- Então, ele volta na segunda e você volta pra cá no domingo à noite.
- Pra começar tudo de novo...
- Não tem outro jeito, tem?
Ela voltou-se para ele e encostou o rosto no peito dele, chorando baixinho.
- Agora quer se acalmar, senhora Lauter?
Ela apenas balançou a cabeça concordando, mas não ergueu o rosto. Rupert riu, beijando o alto de sua cabeça.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 7