TEACHER II - DELAÇÃO - CAP. 10
DELAÇÃO – Capítulo 10
Rupert se encontrou com Tereza e Décio, na entrada do campus, e ela perguntou:
- Tudo bem? Pensei que você não viesse hoje.
- Tudo bem. Meu pai vai sair hoje do hospital. Não tinha cabimento eu faltar hoje. Perdi muita coisa ontem?
- Não, não muito. Te passo tudo durante o intervalo.
- Convidei a Tereza e quero que você vá almoçar lá em casa, no domingo, Rupert. Topa? – Décio falou.
- Não sei se vai dar não, cara. Com meu pai engessado em casa... vou ter uma pá de coisas pra fazer.
- A gente leva ele, uai! Meu poisé está despencando, mas ainda cabe o pai do meu amigo. O seu pai nunca sai para fazer um programa diferente. Quem sabe ele se anima.
- Tudo bem. Se você insiste.
- Legal!
Eles cruzaram com Matheus que ia para a aula, no corredor, e ele nem sequer disse bom dia, como de costume. Tereza e Décio estranharam.
- Que bicho mordeu ele? – Décio perguntou.
- Está esquisito, não é? – Tereza observou.
- É... falou Rupert, sabendo muito bem o que era o mau humor do professor.
Foram para a sala e assistiram a todas as aulas normalmente. No final do período o bedel veio até a porta e chamou:
- Rupert Lauter!
- Eu! – Rupert respondeu, erguendo a mão.
- O professor Gerson quer falar com você na sala do reitor.
Rupert gelou. Décio e Tereza olharam para ele.
- Agora?
- É. O mais rápido possível.
- Obrigado. Eu já estou indo.
O bedel foi embora.
- O que está havendo compadre? Primeiro o mestre passa por nós com aquela cara, depois o diretor do curso chama você na sala do reitor! Aprontaste alguma, meu irmão?
Rupert sorriu e respondeu:
- Não faço a mínima ideia. Deixa eu ir lá ver isso logo. Tereza, vou até sua casa hoje à noite, tá?
- Oba! E a que devo o motivo de tão honrosa visita?
- Depois eu te explico. Tchau.
- Quer que eu espere por você? – Décio perguntou.
- Não, vão indo. Até amanhã.
Ao entrar na antessala do escritório do reitor, Rupert suava frio. A secretária pediu que ele esperasse e foi anunciar a sua chegada.
- Pode entrar, ela disse, ao voltar.
Rupert entrou na sala e, para sua surpresa, o professor Dário não estava lá. Apenas Gerson e Matheus.
- Boa tarde, Rupert, falou Gerson, com um sorriso. – Não quer sentar?
O rapaz sentou-se na cadeira diante da mesa e olhou para Matheus, apoiado na estante com cara de poucos amigos.
- Pensei que fosse conversar com o senhor e o reitor, professor Gerson.
- O professor Dário está no Rio de Janeiro. Eu estou no lugar dele interinamente, por dois ou três dias.
- E... o que eu fiz de tão grave pra ser chamado aqui pra conversar com o senhor e não com o diretor interino do T.I.?
Gerson sorriu de leve e apoiou-se na mesa, cruzando os dedos das mãos.
- O professor Matheus está preocupado com você, Rupert. E tudo que preocupa nossos professores, no que se refere a vocês, alunos, preocupa a reitoria também.
Rupert olhou para Matheus e perguntou:
- Preocupado com o quê? Eu estou ótimo.
Gerson olhou também para o professor de Matemática e quis saber:
- Você quer falar com ele ou eu falo?
- Ele não vai me ouvir, não é meu aluno, fale você.
Rupert franziu as sobrancelhas sem entender.
- Não vou ouvir o quê? Por quê?
- Calma, Rupert. O assunto é bem delicado tanto pra você quanto pra nós e a Universidade, e tem que ser tratado com muito cuidado, muita calma.
- Que assunto? Do que a gente está falando? Por favor, professor, sem rodeios.
- Você e a professora Laura de Língua Inglesa.
Rupert ficou em silêncio. Olhou novamente para Matheus e o encarou frio e duro.
- Qual foi a... denúncia feita pelo professor Matheus?
- Bem... ele alega que vocês dois... estão tendo um caso.
- Com essas palavras? – Rupert perguntou, irônico.
- Não importam as palavras, Rupert. Você confirma?
O rapaz respirou fundo e encostou-se na cadeira. Matheus olhou para ele, aguardando, ansioso, sua resposta.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 10