A Natureza das Asas – Dialogo Entre o Corvo e a Borboleta-

- O amor independe das necessidades biológicas do corpo...

O amor será sempre amor e não importa a forma de sua manifestação

ainda é amor, amar é o dom sagrado da alma!

Não importa o gênero sexual do corpo

pois na essência somos todos anjos e todos temos asas. -

Thoreserc.

Introdução

Essa é a história de uma antiga lagartinha, que comeu e comeu das folhas que a natureza lhe serviu e quando chegou o tempo dormiu em seu casulo, viveu todos os processos de sua transformação; sentiu dor, sentiu solidão... E quando o tempo do casulo acabou, ainda com pensamentos de lagarta temerosa, devorou a casca que lhe apertava o corpo e as asas, fez tremenda força até se libertar e ver-se nova criatura. Linda e dourada, entre flores de uma primavera sonhada, pode então voar.

Encontrou sombrio pássaro negro, que vivia em liberdade suas glorias e suas agonias!

Ela se enamorou e o Corvo não se negou, amando tanto quanto a borboleta o amava, a fez parte de seu mundo e o céu, hoje, dos dois é casa!

Mas a borboleta sentiu saudade dos amigos, daqueles que conheceu e amava, de seus entes queridos. De braços com seu amado pássaro aterrissou nos campos antigos, de alguns recebeu carinho, mas foi a reprovação e o preconceito da maioria que a machucou.

- O Lamento da Decepcionada Borboleta -

E mais uma vez me ensina a vida... Mais uma vez recebo a chance de separar o joio do trigo

e ver quem me é de fato amigo!

Mais uma vez me deparo com a dura realidade: Aqueles que carregam o seu sangue, os que pela biológica circunstância, deveria amar de verdade, são os que mais jugarão, sou uma borboleta, mas a minha família é um enxame de abelhas com venenosos ferrões.

Nossos verdadeiros companheiros nascem longe de nossa casa, em outros lares e quando te encontram, são eles que de verdade abraçam...

-A Sabedoria Arrogante do Corvo-

Por anos tenho arrancado penas de minhas próprias asas e usando como tinta o meu sangue

para escrever de toda a minha alma verdades que somente são compreendidas pelos mais simplórios, aqueles cujo o mundo julga não terem nada para oferecer.

E é com esse mesmo empenho que te falo agora, palavras que não são novidades, pois em nossas horas de intimidade somos filósofos em permuta.

Eu não sou de terra alguma, não sou submisso aos ditames do homem, não possuo religião, sou servo do sol e por isso exalo escuridão! Eu sou o Corvo!

Nossos amigos queridos, de fato, são aqueles que não possuem laços consanguíneos, já entre os nossos parentes são poucos os que são nossos amigos, e estes poucos são suporte, pois há de haver um tanto de sensatez em roda de antigos inimigos.

Todos nós nascemos entre os nossos desafetos, pois entendido é que os laços de sangue podem construir relação de amor e perdão. Um jogo de azar onde o que depende é a escolha de todos em contínua ou deixar a roda da agressão.

Há quem tenha a mãe, o pai ou o mais caro irmão como um terrível adversário de outras eras. E renascem para se perdoar, alguns conscientemente se lembram, enlouquecem ou se vigam, outros usam as lembranças para não mais repetir os erros.

Mas no final, todos lembram de forma inconsciente e principalmente nos momentos onde o perdão deve ser exercitado, a tolerância vivida... Quando temos a oportunidade de estender a mão amiga para aquele que foi nosso inimigo, nesse momento o pior sempre emerge, pois o humanos é guiado pelo estimulo exterior, que em sua maioria é maldade, e por isso ouvir a voz interior do bem é tão difícil.

E por isso vemos pais e filhos se mantarem e se agredirem... E por isso família sempre será, do humano, o seu ponto fraco.

Minha amada Borboleta, lindamente ouves a voz doce de seu interior quando este pede que volte cheia de paz e amor ao convívio familiar, e nunca irei impedir que o faça, muito pelo contrário, se for de meu alcance farei essa voz sempre ressoar mais potente!

Mas não te firas tanto, não deixe que a ignorância te torne descrente!

Cumpres o teu papel em seu puro desejo de união, mas há quem seja capaz da aceitação, incapazes de transformar carmas em darmas e quebrar o ciclo vicioso da roda de sansara.

Hoje te reprovam por sua união com esse Corvo incompreendido, vulgo da escuridão, iguais em matéria biológica carnal, pois na realidade onde somos humanos, ambos portamos úteros, mas se não fosse o nosso amor pelo o que te repudiariam?

Sempre encontrão um motivo para se manter a guerra quando não se sabe mais viver sem ela!

