Apenas Uma Garota - Capítulo 1
Jéssica era uma adolescente de dezessete anos que cursava o último ano do ensino médio e se preparava para prestar vestibular para o tão sonhado curso de medicina veterinária. Quando tudo parece estar nos eixos, o trem da vida sempre pode sair dos trilhos.
- Então você está grávida Jéssica? – perguntou Ancelmo entrando na sala.
- Grávida? Que isso pai. De onde você tirou isso? – Jéssica se assustou deixando a revista que lia cair no chão.
- Eu já sei de tudo. Eu só fico me perguntando como você ia esconder isso de mim. Até quando ia esconder isso de mim.
- Pai realmente eu não sei o que você está falando – insistiu Jéssica.
- Não minta mais. Sua amiga já me contou tudo. Eu sendo enganado dentro da minha própria casa. Se não fosse a Renatinha já mais eu iria saber disso.
- Não. Isso é mentira.
- Ah, mas se for mentira é fácil de provar. Vamos ao médico.
- Não.
- Não fala mais nada Jéssica.
- Calma Ancelmo – pediu Elena.
Elena a mãe de Jéssica, era sempre mediadora de conflitos. E dessa vez não poderia ser diferente.
- Você acabou com a sua vida Jéssica. Eu me matando de trabalhar naquela maldita oficina pra tentar te proporcionar um mínimo de conforto, um estudo que eu não tive e o que você faz? Meu deus, grávida. E pensar que pra mim você sempre foi uma menina, aquela mesma menina que eu segurei nos meus braços quando você nasceu – continuou Ancelmo.
Ancelmo caminhava de um lado para o outro na sala.
- Pai foi um erro – Jéssica tentava se justificar.
- Um erro? Se fosse em outros tempos tudo bem, mas hoje, com tanta informação, com tanta instrução você me fazer um negócio desses é brincadeira. É demais pra mim.
O clima estava tenso na casa.
Ancelmo continuou:
- Eu tenho pena dessa criança que vai nascer. Fruto de dois adolescentes inconseqüentes que não tem um mínimo de juízo na cabeça. Mas enfim, não há mais nada a ser feito. Você vai subir agora e arrumar as suas coisas. Aqui nessa casa você não fica mais.
- Ancelmo o que é isso? Tudo bem que a Jéssica errou, mas colocar ela pra fora de casa já é demais. Ela não tem pra onde ir – Elena retrucou.
- Ela devia ter pensado nisso antes Elena. Vai pra casa do namorado dela, pra debaixo da ponte, ou qualquer outro lugar que meus olhos não a alcancem.
- Se algum dia eu pudesse imaginar que você se tornaria esse monstro, jamais me casaria com você.
- Nunca é tarde pra pedir o divórcio Elena. Se é isso que te prende a mim.
Em seu quarto, Jéssica arrumava suas coisas, como seu pai havia ordenado. Ela não sabia o que seria dali em diante. Ninguém sabia. Ninguém poderia saber.
Continua...