LEO V - DIREITO DE FILHO - CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4 – DIREITO DE FILHO
No dia seguinte, Samuel, depois de acordar eu sua cama com muita dor de cabeça, tomou um banho e desceu. Tomou seu café a se perguntar como havia subido para seu quarto, se tinha bebido e adormecido em seu escritório. Não se lembrava de ter subido sozinho, o que seria pouco provável.
Pensou em Leo, mas também achou a possibilidade remota. Não quis perguntar. A cabeça doía muito.
Leo desceu pouco depois, parecendo muito leve e satisfeito.
- Bom dia, pai! – ele cumprimentou apanhando uma xícara de café.
O velho olhou para ele, desconfiado e, para variar, não respondeu.
- Posso saber do motivo de tanta alegria?
- Não estou alegre. Você não me ensino isso, mas minha mãe falava que educação era um qualidade que a gente tinha que por em prática de vez em quando. Concorda? Não custa nada e... não dói.
- Hum... Vai sair?
- Vou, não volto pra almoçar e talvez... nem pra jantar. Não espere por mim.
- E vai aonde, posso saber?
Leo olhou para ele ensaiando um “não interessa”, mas acabou por responder.
- Vou... namorar.
Samuel ergueu as sobrancelhas, abismado. Leo sorriu, colocou a xícara vazia sobre a mesa e saiu, deixando o pai muito intrigado. O bom-humor de Leo não era normal. Achou melhor averiguar. Foi até seu escritório e lembrou-se de com que estava mexendo no dia anterior antes de se embebedar.
Procurou o testamento de Melinda Torres em sua gaveta e não o encontrou. Procurou em cima da mesa e no meio de outros papeis e nada. Subiu até seu quarto e foi a mesma coisa.
Só podia ter sido Leo, mas como descobrir isso agora? Foi ao quarto do rapaz, vasculhou o que pôde e novamente nada encontrou. Resolveu então esperar que o filho voltasse e, quando Leo entrou no quarto, Samuel estava lá, sentando em sua cama, esperando por ele.
- Errei de quarto? – o rapaz perguntou, entranhando a presença do pai ali.
- Onde é que está o documento que você tirou de mim?
Leo sorriu.
- Que... documento?
- O papel que você tirou da minha mão, ontem, enquanto eu estava bêbado.
- Que papel, pai? Não sei do que você está falando.
Samuel se levantou rapidamente e investiu contra ele, segurando-o pela gola da camisa.
- Você sabe muito bem do que estou falando! Onde está o testamento da sua mãe!? Fale logo, antes que eu te arrebente!
- Eu não sei de testamento nenhum! Me larga!
Leo soltou-se dos braços dele e afastou-se, arrumando a camisa.
- E se eu estivesse com ele? Não estaria no meu direito? Eu sou herdeiro universal dela, já que você me tirou da sua vida quando eu tinha dez anos. Aquele testamento é a palavra da minha mãe contra você.
- Você não tem direito nenhum a nada, seu vagabundo! Eu sustento essa casa!
- Minha casa! Essa casa é minha!
- Essa casa nunca vai ser sua, Leo Torres! Ela vai ser do meu neto quando eu morrer.
- Bonito você dizer “seu neto”... Obrigado pela consideração. Só assim ele é meu filho, não é? Pra ser seu neto. E sai do meu quarto! Já falei que não estou com testamento nenhum e trate de achá-lo logo, porque, se eu achar... você não vai vê-lo nunca mais!
Leo disse isso com o rosto bem perto do rosto do pai.
Samuel saiu do quarto, furioso. Leo fechou a porta e respirou aliviado. O testamento já estava finalmente nas mãos do advogado de confiança de sua mãe, em São Paulo, junto com seu próprio testamento que legava a Bruno, a casa e tudo que estivesse dentro dela, inclusive o piano, presente se sua mãe.
Samuel não teria direito a mais nada.
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DIREITO DE FILHO - CAPÍTULO 4