A (minha) vida como ela é [1]
NO ELEVADOR
Elevador é um meio de transporte público. A gente se prende num minúsculo cubículo, compartilhando com desconhecidos até o ar. Se espreme para não ficar encostando nas pessoas. Todos ficam sabendo o nosso andar destino. E outras coisas mais.
Muitas vezes, a gente pega só um trecho da conversa:
- Você não acredita quem eu encontrei ontem...
- Aconteceu uma tragédia, sabe aquele...
E aí nosso andar chega. Dá até vontade de apertar o botão para segurar o elevador e perguntar “e aí? Conta o resto!” Mas a (boa) educação impede esse comportamento.
Não desse jeito, mas tem muita gente que participa da conversa, engata no comentário, participa do diálogo, opina, sugere, conta também sua experiência, faz amizade no trajeto.
Hoje ouvi um diálogo quase completo. A menina:
- Oi, amor! Acabei de chegar.
Ela ouve o celular e continua:
- Ainda não sei a vaga, espera só um minutinho.
Ouve mais:
- Espera um pouquinho, meu bem, é rapidinho. Beijos!
E assim que desliga:
- Tomar no cu! Por que é que não pode esperar um segundo. Ah, vá a merda...
Parece do Nelson Rodrigues, só que não. Mesmo assim, é a vida como ela é.