A Fuga - 3
Idalina mal podia respirar. O que estava pensando enquanto se deixava abraçar por aquele desconhecido? Provavelmente, no quanto ele era bonito, tinha um porte atlético e em como aqueles braços se moldavam perfeitamente ao corpo dela...
Mas que diabo!
Ele podia estar se aproveitando dela, como era capaz de ser tão ingênua? Com certeza, era um desses homens grossos e indecentes, que batem os olhos em uma jovem e já se sentem no direito de flertar, ou fazer coisas piores. E foi quando pensou nisso, que Idalina saiu em disparada.
Nesse momento, seus pulmões queimavam, mas, mesmo assim, não ousava parar para recuperar o fôlego. O problema é que ela não sabia do que mais tinha medo, do homem a estar seguindo ou de ela gostar disso! Nunca, em seus 21 anos, vi-se tão próxima de um homem assim...
Desde que seu pai falecera, há três meses, Idalina vivia em constante insegurança. Estava sozinha no mundo, sem nenhum tio ou primo distante, ficando, assim, à mercê da maldade dos homens de sua vila.
Só de pensar em Aluisios Dramagon, seu coração congelava. O homem, no mínimo 20 anos mais velho do que ela, queria as poucas terras de seu pai e, não bastando, a importunava com avanços nada desejáveis. Na noite passada, havia adentrado sua casa, uma simples edificação em madeira de dois cômodos, que não oferecia muita segurança. O homem tentou segurar seus braços, enquanto Idalina se debatia e conseguia acertar um cruzado de direita em seu nariz, uma das poucas coisas que seu pai a ensinou a fazer, o que deu a ela o tempo suficiente para correr até seu esconderijo na floresta, que era, afinal, para onde ela estava correndo nesse momento.
Depois de adentrar na floresta, branca e congelada naquele período do ano, Idalina localizou a pequena abertura entre o salgueiro adormecido e um barranco, dirigindo-se a ela.
Porém, três passos antes de estar completamente segura e fora da vista de qualquer um que passasse por ali, Idalina sentiu uma mão se agarrar no tecido grosso de sua capa.