TEACHER III - UMA MOTO POR UM SONHO - CAP. 4
UMA MOTO POR UM SONHO – Capítulo 4
Choveu à noite e Laura sorriu com uma lembrança enquanto estava os dois ouvindo a chuva bater na janela lá fora.
- Que foi? – ele perguntou ao ver seu sorriso.
- Chovia assim, na nossa segunda noite.
Ele sorriu também.
- Vai dar sorte.
Laura ergueu a mão esquerda e a aliança brilhou com o reflexo da luz da rua que vinha pela janela.
- Pena que eu vou ter que tirar...
- Coloca numa correntinha ou numa bolsinha de moedas... na carteira...
- Posso te fazer uma pergunta?
- Dez.
- Não fica zangado comigo?
- Hum... Vamos ter nossa primeira DR?
Ela riu.
- Não… e sim... Como você conseguiu dinheiro pra comprar as alianças, pagar o cartório, o hotel...?
- Isso é pergunta que se faça na nossa lua-de-mel?
- É. Eu sou sua mulher agora. Tenho o direito de saber como estão nossas finanças, ou não?
Ele riu, baixando a camisola dela e beijando seu ombro.
- Vendi a moto.
Ela virou-se na cama para olhar para ele de frente.
- Vendeu a moto? Mas você estava com ela!
- Emprestada. Vendi pro dono da oficina onde eu trabalho.
Laura acendeu o abajur e o encarou, penalizada.
- Rupert!
- Deixa pra lá. Depois, com o tempo, eu compro de novo. Foi ele mesmo que me vendeu quando eu comecei a trabalhar com ele. Paguei com meu trabalho. Está em boas mãos e foi por uma boa causa.
Os olhos dela encheram-se de água e ela o abraçou.
- Ah, Laura, não faz isso, poxa! É só uma moto, ele falou, sentindo os olhos encherem-se de água também.
- Promete que nunca mais vende nada seu por minha causa, sem me consultar?
- Não tenho mais nada de valor pra vender, amor... agora só a aliança... brincou ele, erguendo a mão.
- Eu mato você se se desfizer dela!
- Não se preocupe. Eu prezo pela minha vida.
Rupert riu, depois beijou-a e a abraçou forte.
- Apaga o abajur, senhora Lauter... ele pediu.
Laura obedeceu e aninhou-se novamente nos braços dele. A chuva continuava caindo.
No domingo, Laura e Rupert batizaram o pequeno Rupert Antunes da Silva, filho de Décio e Luíza, numa missa simples, mas tocante. Os dois participaram de um almoço que a família promoveu e agiram como simplesmente o amigo de Décio e a professora dos dois.
Tudo sobre o casamento foi mantido em segredo e quase ninguém reparava nos olhares que os dois trocavam de vez em quando. Nem Tereza desconfiou. Estava mais preocupada em paparicar o bebê de Décio.
Á noite, depois de se despedirem dos amigos, eles saíram separados da casa, mas voltaram para dormir no pequeno hotel e terminarem sua lua-de-mel.
Na segunda de manhã, já pronto para ir embora do hotel, Rupert retirou a aliança do dedo e pendurou-a numa corrente, escondendo-a por dentro da camisa. Laura estava na porta do banheiro e o viu fazer isso com certa tristeza.
- Mais um ano e meio… ela falou.
Rupert olhou para ela.
- Passa logo...
Os olhos dele já estavam molhados. Laura foi até ele e o abraçou forte. Rupert chorou feito criança com o rosto escondido no pescoço dela. Depois de acalmar-se, ele a beijou e disse, enxugando o rosto:
- Eu vou sair na frente, pego a moto e vou pra faculdade. A gente se vê lá, ok?
Ela balançou a cabeça, confirmando, enxugando o rosto também.
- Você sai dez minutos depois e faz o checkout no hotel. Já está tudo pago, eu já falei com eles. É só entregar as chaves.
- Está bem.
Ele enxugou uma última lágrima teimosa no rosto dela com um beijo, pegou a mochila sobre a cama e despediu-se.
- Tchau...
Laura não conseguiu responder, tão emocionada estava. Rupert deu as costas e foi embora. Ele deitou-se na cama e abraçou-se a um travesseiro, chorando.
********************************************
Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 4