TEACHER II - CONSELHO DE PAI - CAPÍTULO 12

CONSELHO DE PAI – Capítulo 12

Rupert atravessou o corredor sentindo-se péssimo. Passou diante da sala dos professores e pensou em procurar por Laura, mas decidiu não contar nada a ela, antes de pensar muito.

Saiu do prédio e foi para o estacionamento pegar a moto. Quando subiu nela, ouviu uma buzina e olhou na direção do som. Era Laura que acenava para ele. Ela saiu do carro e ele desceu da moto.

- Onde você esteve? Esperei você na saída.

Ela ia beijá-lo na boca, mas ele desviou o rosto e olhou em volta para se certificar de que não tinha ninguém conhecido por perto.

- O que foi? – ela perguntou, estranhando.

- Oi, ele respondeu desanimado.

- O que você tem? O que aconteceu?

- Nada. Estou só... cansado.

- Vai buscar seu pai?

- Vou.

- Quer que eu vá junto pra trazê-lo de carro? Você não estava pensando em levá-lo na moto, estava?

- Não, eu... ia pegar um táxi.

- Não quer mesmo que eu vá?

- Não... Eu te ligo à noite, como a gente combinou. Tchau.

- Rupert! – ela chamou, segurando sua mão.

- Oi!

- Você não está bem. Está estranho... O que foi?

- Nada. Te ligo à noite. Tchau. Amo você.

- Eu também te amo... Você nem me deu um beijo.

- A gente tem que evitar isso fora de casa. Alguém pode... ver.

- Não tem ninguém aqui agora.

Ele olhou em volta mais uma vez para o estacionamento vazio, aproximou-se ela e lhe beijou a testa bem demoradamente.

- Tchau...

Rupert apanhou o pai no hospital e colocou-o num táxi que foi seguindo a moto até sua casa. O motorista ajudou-o a levar Régis para dentro da casa e não quis cobrar a corrida. Era amigo de Régis de muitos anos, coincidentemente.

- Eu o conheço há vinte e sete anos. Você nem sonhava em nascer ainda, falou Régis, enquanto Rupert o ajeitava debaixo das cobertas na cama.

O rapaz ajeitou dois travesseiros, atrás de suas costas, calado.

- Como foi tudo por aqui, sem mim? - o velho perguntou.

- Bem, pai. Foi tudo bem.

- Você está com algum problema, filho? O que foi?

- Nada. Descansa. Quer um copo de leite com biscoitos? A janta ainda demora um pouquinho.

- Não tem cerveja, não? Estou morrendo de sede.

- Pai! – repreendeu Rupert.

- Tá bom! Tá bom! Leite! Que droga ficar doente. Lá naquele hospital também só tinha leite e aquele suco de caixinha com gosto de nada misturado com coisa nenhuma.

- Você não está doente. Adradeça a Deus por estar vivo, velho teimoso.

Rupert foi para a cozinha e colocou o leite para esquentar. Depois sentou-se à mesa apoiou o rosto nas mãos, tentando entrar num acordo consigo mesmo. Tinha que tomar uma decisão: deixar a faculdade ou deixar Laura. Não era justo que tivesse que tomar uma decisão daquelas. Primeiro momento real de felicidade e teria que durar tão pouco? Ele não conseguia aceitar.

O leite esquentou e ele o colocou num copo de vidro com açúcar, ajeitou biscoitos recheados que o pai gostava num prato e foi levar tudo para ele.

- Tem açúcar? – Régis perguntou.

- Tem, como você gosta, falou Rupert sentando-se numa cadeira perto dos pés da cama para vê-lo comer.

- Você tem as mãos da sua mãe para cozinhar.

Rupert sorriu.

- Não se cozinha leite, pai.

- Não importa. Tem boa mão. Quando casar, sua mulher não vai precisar fazer nada.

- Você é que pensa... ele falou, sorrindo. – Não quero nem saber de cozinhar, quando me casar... se me casar um dia...

- Vai casar. Um homem não pode ficar sem mulher. Ele apodrece, como eu...

O tom de voz de Régis doeu em Rupert. Pensou em Laura.

- Pai…

- Hum? – fez o velho, colocando um biscoito na boca.

- Se... quando você era moço, solteiro... tivesse que decidir entre a mamãe e... algo muito importante pro seu futuro... o que você faria?

Régis franziu a testa.

- Decidir? Sua mãe e futuro? Sua mãe era o meu futuro.

Rupert riu, embora ouvir aquilo o emocionasse.

- Não, alguma coisa tão importante quanto ela por seu futuro.

- Dinheiro? – Régis perguntou rindo e tossindo rouco.

- É… Alguma coisa que pudesse lhe dar dinheiro no futuro.

Régis pensou e olhou para o filho, desconfiado, enquanto mastigava.

- Você está precisando decidir assim?

Rupert hesitou, mas respondeu.

- Acho que sim...

- Mulher e... faculdade?

O rapaz sorriu. O pai às vezes adivinhava seus pensamentos.

- É, pai.

- Não pode ter os dois?

Ele balançou a cabeça negando.

- Pelo menos não por enquanto.

- Pode um dia?

- Não sei... ele respondeu, com um suspiro.

- Decisão urgente?

- É...

- Quem propôs escolha?

- Alguém que pode... me tirar da faculdade... se eu não desistir da mulher que amo.

- Situação feia, filho!

- Me responde, por favor. O que você faria?

Régis pensou e com um sorriso maroto nos lábios, respondeu:

- Ficaria com as duas.

Rupert sorriu.

- Como?

- Usando a cabeça. Posso ficar com faculdade e deixar que pensem que desisti da mulher que amo... mas não desisto dela.

Rupert achou estranha a resposta do pai e sorriu.

- Sério? Você... mentiria?

- Por que não? Ninguém precisa saber de nada da vida particular de ninguém. Basta usar cabeça. Continue faculdade, mas conserve o amor.

A resposta agradou Rupert. Ele beijou a testa do pai.

- Obrigado pelo conselho.

- Posso saber agora quem é ela?

- Você não conhece, pai. Mas vai conhecer, logo que eu me veja livre dessa... confusão. Quando conseguir passar a perna em algumas pessoas... a conselho do meu pai!

Os dois riram.

- Nem o nome posso saber?

- Laura.

- Laura… Louros para um homem cheio de glória...

- O quê? - perguntou Rupert, sem entender.

- Seu nome, Rupert, cheio de glória. Laura, coroa de louros para o vencedor. Bonita combinação.

Rupert sorriu.

- Você nunca tinha me dito o significado do meu nome.

- Nunca perguntou! - disse Régis dando de ombros. – Toma o copo. Estou com sono.

- Que bom, já fez efeito...

- Quer ficar livre de mim, me dopando com leite? – disse Régis, enfiando-se desajeitado, debaixo dos lençóis. – Antes fosse com cerveja...

Rupert riu e apanhou o copo, ajudando pai a se deitar.

- Não dorme ainda, vou trazer o remédio que você tem que tomar de duas em duas horas.

- Não quero remédio também.

- Quer sentir dor?

- Hum... Acho que não.

- Então vai tomar o remédio, sim. Quem manda fazer arte?

Régis fechou os olhos e logo estava desligado de tudo. Rupert ficou ainda um tempo olhando para ele e beijou sua testa, saindo do quarto em seguida.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 12

Velucy
Enviado por Velucy em 31/10/2017
Reeditado em 31/10/2017
Código do texto: T6158053
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