Jogo essas palavras no tempo, que me ouçam os teus parentes, que ainda são lagartas, ou abelhas defendendo o mel do amor que negam com ferroadas.

Que os ventos de nossa liberdade os façam ouvir esse nosso intercurso sagrado de sentimento e sabedoria.

Lamento pela madre que desconhece o fruto de seu ventre!

Que a julga incompetente de decidir por si mesmo, livre da influência ou do “poder mágico” de terceiros.

Para quem te conhece, de fato entende a sua essência e a ama, sabem que suas decisões partem de seu coração e se alegram com seus avanços!

Digo que não sou a causa de sua evolução; eu sou coadjuvante, resultado de sua ação, és a dona de sua vida e por conta própria a tomou de volta; por conta própria se livrou de seus fantasmas, como queria e como achou de deveria!

Faço o que o amor me leva a fazer e sempre irei pungir o pleno perdão e a compreensão do estado evolutivo de cada um dos que fazem parte de sua história. Te animar a nunca sentir-se melhor, mas também nunca se permitir acreditar ser o pior, pois o olhar do amor é nivelado, não está mais alto e nem mais baixo.

Amada, cara mia, receba com alegria quem te recebe... Quem não te receber, abençoe e deixe partir...

Abrace quem queira ficar na sua vida aceitando quem tu és de verdade, quem te enche de condições para ficar em tua vida... abençoe e deixe partir, mesmo sendo eu a fazer isso algum dia!

Ame sempre, pois o amor só edifica...

Vale ressaltar que quando falo em aceitação, não me refiro ao fato de seu amor ter os mesmos órgãos reprodutores que tu. Falo sobre aceitar a mulher livre, o ser humano capaz de escolher, de viver de fazer o convir, de começar algo e terminar esse algo se quiser, pois, se na metade ver que não lhe serve, por que continuar? Tem todo direito de desistir.

Essa guerreira que levanta todos os dias com a coragem de uma leoa, que no palco da vida é a mais bela borboleta, que tem sobre sua cabeça o sol como Luz principal, a lua aos pés sendo a iluminação da ribalta, merece todo aplauso nesse espetáculo que é a vida!

Seja como for, da maneira que for, em que tempo for, fazendo o que for, és simplesmente MARAVILHOSA... E isso não é mérito de ninguém, é mérito teu, não há quem tenha te forjado; ninguém te fez...Nascestes feita, sendo tudo o que és e aprimorada no esmeril da própria vida!

Não vou te pedir que não permita, pois sei que nunca, jamais irá admitir que te apaguem a luz!

Eu te amo!

Para sempre! Sempre de todo sempre, na vida e na morte, na vida e na eternidade!

Para sempre seu pássaro apaixonado. Se me permite “cara mia” irei quebrar a quarta parede.

Leitores que chegaram até aqui saibam que não pedirei escusas pelo substantivo em masculino; a licença poética tem limites, não existe a substantivo feminino regular para pássaro, e não irei ser singular em diminutivo e nem escrever "passároa" para agradar-vos, se é que me entendem... Assim como anjos não possuem sexo, logo poetas e demônios também não.

- A Confortada Borboleta -

Com você aprendi a sabedoria e justiça do Sol...

Aliás me lembrei de um ensinamento e uma verdade que em meu ser já existia.

Com você acreditei em mim e aprendi a não temer a própria vida.

E o que é o preconceito? O julgamento sem caber o real conhecimento.... Não julgo os ignorantes, pois um dia também ignorei o que de fato importava, e assim feria minhas crenças, mas como disse, conhecendo o meu pior, descobri o meu melhor e preferi colocar o foco da luz principal nele, o resto ficou em fotografia...

Diante suas sombras se fez, se assumiu corvo, em todo seu majestoso, complexo e por muitos desconhecidos significados...

E diante da minha luz, rompendo meu casulo, me fiz borboleta! A alegrar e colorir minha até então existência cansada...

Abandonei o trágico cômico teatro...

Mas por essa luz também me fiz justiça, e também há as borboletas que trazem a morte, mas que de forma alguma anuncia o final ou proliferam pela terra a injustiça

Hoje julgamentos não mais cabem ou torturam como antes, pois para comigo mesmo já me fiz muito intransigente... Não cabe mais a ninguém o direito de me tentar fazer "gente" pois desacreditando na minha humanidade que me fiz do mundo e das pessoas tão descrente...

Até você aparecer em minha vida, e me mostrar que em minhas mãos havia o poder para mudar o meu destino, me mostrou o caminho para fazer algo distinto.

E quando me vi tendo asas não pensei duas vezes para me lançar para liberdade, e sendo livre me fiz sua, nosso amor é voo incompreendido de soberania para aqueles que mesmo possuindo asas, ainda preferem enterrar as patas no chão!

