LEO IV - PROMESSA - CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4 – PROMESSA
Arrasado, Haroldo deu as costas e entrou no hospital.
Leo entrou no carro e começou a fumar um cigarro atrás do outro. Ficou ali por cerca de uma hora, até que a impaciência o fez voltar ao hospital para saber de Gilda e do filho.
Não havia mais ninguém conhecido na sala de espera, mas ele viu Alcântara saindo do quarto. Parou e esperou que o médico se aproximasse.
- Se eu disser o que é, você vai embora? – perguntou Alcântara.
- Eu sei o que é. Eu quero ver a Gilda!
- Ela está com o marido e o bebê. Precisa descansar.
- Eu não vou sair daqui, doutor. Eu preciso ver a Gilda.
- Pelo amor de Deus, garoto, esqueça minha filha! Vá embora ou eu vou ter que chamar a polícia.
- Vocês vão ter que me matar pra eu sair daqui, desta vez. Não tenho mais nada a perder. Posso acabar com esse hospital e com tudo que tem dentro dele, mas eu quero ver a mãe do meu filho!
Alcântara preocupou-se. O rapaz começava a ficar nervoso de forma preocupante, pois suas mãos estavam fechadas.
- Está bem. Eu vou arranjar isso. Espere aqui. Não faça nenhuma loucura. Isso aqui é um lugar público e há pessoas inocentes que não têm nada a ver com seus problemas...
O médico entrou novamente no quarto. Quando saiu estava com dona Júlia, Haroldo e Samuel que disse:
- É muita petulância! Você não se enxerga, Leo?
Leo novamente fez que não ouviu o pai.
- Deixe, Samuel. Ele vai entrar, ficar um minuto, depois vai sair e nos deixar em paz. Ou eu não respondo pelas consequências.
Samuel foi sentar-se distante dali, inconformado. Haroldo, não menos nervoso, passou por ele e saiu.
- Entre, mas não demore, falou o médico. – Não queira abusar da minha boa vontade.
Leo entrou no quarto.
Gilda estava recostada num travesseiro com o bebê nos braços. Sorriu quando ele entrou e Leo só conseguiu ficar parado na porta, com os olhos já começando a marejar.
- Vem cá, ela pediu.
Ele aproximou-se devagar e foi ficar junto dela. Gilda segurou sua mão que tremia. Ele olhou para o ”pacotinho” no colo dela, assustado, e perguntou:
- É um menino mesmo?
- Não era o que a gente tinha combinado? – ela perguntou, sorrindo. – Ele é muito lindo.
Ele respirou fundo e encostou o rosto no dela, beijando-a com carinho. Depois escondeu o rosto em seu ombro e chorou, chorou muito e dolorido. Quando ergueu o rosto, Gilda tentou secá-lo com a ponta dos dedos.
- Não chora. Ele é tão lindo quanto você.
Ele sorriu. Hesitante, tocou o filho, todo enrolado em cobertores, adormecido. Olhou o rosto do menino e seus olhos brilharam.
- Mal dá pra crer...! Meu filho...
- Você não quer pegá-lo?
- Não... Não posso... Eu estava fumando feito um doido, aí fora. Ele não pode... ter vício nenhum. Não vai ser como eu. E se eu pegar... não largo mais... Nunca mais...
Olhou novamente para o rosto do garotinho e sorriu.
- Ele é lindo sim... mas se parece com você.
- Não, ele não tem nada meu. Você disse que ele ia se parecer com você e aconteceu. Ele é o nosso Bruno.
- Obrigado...
- Me perdoa, Leo!
Ele apertou a mão dela e a beijou.
- Eu vou embora. Já tem gente demais contra mim, aí fora. Não quero perturbar mais você. Você precisa descansar... A gente fez um bom trabalho, ele diz, sorrindo. – Não esquece: eu te amo muito e pra sempre!
Acariciou o rosto dela e a beijou novamente, um beijo longo e apaixonado, talvez o último. Beijou o corpo do filho e apertou a mão dela. Afastou-se e saiu do quarto.
Gilda abraçou-se ao filho e chorou em silêncio.
Fora do quarto, Leo olhou para Haroldo e Alcântara e disse:
- Nenhum de vocês vai ter um minuto de paz, enquanto eu viver. A consciência de vocês não vai deixar... nem eu! Isso é uma promessa.
Saiu. Haroldo encostou-se na parede e fechou os olhos.
- Acho que eu nunca vou me perdoar por isso...
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PROMESSA - CAPÍTULO 4