JUAN E ALÍCIA
Domingo, 10 de fevereiro de 2015
Noite de carnaval em Barranquilla, Juan e Alicia, dois jovens barranquilleros, desfilam alegremente em uma das “agrupaciones folclóricas”, aos sons estridentes das rumbas e cumbias. Ele com vinte e quatro anos, todo produzido dentro de uma fantasia espalhafatosa verde e amarela, o rosto pintado de branco, fita vermelha no chapéu. Ela com vinte e um anos, mais discreta num vestido preto esvoaçante, os ombros desnudos, um laço também de fita vermelha prendendo os cabelos. Os dois ligados desde o tempo de crianças, pelos sentimentos de amor e cumplicidade muito além da compreensão das suas famílias.
Pouco depois da meia noite, os jovens felizes e cansados, resolvem retornar à rua onde moram no bairro Abaixo.
Abraçados, entram num beco pouco iluminado e de repente dois indivíduos mascarados lhes tomam à frente anunciando, aos gritos, um assalto.
Juan esboça uma inútil reação.
Um dos assaltantes tenta ferir a jovem com um canivete no exato momento que Abiel se materializa na frente do agressor como se tivesse vindo do nada, faz um gesto na direção dos delinquentes que caem por terra, desfalecidos.
Sorrindo, troca apertos de mão com Juan e Alícia que agradecem comovidos.
-- Meus queridos sabem quem eu sou?...
Alícia com a sua inocência e total falta de malícia suspirou.
-- Claro que sabemos... Senhor Abiel... Não é... Juanito?...
-- É... Sim... Alicinha... O anjo que nos visita em sonhos... E que nos salvou a vida.
-- Esta é a minha missão... Meus queridos... A de vocês... Os mensageiros que semearão as sementes da paz neste mundo... É recuperar essas crianças que estão enveredando pelo caminho do crime... Estão preparados?...
Entusiasmados os jovens responderam que sim.
Abiel apontou para os dois ladrões já sem as máscaras.
-- Olhem... Nossos amiguinhos estão acordando... Eles são apenas dois adolescentes... Precisam do conforto, da compreensão e do incentivo de uma palavra amiga... Não tenham medo... Meus filhos... Vão ajudá-los...
O anjo desaparece, o casal se aproxima cautelosamente dos dois garotos, que despertam ainda atordoados, sem entenderem o que está acontecendo, pedem desculpas e prometem se regenerar.
Alícia sorri com complacência.
-- Então... Eles podem ir em paz... Não é?... Juanito?...
-- É... Sim... Alicita... E que Deus os acompanhe.
Deu um beijinho na namorada, Alicia se acalmou.
-- Bem... Filhinho... Agora me deixe em casa... Quero contar tudo o que aconteceu para meus pais.
Extrato do romance
Dr. Pierre Beaumont.