LÁQUESIS


PRÓLOGO


 
     Elisa caminhou devagar até a janela de seu quarto, fixando seu olhar na trilha ladeada de pequenas flores que levava diretamente ao portão de entrada. Mas era inútil esperar que Lucas retornasse. Olhou a aliança delicada que segurava em suas mãos, enquanto uma lágrima descia por sua face. Ela não tentou conter a dor. Já havia se acostumado com aquela sensação de vazio. Novas lágrimas brotaram em seus olhos ao pensar no significado daquele pequeno objeto dourado que um dia lhe trouxera tanta felicidade. Fazia-a recordar de um tempo, no qual ela se sentira amada e valorizada pelo ser que lhe jurara amor eterno; protegida pela promessa de que ele jamais a abandonaria ou a faria sofrer.
     No entanto, ali estava ela. O metal continuava intacto, mas seu coração estava partido em milhares de pedaços, impossíveis de restaurar. Numa tarde linda de verão, Lucas a deixara, alegando razões absurdas, sem sequer dar-lhe tempo para entender o que estava acontecendo ou talvez falar a sua versão da história. A princípio, ela esperou pacientemente seu retorno. Conhecia Lucas e tinha certeza de que ele a amava. Contudo, os dias foram passando e por mais que ela esperasse vê-lo abrindo o portão, dizendo que cometera um grande erro, isso nunca aconteceu. Três meses haviam se passado sem que dele tivesse notícias. Ela o havia procurado por muitos lugares, sem sucesso, até que se convenceu de que ele realmente havia partido. Os últimos resquícios de esperança esvaiam-se nesse momento com suas lágrimas.
Ela não suportava mais ficar naquela casa. Tudo naquele lugar o lembrava. Até mesmo as coisas mais insignificantes guardavam memórias de seu sorriso, de seu olhar tão cheio de ternura, do calor dos seus braços nos dias frios. Sem ele não tinha sentido continuar ali. Seria sofrer eternamente, sorvendo a dor gota a gota. Ela não pensava em recomeçar. Só pensava em sobreviver. Quem sabe com o passar dos anos conseguisse retomar sua vida, depois que as feridas cicatrizassem.
     Estendeu a mão através da janela, enquanto sentia a brisa suave acariciando sua pele. Fechou os olhos, decidida, enquanto seus dedos soltavam a aliança que rolou no vazio, se perdendo em meio às azaleias do jardim. Reunindo a coragem necessária e o que restava das suas forças, juntou suas roupas e colocou-as em uma mala, fechou o zíper e lentamente desceu a escada. Sem olhar para trás, passou pela porta e a trancou. Quando tivesse forças retornaria para vender a casa, se possível, com todos os móveis. Não queria guardar nada que lembrasse seu passado. Se Lucas, que era a parte mais importante, não mais existia, o resto não tinha significado. Se ele dera as costas a tudo aquilo que ambos haviam sonhado, ela também o imitaria.
“Adeus, Lucas!” -pensou Elisa, enquanto deixava todos os seus sonhos para trás.


(OBSERVAÇÃO:Leia o restante do livro na seção e-book.)
Fran Macedo
Enviado por Fran Macedo em 01/06/2016
Reeditado em 20/06/2016
Código do texto: T5654143
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