TEACHER II - ATROPELAMENTO - CAPÍTULO 1
ATROPELAMENTO – Capítulo 1
No dia seguinte, na aula, Décio e Tereza notaram que Rupert estava diferente. O rapaz era sério demais sempre, mas naquele dia até riu com as piadas sem graça de Nelson, o colega de grupo.
- Milagre! Vai chover canivete hoje! – falou Nelson. – Ele riu!
- Larga de ser bobo, Nelson! – falou Rupert.
- Mas é verdade, Rupert, disse Décio. – Você está diferente, alegre... Está mais leve, hoje. Isso é muito bom, mas a gente pode saber o motivo?
Ele olhou para os dois e sorriu enigmático, depois olhou para Tereza que ergueu as sobracelhas, pois ela a única que sabia, e disse:
- Não!
- Ah, droga! – falou Nelson.- Ele mostra o milagre e não conta o santo, caramba.
- Vai, desembucha, colega. Ganhou na loteca?
- Se tivesse ganhado, não estaria mais aqui. Por mais que eu goste de vocês.
- E o que você faria se ganhasse na loteria, Rupert? – Tereza perguntou.
Ele colocou a caneta na boca e respondeu:
- Não sei… Eu nunca cheguei a pensar nisso. Nunca tive vontade. Pra começar eu nunca tive dinheiro pra jogar.
- Está brincando! – falou Décio.
- Sério!
- Pra cima de mim, cara? – falou Nelson. – A primeira coisa que eu faria era me mandar pro Rio, casar com a minha gata e sumir do mapa... do Brasil, é claro.
Todos riram.
- Gostei da segunda parte, falou Décio. – Casar com a gata. É uma ótima. Acho que casar com a Luíza, mesmo que tenha sido com o cano da espingarda do meu sogro na orelha... – todos riram de novo -...foi a melhor coisa que já me aconteceu.
- Por falar nisso, como vai o pimpolho? – Tereza perguntou.
- Ah, eu sou suspeito. Ele está lindo! Quietinho feito o padrinho.
Rupert sorriu.
- Aliás, a gente vai batizar ele no final do mês que vem. Vai alugando o terno, tá, compadre?
- Terno? – ele perguntou. - Você está brincando.
- Claro que não! Quero tudo na estica, meu! Terno e gravata. Meu filho merece um batizado de primeira, já que foi feito de primeira. Foi só olhar de uma forma diferente pra Luíza e pimba... o Rupert II foi concebido.
Todos riram novamente.
- Está certo. Eu dou um jeito.
- Por falar em casamento, alguém já sabe do namoro da Laura e do Matheus? – perguntou Nelson.
- Eles não estão namorando, acudiu Tereza, olhando para Rupert.
- Ainda não?! Pô, esse cara não ataca nem recua. O que é que ele quer?
- Ela não gosta dele, oras! Quando um não quer, dois não brigam. Você acha que só porque um cara gosta de uma moça, já pode conseguir ganhá-la assim, na manha?
- Bem dito, Teca, disse Rupert, batendo com a mão aberta na mão dela.
- Xi! Estão os dois na Liga das Mulheres Independentes? – brincou Nelson.
Ambos riram.
- Acho bom parar com esse assunto porque... olha quem vem vindo aí, falou Décio, indicando Matheus que entrou na sala.
- Oi, pessoal. Bom dia.
- Bom dia, disseram todos.
- Rupert, há um telefonema na secretaria do prédio três. Acho que é seu pai.
Rupert ergueu-se rapidamente e correu para lá. Matheus e os três colegas foram junto com ele. Rupert atendeu ao telefone com o coração aos pulos.
- Alô!
- Rupert, é Alice.
- Alice?
- Uma vizinha sua. Se pai está internado. Ele foi atropelado agora há pouco perto da minha casa e nós o trouxemos pra cá.
O rapaz fechou os olhos, colocando a mão na cabeça.
- Atropelado... e como… como é que ele está? Onde ele está?
- Ele ainda está desacordado. Está nas Clínicas. Você podia vir pra cá agora?
- Claro, estou indo. Obrigado por enquanto, Alice.
Ele desligou o telefone e encostou-se no balcão para respirar melhor.
- Que foi, Rupert? – Tereza perguntou, preocupada.
- Meu pai está nas Clínicas... Foi atropelado... Tenho que ir pra lá correndo.
- Eu te levo, falou Matheus.
- Estou de moto, obrigado.
- Mas não vai dirigir desse jeito. Eu te levo. Vem.
- É melhor ir com ele, Rupert. Eu levo a moto com a Tereza. A gente vai junto.
- E a prova de hoje?
- A gente faz substitutiva depois. Vamos logo.
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Welcome to my dreams...
ATROPELAMENTO - CAPÍTULO 1