TEACHER - RÉGIS - CAPÍTULO 9
RÉGIS – Capítulo 9
Depois que a partida de futebol terminou, não contente com o rumo que a conversa que tinha tido com Rupert tinha tomado, Matheus propôs:
- Vamos tomar alguma coisa na minha casa?
Rupert ficou olhando para ele, tentando adivinhar suas intenções, mas respondeu:
- Não, obrigado.
- Por que não?
- O sucesso pode me subir à cabeça, disse ele irônico, afastando-se e indo para perto de Décio e Nelson.
Matheus balançou a cabeça, suspirando.
- Carinha cabeça-dura!
Breno, outro professor, aproximou-se dele e perguntou:
- Soube que ele não assiste mais às aulas da Laura?
- Não, mentiu Matheus.
- À toa, aparentemente. O que você acha que é?
- Alergia a Inglês. Eu também tinha isso. Detestava a matéria.
Breno riu.
- É, mas não tem alergia à professora, não é? Acho que nem ele...
Matheus engoliu um palavrão e sorriu amarelo.
- Meta-se com a sua vida, tá, Breno? Pela Laura, não me conta isso pra mais ninguém.
- Ok, não está mais aqui quem falou.
Em seu quarto, deitado na cama, naquela noite, Rupert não conseguia pensar em nada a não ser Laura e na conversa tida com Matheus.
A troco de que ele teria feito declarações tão pessoais a um ex-aluno? Laura teria contado a ele? Matheus era realmente um dos poucos professores que já haviam se preocupado com ele e, se estava realmente apaixonado por Laura, o que estaria querendo mostrar a ele com aquela declaração?
A porta do quarto se abriu e Régis, seu pai, colocou a cabeça para dentro do quarto.
- Filho...?
O rapaz sentou-se na cama.
- Entra, pai.
Régis era um homem novo ainda, apesar de estar acabado pela bebida e pela falta que sentia da mulher falecida. O rosto triste mostrava as marcas dos anos de solidão.
- Como foi o jogo?
- Bem.
- Ganharam?
- Empate. Dois a dois. Os coroas andam treinando à noite, falou ele, sorrindo.
Régis sorriu também e sentou-se na cama aos pés dele.
- Não bebi hoje, reparou? – perguntou ele, feito criança querendo aprovação.
Rupert sentiu a garganta doer e balançou a cabeça afirmando, já que a voz não saía.
- Traga seus amigos pra uma cerveja aqui qualquer dia... Ainda não conheço nenhum deles, a não ser a Tereza que mora aqui perto.
- Trago, sim, pai.
- Prometo não dar vexame…
Rupert ficou calado. Ouvia sempre promessas assim que nunca eram cumpridas.
- Você tem vergonha de mim, não é?
- Não, de você não. Tenho vergonha do homem que domina você quando você bebe. Tenho vergonha do cheiro de álcool que você exala. Mas isso tudo não é você. Não é meu pai. Meu pai é esse cara que está conversando agora comigo. O pai que eu amo.
Régis abraçou o filho e prendeu o choro. Não disse mais nada depois. Levantou-se e saiu do quarto. Rupert deitou-se novamente e ficou olhando para o teto, sem conseguir chorar.
O rosto de Laura apareceu no teto branco e sorriu para ele. Ele sorriu também e fechou os olhos tentando guardar aquela imagem. Adormeceu.
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Welcome to my dreams...
CAPÍTULO 9