Não julgue a natureza da borboleta, que não somente por não haver um "borboleto" escolheu um passarinho, escolheu sim pois percebeu nele não somente penas que nascidas de suas asas dão forma e voz a um pergaminho...

Ousou ver além, ver que por elas o grande e amado Corvo, alça seu voo em busca de matéria para formar seu tão ansiado e utópico ninho... Percebeu nele também a incapacidade de voar só, mesmo sabendo o dom e a graça que é planar, mas se condoía toda vez que necessitava a terra voltar, para a necessidade do físico nutrir, pois todas suas urgências suas negras asas não poderiam carregar, e para isso, para se manter vivo, se ver tendo que pousar sobre espinhos!

Gratidão, amada por me fazer ainda ter alguma fé durante nossa longa caminhada...

Se hoje me faço leoa é porquê a cada dia me ajuda a lutar e vencer cada uma de minhas feras, cada uma delas já não me assustam, são um rastro de rostos borrados no passado! Medos deixados pela estrada, não mais me afugentam os passos...

Gratidão pela sinceridade de cada palavra, por cada momento, cada olhar... Pelo silêncio que por vezes nada diz e tudo traduz. Obrigada por me apresentar as sombras e a escuridão e assim saber reconhecer e não me deixar cegar pela luz!

Para quem não te conhece nem seria necessário se apresentar, seria apenas preciso ter força romper as amarras e se colocar diante o espelho o lugar temido, mas pela alma tão ambicionado e querido.

Pois nosso erro talvez ainda seja insistir em lançar pérolas para os porcos, pois estes não sabem o que as mesmas são para ostra... Eles não sabem que mesmo no fundo, fechadas, choram e sagram mesmo que ninguém as ouça e talvez todo sal do mar venha desse seu desesperado, porém valioso chorar!

Mea culpa querida companheira, também de prosa, lira e poesia... Se por vezes a esperança insiste em abandonar essa dourada borboleta e por vezes ela assume a forma de uma sombria, mas ainda voante mariposa!

Mas a transmutação em arte como breve suspiro de alívio e alegria em meu peito ainda habita e repousa...

A esperança meu ser invade!

-O Corvo Exalta a Essência das Asas-

A natureza das asas da Borboleta vai além da quitina de sua composição, assim como as asas do corvo não se definem em negras penas, são asas... Somos iguais em nosso dom de voar!

Sim, fizemos dessas carapuças que para o alto jogamos, lindas perolas, e eu quero que o porco as comam, e as defequem, pois não as digerem.... Mil vezes se necessário for.

Até que na aurora de um dia percebam o valor das joias que ingeriram por eras incontáveis no descuido na avidez em devorar , ignorando que, talvez, entre o lixo e a lavagem possa haver preciosidades.

Somos todos bichos, e quisera que tivéssemos a evolução do macaco, que em bando, vivem em respeito e paz!

Esses pássaros que insistem em fincar suas garras no chão para julgar o voo dos libertos, fazem isso por terem as asas feridas, manchadas por mergulhos no petróleo da própria natureza, mas a alma, assim como o sistema vital do qual é composta em matéria, se refaz, se purifica!

Tantos adjetivos nos cabem, o que me vem à mente nesse instante é o da lótus: Nasce no charco, e em meio a sujeira prospera... E quando a lama respinga em suas pétalas, ela se refaz, se purifica, transformando em pó brilhante a sujeira; pó que lhe será nutrição.

E assim devemos ser entre o charco de nosso nascimento, transmutar o mal em bem e garantir a prosperidade do amor.

Em meu estado de Lótus não me canso de jogar perolas aos porcos.... Eles também merecem a chance de descortinar as preciosidades do mar!

A borboleta é a representação da vida, pois ela é a senhora suprema dos ciclos, e da completude da existência.... Quem nela vê o mal, apenas teme a mudança, pois está em estado acomodado e por muito tempo em uma única posição parado, mover-se causa dor intensa!

O processo parece lento e até injusto, mas é assim mesmo!

O Corvo projeta uma grande sombra, porque maior é a luz que o ilumina, vem como mensageiro do sol, pois quem pode olhar diretamente para o Senhor dos altos do dia sem queimar a retina? E por isso erigido de sombras é esse pássaro, com suas negras asas leva a sabedoria do sol sem cegar os olhos que a perceba!

O Corvo é o Equilibro que todo homem deveria desenvolver, os extremos descompensam, a luz cega tanto quanto a escuridão, as sombras é o equilíbrio de onde podemos ver!

Sei que questiona quem pode entender nossas divagações e nossas metáforas, que verá beleza em nossas falas e ânimo de nos ler até o fim... Isso faz parte!

