EMILY

Em um bairro da periferia de Londres. Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2014.

Pontualmente às três horas da tarde, depois de passar o caixa para a substituta, Emily pegou o casaco, a bolsa, despediu-se dos colegas da padaria onde trabalha e discretamente nos seus passos curtos de uma garota de vinte anos, os cabelos escor-ridos sobre os ombros, inicia tranquilamente o caminho de volta a casa onde mora com os pais e o irmão, algumas quadras depois. Absorta nos seus pensamentos, uma voz suave a chama pelo nome. Um senhor de meia idade, impecável num terno branco, gentilmente lhe estende a mão.

-- Tudo bem?... Emily?...

-- Tudo bem... O senhor me conhece?...

-- Mais do que imagina... Emily... Vamos conversar sobre a sua missão?...

-- Que missão?... Senhor?...

-- Amanhã... No seu trabalho... Você descobrirá... Estarei lá...

À noite, Emily resolveu não participar do costumeiro bate-papo com os ami-gos, na sorveteria da esquina. Deixou-se ficar ensimesmada até conciliar o sono.

No dia seguinte, às sete horas da manhã, ela já estava diligentemente atendendo clientes, passando o troco, distribuindo sorrisos e agradecimentos, até que, de repente, aparece um jovem que nervosamente lhe aponta uma arma, anuncia um assalto, Emily sorri.

-- Isto é uma brincadeira?... Amigo?... Vai querer atirar em mim com este revol-ver de brinquedo?... Vai?...

-- Estou perdendo a paciência!... Moça!...

-- Olhe... Você tem cara de que usa drogas...

-- Isto não é da sua conta!... Passe o dinheiro!.

-- Responda... Quer se livrar deste vicio?... Quer?...

O rapaz solta um suspiro de desânimo.

-- Bem que eu tento... Moça... Bem que eu tento... Mas... Não consigo.

-- Tenha fé que você se libertará.

Voltou-se para o grupo que assistia a cena.

-- Alguém aí... Conhece alguém que ofereça um trabalho a este jovem?...

Uma senhora se aproxima, entrega um cartão.

-- Tome... Menino... Vou lhe dar uma oportunidade... Só uma... Amanhã cedinho me procure neste endereço.

Acalmados os ânimos, o homem de branco se achegou sorrindo.

-- Entendeu?... Emily?...

-- Entendi... Senhor... Senhor...

-- Abiel... Emily... Você está disposta a ser um dos iluminados, escolhidos para a missão de pacificar os conflitos humanos?...

-- Estou... Sim... Mas... Em quantos anos deverei cumprir esta missão?... Se-nhor?...

-- Ora... Emily... Que são alguns anos?... Diante da eternidade?...

Extrato do Romance

Dr. Pierre Beaumont