TEACHER II - DECISÃO - CAP. 11

DECISÃO – Capítulo 11

Rupert respirou fundo e encostou-se na cadeira. Matheus olhou para ele, aguardando, ansioso, sua resposta.

- Eu não sei o que significa pros senhores a expressão “ter um caso”, professor Gerson. O que eu sei é que eu amo a professora Laura.

Matheus cruzou os dedos das mãos sobre o arquivo e encostou a testa neles. Gerson olhou para ele e depois para Rupert.

- E ela corresponde?

- Cabe aos senhores perguntarem a ela.

- Não comece você agora com rodeios, Rupert, disse Matheus, aproximando-se da mesa. – Você dormiu com ela duas noites!

- E você não pôde conter o despeito e teve que vir contar tudo, não é? – exaltou-se Rupert

- Ora seu...

- Calma, senhores! – disse Gerson, enérgico para acalmar os ânimos. – Isso aqui é o escritório da reitoria de uma Universidade, não um bar de esquina! Contenham-se os dois ou eu vou ter que levar o caso ao Conselho.

Os dois calaram-se, mas continuaram se encarando. Gerson olhou para Rupert.

- Rupert, eu não chamei você aqui para repreendê-lo ou recriminá-lo por gostar da professora Laura. Ninguém manda no sentimento de ninguém. Você tem o direito de se apaixonar por quem quiser e ela também, mas nós temos regras aqui, temos normas... temos leis. E um dos estatutos dessa Universidade é que não deve haver envolvimento emocional/afetivo... explícito, entre alunos e professores, dentro dos limites do campus.

- O senhor acha que eu me apaixonei por ela de propósito? Só pra infringir essa... lei? Eu já tenho problemas suficientes, Gerson.

- Sei que não, Rupert. Acredito que não, mas... aconteceu e nós vamos ter que tomar atitudes. Se essa notícia se espalha... vamos ficar numa situação no mínimo muito constrangedora. Tenho certeza que você entende isso.

- Nós dois sabíamos disso.

- Ela é sua professora no T.I..

- Isso não quer dizer nada pra mim.

- Um sentimento amoroso não pode ser disfarçado o tempo todo... pode?

Rupert pensou e respondeu:

- Nós não somos adolescentes. Eu sei muito bem dividir as coisas.

- Isso sempre transpira, disse Matheus.

- Só se for por você, Rupert rebateu.

- Vê lá como fala, garoto!

- Matheus, por favor, deixa que eu resolvo isso! – disse Gerson. – Rupert, eu quero que você entenda que nós não podemos correr nenhum risco. Não trabalhamos em cima de riscos aqui. Não queremos perder nossa melhor professora de Língua Inglesa , nem um de nossos melhores alunos.

- Seria um prejuízo enorme, apesar de eu ter bolsa.

- Não estou falando de dinheiro, rapaz, estou falando de pessoas.

- Conta outra, Gerson.

- Você não está facilitando as coisas pra mim. Eu ainda estou sendo condescendente com você. Se o professor Dário estivesse aqui, chamaria você pra te convidar gentilmente a se retirar do curso sem maiores conversas. Ele é um homem bem prático, você sabe. Mas eu o conheço melhor do que ele, então... me ajude a te ajudar, garoto! Por favor.

- Não preciso de ajuda... Não nisso. Eu amo a Laura e ela me ama. A gente pode muito bem resolver isso, juntos.

- Vai insistir nisso, então?

- O que o senhor sugere? Dependendo do que for, eu posso até pensar no assunto.

Gerson encostou-se na poltrona e pensou, segurando a caneta pelas duas extremidades. Depois girou-a nos dedos.

- Esse é seu Terceiro ano de T.I., não é?

- Sim, senhor.

- Afaste-se da Laura pelo tempo que te resta até terminar o curso. Nesse meio tempo, vocês não poderão se ver mais do que como aluno e professora, nem conversar sobre nada além da matéria que ela ministra pra sua turma.

- Isso é absurdo!

- Estou lhe dando uma chance, Rupert. Quando você terminar o curso, você vai se formar e ser livre; ela também e vão poder decidir o que fazer das suas vidas.

- Meu pai não me imporia isso, professor. Eu não tenho que dar satisfação a ninguém do que faço da minha vida.

- Enquanto for nosso aluno, tem sim. Ou perde a matrícula e a bolsa.

Rupert viu que ele falava muito sério. Respirou fundo e falou:

- Não posso decidir nada sobre isso sozinho. Há outra parte interessada.

- Não consegue nem tomar uma decisão sem ela... filho? – perguntou Matheus, enfatizando a palavra “filho”.

Rupert não respondeu, mas seus olhos fuzilaram Matheus.

- Pense bem, Rupert. Você é suficientemente adulto pra decidir isso sozinho. A professora Laura ainda não sabe que estamos tendo essa conversa e acho que ficaria muito constrangedor pra ela se eu tivesse que... indagá-la sobre isso. Tudo pode ser resolvido apenas entre nós, porque... a parte mais fraca desse caso é você. É mais fácil você sair da faculdade do que ela perder o emprego... entende? Você também é importante pra nós, no meu entender, mas ela é mais pra faculdade.

Rupert sentiu-se novamente pequeno. Engoliu sutilmente em seco. Sentia vontade de beber alguma coisa para aliviar a garganta que ardia.

- Quer dizer que a decisão tem que ser minha?

- Sim. O caso é bem simples: ou você desiste de tudo isso e continua estudando conosco até o final do curso... ou pode assumir a Laura, mas... fora daqui.

- Posso... ter um tempo pra pensar?

Gerson olhou para Matheus e respondeu:

- Venha me trazer a resposta amanhã no intervalo.

O rapaz pensou e concordou.

- Amanhã...

- Lamento tudo isso, filho. Sei que você é um ótimo aluno e um dos cabeças do nosso jornal. Eu particularmente não gostaria de perdê-lo como membro da faculdade. Espero que você tome a melhor decisão... pelo seu futuro.

Rupert levantou-se, olhou mais uma vez para Matheus e pediu:

- Estou liberado? Posso ir?

- Pode.

Ele saiu da sala.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 11

Velucy
Enviado por Velucy em 30/10/2017
Reeditado em 31/10/2017
Código do texto: T6157073
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