Quem irá ler menos me importa, pois o que mais aprecio em dividir a literatura e a escrita contigo é que: Do que pode vir a ser guerra, sem zumbaia, fazemos arte

Mas sabe o que mais aprecio em você?

E por isso, pode crer, não haverá outro alguém que desse dueto faça parte...

Me alegraria ver surgir a disposição em ler, tentar entender e ainda mais se houvesse a ousadia em nos responder!

Mas, quem me decepcionaria? Então... prepara-te para os elogios dos que aplaudem sem ter lido!

- A linda Moral de autoria da Borboleta-

Ainda não compreendo a natureza de minhas asas, as vezes não sei usá-las, por vezes elas se tornam um peso que pela terra arrasto, por tantas outras são os braços longos de que preciso e a todos os meus abraçam, mas por tantas outras também são cortantes navalhas...

Mas se como tu disses, anjos possuem asas e com os demônios não é diferente, claro pois também são anjos, se carregamos o melhor e o pior dentro de nós, porquê com a minha torpe natureza seria o contrário?

Por vezes a bondade se recolhe, se faz ausente, mas aí se mostra a magnitude do amar, que desperta e traz à tona o nosso melhor, nos mostra que mesmo pecadores, não estamos sós!

E passo a compreender um pouco melhor minhas asas, elas me trazem novamente para casa que é o bem e a essência pura do espírito que mesmo sabendo que é corrompido possui o desejo de melhorar...

Compreendo que no verdadeiro amor não cabe julgar, mesmo sendo mestre em juízo, sendo tão algoz e punitiva com os outros e comigo, percebo que a aceitação é abrigo que nasce dos corações que pelas garras fincadas no chão não se fazem mais cativos.

Percebo que amor e aceitação em nada se fazem parecidos, é possível amar sem todas as atitudes do outro admitir; amor é libertação que nasce no coração que do julgo no pleno agradar se fazem remidos!

Aqueles que não tem o compromisso com a perfeição apenas compreendem, aceitam que estão vivos... E é possível aprender e crescer com sua própria natureza e com as pedras no caminho...

Onde existe o verdadeiro e incondicional amor e o respeito faz morada, não se enquadra a palavra “acatar”- no sentindo de sentença, um “júri” para punir ou dar absolvição- pois a aceitação em sua plena verdade já cabe e nasce naqueles que são fieis a pureza de seu espirito e essência do seu coração!

Não há pecado nos puros sentimentos! Só não cabe a ninguém a posição de juiz e algoz....

Peço perdão ao orbe por cada vez que fiz o mesmo!

Para que, do universo, sendo eu dedicada aluna, tenha liberação de aprender e minhas habilidades aprimorar, possa eu saber com responsável humildade minhas asas recém descobertas usar com a liberdade almejada ... E a liberação do perdão e para com os outros a aceitação que os mesmos negam para o próximo doar!

Se para alguns são necessário fôrmas e moldes ou amputar suas asas para obter o pleno amor, destes em meu coração não guardo rancor, lhes dou o direito de ser quem são, lhes dou o acato do que levam em seu coração e anseio pelo momento que os mesmos descubram o que trazem no espirito, mas não me faço conivente, só quero ser quem sou sem permissão; me fazendo borboleta, enfim me fiz, aceitei e compreendi toda doce complexidade em ser gente!

-Perdões-

Pedimos para sermos perdoados assim tal como perdoamos, não é dessa forma que pedimos na sagrada oração?

Beleza há em reconhecer os próprios erros, os meus eu já nem mais enumero, pois está em cartaz aos olhos de todos, nunca escondi minha natureza gosto até mais de meus defeitos, pois são minhas qualidades usadas sem maestria. Somos humanos somos inclinados ao erro embora projetados para acertar, no entanto essa é a didática do universo, nos deixar livres para aprendermos com nossos tropeços!

E por isso orar a sagrada oração sem compreender essa premissa da vida, faz do pão nosso de cada dia uma maldição, pois se não sabe perdoar quem te ofende, não peça ao Grande Senhor Onipotente o mesmo perdão que oferece!

E isso já compreendemos, as pessoas nos machucam, magoam nosso espirito, mas me diga o que fazemos de nosso rancor?

Até nos debatemos nele alguns instantes, mas já sabemos que: O que no outro nos causa espanto é reflexo de nossa defeituosa aparição, então... não nos desgastamos e damos o perdão e assim nos tornamos, por nós mesmos, almas remidas na divindade que nós é permitida por sermos semelhança e imagem com o Eterno Arquiteto da vida.

L. Thoreserc & Ana A.G Beatriz

Noah Aaron Thoreserc e Ana. A.G Beatriz
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 09/05/2017
Reeditado em 10/05/2017
Código do texto: T5994500
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